A novela brasileira tem um papel fundamental na divulgação de causas e alertas sobre doenças, crimes e direitos do povo. Isso mostra a força que esse produto tem na vida dos espectadores.
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Outro ponto importante é a denúncia. Muitas vezes, a ficção se inspira na vida real para mostrar a luta por uma causa. Isso ocorreu com O Sexo dos Anjos (1989) e o personagem de Mário Gomes (foto acima), Renato.
A trama de Ivani Ribeiro estreou recentemente no canal Viva, ganhando sua primeira reprise desde que foi exibida originalmente.
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O símbolo da resistência
Nos anos 1980, o ecologista Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes (foto acima), conquistava o Brasil e o mundo por conta de sua defesa em prol do meio ambiente.
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Além disso, ele organizou a luta dos seringueiros do Acre e criou a primeira reserva extrativista do Brasil: 40 mil hectares de exploração conservacionista, em São Luiz do Remanso (AC).
Chico se tornou presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, ganhou espaço na política e na mídia. Em 1987, ele foi condecorado pela ONU por seu trabalho em favor da natureza. Essa luta não gerou apenas admiração; também criou ódio de poderosos.
Após inúmeras ameaças, no dia 22 de dezembro de 1988, quando ele se preparava para tomar banho, foi assassinado com tiros de escopeta no peito. Chico foi morto por Darci Alves, a mando do próprio pai, Darlan Alves, grileiro da região onde morava o ecologista.
Ativista em fuga
A morte de Chico causou grande comoção no Brasil e no mundo, que exigiu justiça e a condenação dos assassinos. A novela O Sexo dos Anjos, de Ivani Ribeiro, retratou a tragédia do ecologista e a importância da luta pelo meio ambiente.
Na narrativa, Renato (Mário Gomes) é um ambientalista que bate de frente com os latifundiários da Amazônia. Ameaçado de morte, ele foge para o Rio de Janeiro e finge ser o Padre Aurélio. Quando ele conhece o Anjo da Morte (Bia Seidl, foto abaixo), acaba se apaixonando.
Na reta final da novela, ele consegue deixar de lado o personagem que criou para fugir das ameaças e retorna à antiga casa, que fica no meio da selva amazônica.
A arte imita a vida
Vivendo tranquilamente em meio à natureza, pescando e descansando em sua rede, Renato se alegrava por estar de volta à terra que tanto ama e defende. Porém, em um momento de distração, ele é atingido por uma rajada de tiros vindo de uma metralhadora.
Renato está morto e o Anjo da Morte aparece no meio da mata e observa o corpo de seu amado. Ela estende a mão para a alma de Renato, que a abraça e lhe dá um beijo. Os dois caminham até desaparecem em meios às árvores da floresta amazônica.
A intenção de Ivani Ribeiro era expor a defesa da natureza e a ameaça que ecologistas sofrem constantemente de grileiros, fazendeiros e latifundiários que só pensam em lucrar, sem ter cuidado algum com o meio ambiente.
Um herói
Darly, Darci e Alvarino Alves da Silva, irmão do fazendeiro, foram condenados a 19 anos de prisão, um fato inédito nos crimes rurais do Brasil.
O legado de Chico Mendes segue firme em projetos, ONGs, prêmios, filmes e especiais. O nome do ecologista está gravado no livro de aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.
Em 2007, o ativista foi representado por Cássio Gabus Mendes na minissérie Amazônia – De Galvez a Chico Mendes (foto acima).