Após o estrondoso sucesso de Vale Tudo (1988), Gilberto Braga patinou com suas duas tramas seguintes. Além de O Dono do Mundo (1991), outra problemática novela do autor foi Pátria Minha, exibida entre 18 de julho de 1994 e 10 de março de 1995.
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Foi mais um caso em que problemas de bastidores chamaram mais atenção do que a história em si.
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Alice (Cláudia Abreu), cidadã honesta tal e qual a mãe, Natália (Renata Sorrah), testemunha o atropelamento de um ciclista, causado pela má conduta ao volante do empresário Raul Pellegrini (Tarcísio Meira).
Os dois passam a se digladiar (desconhecendo a condição de avô e neta), estando ela a favor dos oprimidos e ele, dos escusos interesses da classe alta.
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Ainda, os dilemas de Pedro (José Mayer), que abandona a confortável estadia no exterior por amor à sua pátria. Aqui, perde a mulher e reencontra uma paixão do passado, Lídia Laport (Vera Fischer) – a arrivista que separa Raul de Tereza (Eva Wilma), casando-se com o empresário. E que se opõe ao relacionamento de seu filho, Rodrigo (Fábio Assunção), com a idealista Alice.
Brigas nos bastidores
Além de não empolgar o público, a novela pegou fogo nos bastidores com as intensas confusões de Vera Fischer e Felipe Camargo, que ainda eram casados.
Numa gravação, ela apareceu com o antebraço esquerdo quebrado. A atriz foi afastada e muitas alterações tiveram que ser feitas nos capítulos.
Ela ainda voltou à trama, mas por pouco tempo. As brigas e os constantes atrasos foram a gota d’água para a Globo eliminar os personagens de Vera e Felipe, que morreram em um incêndio em um hotel – ambos também foram afastados das futuras produções da casa por um bom tempo. Logo em seguida, o casal se separou e iniciou uma batalha judicial pela guarda do filho.
“Lamento muito tudo isso estar acontecendo. Artisticamente, o resultado da dupla era bom. Eu gostaria de ficar com os dois até o fim de Pátria Minha. Mas foi uma decisão da alta direção da Rede Globo por problemas de produção escapam da minha alçada. Vai ficar mais difícil sem eles, principalmente porque a Lídia era uma personagem muito forte”, declarou Gilberto Braga ao jornal O Globo em 13 de janeiro de 1995.
Racismo
Outro sério problema que a novela enfrentou foi o racismo. Em uma cena intensa, o personagem de Tarcísio Meira humilhou o jardineiro Kennedy, vivido por Alexandre Moreno.
“Embora a intenção de Gilberto Braga fosse denunciar o racismo, iniciou-se uma grande polêmica entre a Globo e o Movimento Negro”, explicou nosso colunista Nilson Xavier em seu site Teledramaturgia.
O movimento SOS Racismo, de São Paulo, entrou na Justiça contra a emissora, alegrando que a cena feria a autoestima da comunidade negra.
No dia seguinte, Sérgio Marques, um dos autores da trama, disse que a atitude era um atentado explícito à liberdade de expressão. Depois, mais três entidades ameaçaram processar a emissora.
“A polêmica foi encerrada quando a Globo e os autores prometeram exibir uma cena como forma de compensação: aconselhando Kennedy, a personagem negra Zilá (Chica Xavier) condenava o racismo”, informou o especialista.
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Opinião do autor
“Pátria Minha foi uma novela bem problemática. Só foi boa até, aproximadamente, o capítulo 80. Depois houve problemas demais. Terminar aquilo foi uma penitência”, descreveu Gilberto Braga ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
Com seus 203 capítulos, Pátria Minha acabou não deixando saudades, cedeu sua faixa para o fenômeno A Próxima Vítima e nunca foi reprisada.