Champagne (1983) ficou marcada como a estreia do autor Cassiano Gabus Mendes, tradicional criador de enredos para a faixa das sete, no horário mais nobre da Globo. Além disso, a trama também é lembrada por sofrer uma derrota histórica da TV Manchete, que transmitiu o Carnaval carioca e alcançou o primeiro lugar de audiência.
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Assim como outras novelas da Globo, pouca coisa restou de Champagne nos arquivos da emissora, o que inviabilizaria um resgate no Globoplay ou uma reprise no Viva. No entanto, há uma esperança para o fã de teledramaturgia que deseja rever o folhetim protagonizado por Tony Ramos.
Quem matou?
A trama de Champagne girava em torno da morte da copeira Zaíra (Suzane Carvalho) durante uma festa da alta sociedade nos anos 1970. O garçom Gastão (Sebastião Vasconcelos) é acusado pelo crime, mas, 13 anos depois, ele tenta provar sua inocência com a ajuda do filho Nil (Tony Ramos).
Com o caso reaberto, os amigos Zé Brandão (Jorge Dória), Ralf (Claudio Correia e Castro), Jurandir (Mauro Mendonça), Ronaldo (Carlos Augusto Strazzer), Renan (Nuno Leal Maia) e Lúcio (Cecil Thiré) se tornam os principais suspeitos do crime. Para ajudá-lo a descobrir a verdade, Nil contrata o advogado João Maria (Antônio Fagundes), que forma uma dupla de ladrões de joias com a parceira Antônia Regina (Irene Ravache).
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Na época, a Globo promovia Cassiano Gabus Mendes para a faixa das oito para substituir Janete Clair, que, doente, passou a ocupar a faixa das dez com Eu Prometo. No entanto, a trama teve uma recepção morna, ficando aquém dos trabalhos que o autor havia emplacado na faixa das sete.
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Derrota para o Carnaval
Coube à Champagne também ficar marcada como a novela das oito da Globo que perdeu a liderança na audiência para a concorrente. Isso aconteceu durante o Carnaval de 1984, quando a emissora líder não transmitiu os tradicionais desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, que passou às mãos da TV Manchete.
Na época, a emissora de Adolpho Bloch completava um ano de vida e alcançou uma histórica liderança ao transmitir o Carnaval carioca. A Globo, que exibia sua programação normal, acabou amargando um ingrato segundo lugar.
No domingo de Carnaval, o Fantástico perdia a liderança pela primeira vez. Já na segunda e terça-feira seguinte, foi a trama de Cassiano Gabus Mendes quem amargou a segunda colocação. Os desfiles de Carnaval garantiram à Manchete uma audiência de 70%. Foi um trauma tão grande que a Globo nunca mais deixou de exibir os desfiles.
Trama perdida
Quarenta anos depois, pouca coisa restou de Champagne nos arquivos da Globo. Com isso, não havia qualquer esperança de que a novela pudesse integrar o Projeto Resgate, do Globoplay, ou até mesmo ganhar uma reprise no Viva.
No entanto, Erick Brêtas, Diretor de Produtos Digitais e Canais Pagos da Globo, acendeu uma ponta de esperança nos fãs saudosos. Ao responder um internauta no Twitter que lamentava o fato de Champagne ter sido perdida, o diretor trouxe novidades:
“Champagne teve a versão internacional preservada. Vamos ainda entender em que estado ela se encontra”, explicou.
Ou seja, apesar de não contar com os capítulos originais preservados, a Globo dispõe da versão editada da novela, que foi oferecida ao mercado internacional. Assim, se esta versão estiver em boas condições, é bem possível que ela seja disponibilizada no Globoplay.
Não seria a primeira vez que isso aconteceria. Terra Nostra (1999), por exemplo, teve sua versão internacional reprisada no Viva e disponibilizada no Globoplay. A decisão, no entanto, não teve a ver com a falta de preservação da versão original, e sim questões envolvendo direitos autorais da trilha sonora do folhetim.
Mais sorte
Ao longo dos anos, a Globo perdeu muito de seu acervo. São vários os motivos: má preservação, incêndios que a emissora sofreu nos anos 1970, ou até mesmo o reaproveitamento de fitas explicam a falta deste material.
Neste contexto, Champagne ainda teve “sorte” ao ter sua versão internacional preservada. Afinal, há outras novelas dos anos 1980 que a Globo já não dispõe mais dos capítulos na íntegra.
É o caso, por exemplo, de Sol de Verão (1982), trama de Manoel Carlos que ficou marcada pela morte de seu protagonista, o ator Jardel Filho. De acordo com nosso colunista Duh Secco, a Globo tem apenas oito dos 137 capítulos da produção preservados.