O Canal Viva se prepara para resgatar mais uma novela dos anos 1980. A faixa das 14h30, que recebe títulos da década em questão, pode contar com uma trama controversa de Ivani Ribeiro. A obra, que contou com nomes como Bia Seidl (foto abaixo) e Felipe Camargo, ficou marcada por ser a última de um veterano ator da emissora.

A Globo, que responde pelo canal por assinatura, solicitou ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) a renovação do registro de O Sexo dos Anjos, exibida em 1989, às 18h.

Será que vem aí?

O Sexo dos Anjos - Isabela Garcia e Felipe Camargo

O Viva obteve resposta favorável no dia 13 de setembro do ano passado. Porém, ainda não tem previsão para a estreia do folhetim em sua grade, conforme ressaltou em nota enviada ao portal NaTelinha na época. Mas é quase certo que a exibição deverá vir em 2023.

O Sexo dos Anjos, contudo, é considerada uma das piores obras da autora. De certa forma, a transposição do enredo da década de 1920 para a de 1980 tirou muito da fantasia necessária para a história.

Ivani baseou-se em O Terceiro Pecado, novela que desenvolveu para a Excelsior em 1968. Em foco, a paixão do anjo Alexandre (Gianfrancesco Guarnieri), emissário da Morte (Nathalia Timberg), pela sua “vítima” Carolina (Regina Duarte).

A atualização de Ivani Ribeiro

O Sexo dos Anjos

No remake, Felipe Camargo, Bia Seidl e Isabela Garcia responderam pelos personagens de Gianfrancesco, Nathalia e Regina – rebatizados de Adriano, Diana e Isabela.

Por determinação de Diana, Adriano descia à Terra para buscar Isabela. Ao constatar o bom caráter da moça, ele propõe um acordo para o Anjo da Morte: a moça só partirá para “o outro lado da vida” caso cometa o terceiro pecado.

Ivani Ribeiro incrementou a narrativa com discussões sobre o meio-ambiente, através de Renato (Mário Gomes), que se disfarçava de padre para escapar de latifundiários. O tipo foi inspirado no seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988.

Bastidores

Lutero Luiz

O Sexo dos Anjos contou com bons investimentos, mas não funcionou como o esperado. Talvez pela circunstância em que entrou no ar, em meio à indecisão sobre a exibição às 19h e a implantação da trama deste horário, Top Model.

“Não correspondeu à sua expectativa. A começar pelo título”, declarou a autora, que detestou o resultado.

Contudo, mesmo esquecida pelo grande público, a produção tem um lugar cativo no coração dos saudosistas e promete agradar caso seja, de fato, resgatada – assim como Pão-Pão, Beijo-Beijo (1983), em exibição, e sua substituta Bambolê (1987).

Além da trama, e das ótimas trilhas sonoras, cabe acompanhar o primeiro trabalho de Humberto Martins e o último de Lutero Luiz – que deu vida ao jardineiro Bastião, que havia perdido suas economias e ficaria rico no fim da novela.

O ator, que faleceu no dia 20 de fevereiro de 1990, aos 59 anos de idade, vítima de um câncer no fígado, foi enterrado no cemitério São João Batista, na capital fluminense. Ainda assim, seu personagem não foi retirado da história, como é comum acontecer nesses casos.

Ivani Ribeiro justificou o “afastamento” do jardineiro dizendo que ele fez uma viagem de última hora após ganhar na loteria. Bastião continuou sendo citado por outros personagens, até mesmo como uma forma de homenagear o colega falecido.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor