Nos anos 1980, Gloria Perez apresentou à Globo a sinopse de Barriga de Aluguel. No entanto, a trama da novelista não foi bem recebida pela cúpula do canal e a autora foi taxada de “maluca”.
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Reprodução / GloboFoi só em 1990 que a novela foi aprovada e produzida, tornando-se um grande sucesso. Barriga de Aluguel, que teve a atriz Cláudia Abreu (na foto acima, em Desalma) em papel de destaque, é considerada um clássico da teledramaturgia brasileira e será resgatada pelo Globoplay no mês de maio.
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Projeto Resgate
Dando sequência ao Projeto Resgate, que relança uma novela dos arquivos da Globo a cada duas semanas, o Globoplay vai disponibilizar a trama de Gloria Perez na plataforma no dia 8 de maio.
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Exibida na faixa das seis entre agosto de 1990 e junho de 1991, Barriga de Aluguel somou incríveis 243 capítulos. A novela conta a história da luta entre Ana (Cassia Kis) e Clara (Claudia Abreu) pela guarda de uma criança que é filha biológica da primeira, mas foi gerada no ventre da segunda.
Na trama, Ana é casada com Zeca (Victor Fasano) e o casal sonha em ter um filho. Ela, então, recorre à fertilização e à barriga de aluguel de Clara, que aceita gerar a criança em troca de uma quantia em dinheiro. No entanto, durante a gestação, Clara começa a criar laços com a criança. Quando o bebê nasce, a jovem fica estéril, fazendo-a desejar o filho de Ana. A disputa entre as duas mulheres vai parar nos tribunais.
Maluca
Em Barriga de Aluguel, Gloria Perez começava a mostrar seu interesse em transformar temas ético-científicos em folhetins, expediente que repetiu depois em tramas como De Corpo e Alma (1992) e O Clone (2001). A autora demonstrou arrojo ao criar, nos anos 1980, uma novela baseada num procedimento científico ainda bastante obscuro na época.
Gloria teve a ideia da história de Barriga de Aluguel em 1985, após ler um artigo médico sobre a possibilidade de uma mulher gerar o filho de outra em seu útero. A autora se debruçou em pesquisas sobre o tema e descobriu que o procedimento já era realizado numa clínica de reprodução humana em São Paulo.
Interessada nos desdobramentos humanos, científicos, éticos e até judiciários da questão, ela criou a sinopse da novela e a entregou à direção da Globo. Seria a primeira novela solo da autora no canal, que havia escrito Eu Prometo (1983), com Janete Clair, e Partido Alto (1984), com Aguinaldo Silva.
“A história foi não só rejeitada, como também tachada de ‘maluca’. Desgostosa com a situação, a autora deixou sua ideia de lado e saiu da Globo”, relatou o pesquisador Nilson Xavier em seu site Teledramaturgia.
Volta por cima
Após deixar o canal, Gloria Perez assinou com a TV Manchete e escreveu a novela Carmem (1987). Em seguida, retornou à Globo, onde enfim encontrou ambiente favorável para desenvolver Barriga de Aluguel. Em 1989, a técnica de fertilização já estava mais avançada, viabilizando a trama.
Inicialmente, Barriga de Aluguel seria exibida na faixa das 20h, substituindo O Salvador da Pátria (1989). No entanto, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, promoveu uma mudança de planos e escalou Tieta, de Aguinaldo Silva, para o horário. Com isso, Barriga de Aluguel estreou um ano depois, na faixa das seis.
Foi um estouro! A novela teve uma média geral de 37 pontos no Ibope, índice excelente para o horário. Com o sucesso, ela chegou até a ser esticada. Os 189 capítulos previstos se tornaram 243.