Como uma novela da Globo mudou a vida de Chacrinha para sempre

24/06/2021 às 14h59

Por: Thell de Castro
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Mais uma dramalhão de Glória Magadan (1920-2001) nos primórdios da Globo, A Sombra de Rebecca é pouco lembrada na história da televisão. A novela, que terminava há 54 anos, em 23 de junho de 1967, contava com nomes como Yoná Magalhães (1935-2015), Carlos Alberto (1925-2007), Neuza Amaral (1930-2017) e Mário Lago (1911-2002) no elenco, muitos deles vivendo japoneses sem ter qualquer traço oriental.

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Só que essa trama ficou marcada por outro fato. Conhecido por seus inúmeros bordões, Abelardo Barbosa, o Chacrinha (1917-1988), já era um conhecido apresentador de auditório no Rio de Janeiro e trilhava seu caminho para ficar famoso em todo o Brasil.

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Comandante de dois programas na Globo, Discoteca do Chacrinha e Buzina do Chacrinha, respectivamente nas noites de quarta e domingo, o apresentador pediu, certo dia, para acompanhar as gravações de A Sombra de Rebecca.

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E aí, sem querer, nasceu um dos bordões mais conhecidos do Velho Guerreiro.

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Roda e avisa

Quem contou essa história foi Régis Cardoso (1934-2005), pioneiro da televisão brasileira e, naquela ocasião, diretor de imagens da novela, em seu livro “No princípio era o som”.

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“Quando anunciamos a produção dessa novela, tivemos um feliz aviso de que, por motivo de economia de luz, teríamos que gravar de madrugada”, explicou. “Quando uma noite iniciávamos a gravação por volta de 20 horas, recebi na sala de controle a visita de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que pediu licença porque queria assistir a gravação da novela por curiosidade”, continuou.

“Quando estava tudo pronto para gravar no estúdio, eu avisava a sala de videoteipe e, onde se encontrava o aparelho que gravava a novela, através de interfones, eu pedia para o operador que começasse a gravar. Eu sempre me atrapalhava porque, no nervosismo de iniciar logo a cena, eu não esperava os oito segundos necessários para que a máquina entrasse em sincronismo. Daquele dia em diante, por coincidência, eu disse ao operador através do intercomunicador: ‘Olha, faz o seguinte: roda e avisa’. O Chacrinha surpreso pediu que eu repetisse”, enfatizou.

“Ele, muito alegre, perguntou-me se podia usar essa expressão.Em seu programa seguinte, lá estava ele gritando: “roda e avisa”. E entrava o comercial”, concluiu.

Dessa forma, sem querer, nasceu o “roda e avisa” que Chacrinha usou para chamar o intervalo comercial até a sua morte, em 1988, quando comandava o Cassino da Chacrinha na mesma Globo.

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