“No meu coração deserto, você fez uma cidade / Veloz no amor, esperto, total na cumplicidade / Quando o raio do amor nos feriu / A felicidade então nos sorriu…”.

A novela Felicidade, que terminava há exatamente 30 anos, em 29 de maio de 1992, foi um sucesso originalmente exibido, no horário das seis, entre 7 de outubro de 1991 e 30 de maio de 1992. A trama foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, em 1998, e no canal Viva, entre 2012 e 2013. Boa novela de Manoel Carlos, uma produção simples, mas honesta, e com o texto sensível do autor.

Felicidade

Com direção geral de Denise Saraceni, estrelada por Maitê Proença e Tony Ramos, foi a novela de estreia de Vivianne Pasmanter, já em uma personagem de destaque: a antagonista Débora. No elenco, também Herson Capri, Marcos Winter, Laura Cardoso, Umberto Magnani, Ariclê Perez, Othon Bastos, Ester Góes, Monique Cury, Milton Gonçalves e outros. E, claro, as presenças fofas das então crianças Tatyane Goulart (com 8 anos na época) e Eduardo Caldas (com 7 anos).

A criação da novela

O ano era 1991 e Manoel Carlos retornava à Globo após um hiato de oito anos – o último trabalho havia sido a novela Sol de Verão, em 1983. A Globo pediu a Maneco que ele escrevesse Por Amor para o horário das seis, cuja sinopse o autor entregara anos antes. Porém, ele alegou que essa novela só poderia ser feita para o horário das oito. Apresentou então a sinopse de Felicidade, que acabou aceita. Por Amor foi finalmente produzida em 1997.

Felicidade era inspirada no universo dos personagens do escritor Aníbal Machado (1894-1964), de contos como “Tati, a Garota”, “A Morte da Porta-Estandarte”, “O Iniciado do Vento”, “O Piano” e “O Telegrama de Ataxerxes”.

De “A Morte da Porta-Estandarte”, o autor retirou a trama em que a personagem Tuquinha (Maria Ceiça), uma porta-bandeira, era assassinada a facadas pelo ex-namorado, Tide (Maurício Gonçalves), durante um ensaio na quadra da escola de samba carioca Estácio. Em 2001, a mesma história foi apresentada no episódio “História de Carnaval” da série Brava Gente, com Juliana Paes e Norton Nascimento como os protagonistas.

Muitos destaques no elenco, bons personagens, bem interpretados, como a protagonista Helena, de Maitê Proença (a primeira Helena após o retorno do autor à Globo), o casal Ataxerxes e Ametista (pais de Helena), vivido por Umberto Magnani e Ariclê Perez, e o Chico Treva, de Edney Giovenazzi.

E o desenvolvimento de histórias emocionantes e sensíveis, como a trama de João do Piano (Sebastião Vasconcelos), inspirada no conto “O Piano” – a cena da morte do personagem, com o piano no mar, é uma das mais marcantes da novela.

Mais curiosidades

– A cidade de Rochedo, no interior de Minas Gerais, foi a locação ideal para a fictícia Vila Feliz, onde se inicia a história. Em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro – período pré-Projac – foi construída a cidade cenográfica que recriava uma vila de casas semelhante às do bairro do Engenho Novo, outro cenário da trama.

– Totalizando 203 capítulos, Felicidade padeceu com esticamentos em razão da indefinição da novela substituta no horário das seis: a princípio o remake de Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro, depois finalmente decidida por Despedida de Solteiro, de Walther Negrão.

– Diferente do padrão de exibição das novelas de então, o penúltimo capítulo de Felicidade foi reprisado na sexta-feira (29/05/1992), o último capítulo foi exibido no sábado (30/05) e reprisado na segunda-feira (01/06), antes da estreia da atração substituta, Despedida de Solteiro.

– Apesar de creditados no material de divulgação da novela – inclusive na relação de elenco das capas das trilhas sonoras -, os atores Stepan Nercessian, Jandira Martini e Miguel Magno nunca apareceram em Felicidade, nem sequer como participações especiais. Nercessian era, inclusive, creditado na abertura.

– Felicidade foi uma das novelas mais picotadas no Vale a Pena Ver de Novo: a reprise teve apenas 55 capítulos contra 203 da apresentação original.

– Felicidade foi também o primeiro trabalho na TV do ator Cláudio Gabriel e a primeira novela na Globo das atrizes Eliane Giardini e Ana Beatriz Nogueira.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor