NOVELAS
Novela que foi esquecida pela Globo deixou Igreja Católica de cabelo em pé
17/03/2025 às 7h28

Walcyr Carrasco escreveu diversos sucessos para a Globo, como O Cravo e a Rosa, Chocolate com Pimenta, Alma Gêmea, Amor à Vida, O Outro Lado do Paraíso e A Dona do Pedaço.
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Contudo, o autor nem sempre acerta em cheio. Recentemente, por exemplo, ele precisou fazer inúmeras alterações para conseguir aumentar a audiência de Terra e Paixão. Antes disso, ele havia recorrido ao mesmo expediente para “salvar” sua segunda novela na emissora.
A Padroeira (2001), que exibida entre junho de 2001 e fevereiro de 2002, foi concebida e implantada em tempo recorde. Mas ela não correspondeu às expectativas e precisou passar por uma ampla reformulação para emplacar.
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Além disso, a novela, que contava a história de como a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi encontrada, chegou a causar temor na Igreja Católica.
Correria

Carrasco estreou na Globo assinando o sucesso O Cravo e a Rosa (2000) com Mário Teixeira. O êxito foi tanto que o autor emendou o trabalho num novo projeto também encabeçado pelo diretor Walter Avancini. Assim nasceu A Padroeira, que substituiu Estrela-Guia (2001).
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A nova trama tinha como mote principal o encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida por pescadores no Rio Paraíba e os milagres atribuídos a ela.
Na época, o então reitor do Santuário de Aparecida, José Ulysses da Silva, declarou estar apreensivo com possíveis “distorções da história real e deformações religiosas”. Mas, com a novela no ar, este temor foi superado.
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“Estávamos ansiosos para ver como a Globo iria retratar a história, mas, até agora, a novela superou as nossas expectativas. Pelo menos no que diz respeito ao conteúdo teológico, a novela está muito bem”, afirmou Darci José Nicioli, então administrador da Basílica, à Folha de S. Paulo de 24 de junho de 2001.
Além da história da santa, A Padroeira também trazia elementos de As Minas de Prata, romance de José de Alencar que já havia virado novela na Excelsior em 1966.
Deborah Secco vivia a mocinha Cecília, cortejada pelo mocinho Valentim (Luigi Baricelli) e alvo do vilão Fernão (Maurício Mattar).
Mudanças

A Padroeira estreou derrubando a audiência da faixa das seis da Globo, que vinha em uma sucessão de êxitos.
Sem Avancini, Roberto Talma assumiu a direção e implantou várias mudanças na novela. A trama perdeu o ar soturno e aboliu as imagens escuras, ficando mais colorida.
Além disso, Walcyr Carrasco aboliu núcleos, sumiu com vários personagens e criou novos tipos. O autor também modificou perfis de personagens que já existiam, como Imaculada (Elizabeth Savalla), que passou de vilã amargurada a tipo cômico.
Entrou em cena um grupo de artistas mambembes, formado por Dorotéia (Susana Vieira) e Faustino (Rodrigo Faro), além do juiz Honorato (Taumaturgo Ferreira) e sua filha Zoé (Cecília Dassi).
Já Domingos (Carlos Gregório), Filipe (Isaac Bardavid) e Mariquinhas (Denise Milfont), entre outros, deixaram a produção.
Reprise fora da Globo

Mesmo com as mudanças, A Padroeira demorou a engrenar e só entrou nos trilhos na reta final, como aconteceu recentemente com Terra e Paixão.
Provavelmente, os fracos resultados inibiram a Globo de apostar numa reprise do folhetim.
A Padroeira, portanto, foi a única novela das seis da galeria de Walcyr Carrasco a não ganhar uma segunda chance no canal, enquanto títulos como O Cravo e a Rosa e Chocolate com Pimenta já ganharam repetecos em várias oportunidades. A trama também nunca foi revisitada no Viva.
Curiosamente, a novela ganhou uma reprise fora da Globo.
A Globo não cobrou pela cessão da trama à TV religiosa, que arcou apenas com os direitos de imagem do elenco e da trilha sonora.