Novela que terminou de forma trágica estreava há 44 anos na Globo

Lídia Brondi em Os Gigantes

Lídia Brondi em Os Gigantes (Reprodução / Web)

Muita gente comenta que o brasileiro gosta de ver novela para esquecer da realidade, dos problemas do dia a dia e sonhar junto com os protagonistas. Agora, imagine uma produção que trata de temas como doença, eutanásia, aborto, brigas familiares, processos judiciais e, no final, para completar, a protagonista se suicida. Não tem como dar certo.

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Lídia Brondi em Os Gigantes (Reprodução / Web)

Assim foi Os Gigantes, depressiva trama de Lauro César Muniz exibida pela Globo entre 20 de agosto de 1979 e 2 de fevereiro de 1980, em 147 capítulos. Portanto, a novela, que tinha no elenco jovens valores como Lídia Brondi, terminava há exatamente 43 anos.

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A narrativa contava a trajetória da jornalista Paloma Gurgel (Dina Sfat), que voltava ao Brasil depois de um longo período como correspondente internacional, se fixando na pequena cidade de Pilar, onde é herdeira da Fazenda Fênix.

Ela volta para tratar de problemas familiares e acaba desligando os aparelhos de Fred, seu irmão, que vive em coma profundo após uma cirurgia no cérebro.

Acusada de eutanásia, em caso que tem repercussão nacional, Paloma ainda tem tempo para viver um triângulo amoroso com o fazendeiro Fernando Lucas e o médico Chico Rubião. Nada muito empolgante, concorda?

Elenco de peso

Elenco de Os Gigantes

No elenco do dramalhão, nomes de peso como a própria Dina Sfat, Francisco Cuoco (Chico Rubião), Tarcísio Meira (Fernando Lucas) – que não atuavam juntos em uma obra desde O Semideus (1973) -, Susana Vieira, Joana Fomm, Vera Fischer, Mário Lago, entre outros.

O próprio autor, no livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes, falou sobre os problemas da novela e o descontentamento de Dina com a trama e sua personagem.

“Era uma novela mórbida, pesada, infeliz. Dina Sfat rompeu comigo. Ela chegava no estúdio, pegava o script, jogava no chão e sapateava em cima: ‘Não vou fazer essa droga de jeito nenhum’, ela gritava”, contou.

Para ajudar, a emissora não percebeu as críticas às multinacionais na sinopse e recebeu muita pressão por parte de importantes patrocinadores, como a Nestlé – na história, uma poderosa indústria de laticínios se instalava em Pilar e se chamava Eltsen (leia ao contrário e perceba o truque).

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Demissão

Lauro César Muniza (Reprodução / Web)

Com o fracasso da novela, que só não afundou ainda mais o Ibope da Globo porque as concorrentes não tinham grandes produtos em sua grade – a Tupi, por exemplo, estava às vésperas de seu fechamento –, Lauro César Muniz foi demitido da emissora.

“Acho que Os Gigantes vai conseguir menos audiência que as outras novelas. Ela vai encontrar muita resistência por parte do público, não só por abordar temas como a eutanásia, mas por causa da personalidade de Paloma. Mas estamos cientes por que ela coloca em xeque e vai discutir os valores morais mais conservadores”, declarou o autor ao jornal O Globo, em agosto de 1979.

De acordo com o próprio autor, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, lendário diretor global, fez de tudo para segurá-lo no canal, mas não teve jeito. Ele foi para a Bandeirantes, onde escreveu Rosa Baiana, voltando para a Globo em 1983.

O último capítulo seria escrito por Benedito Ruy Barbosa, que se negou e também deixou a emissora. Dessa forma, Walter George Durst acabou sendo o redator do desfecho da trama, que culminou com Paloma tirando sua própria vida.

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