Novela que estreava há 33 anos fez autora dar o troco na Globo

20/08/2023 às 10h28

Por: Thell de Castro
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Cássia Kis, Victor Fasano e Claudia Abreu em Barriga de Aluguel

Recentemente, Gloria Perez passou por turbulências com Travessia, novela das nove que foi substituída por Terra e Paixão na Globo. Antes disso, em 1987, a autora deixou a emissora após ficar irritada com a recusa de uma sinopse de novela que apresentou. No entanto, ela teve a chance de dar o troco no canal três anos depois, com final feliz para os dois lados.

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Cássia Kis, Victor Fasano e Claudia Abreu em Barriga de Aluguel

Cássia Kis, Victor Fasano e Claudia Abreu em Barriga de Aluguel (Divulgação / Globo)

Em 1985, a autora, que já havia escrito Eu Prometo e Partido Alto, leu um artigo médico sobre a possibilidade de uma mulher gerar o filho de outra em sua própria barriga, separando o útero do óvulo.

Quase ficção científica na época, o tema despertou a curiosidade de Gloria, que foi pesquisar sobre o assunto, pouco explorado pela imprensa. Ela descobriu que essa técnica estava sendo realizada em uma clínica de reprodução humana da capital paulista.

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Dessa forma, ela preparou uma sinopse de novela e apresentou à Globo. Assim, nascia Barriga de Aluguel, que estreava há exatamente 33 anos, em 20 de agosto de 1990. No entanto, no primeiro momento, deu tudo errado.

Trama rejeitada

Gloria Perez

Autora Gloria Perez (Divulgação)

Segundo Nilson Xavier, do Teledramaturgia, a história não foi apenas rejeitada, mas tachada de “maluca”.

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“Desgostosa com a situação, a autora deixou sua ideia de lado e saiu da Globo”, explicou o colunista em seu site.

Gloria foi para a Manchete, onde escreveu Carmem. De volta à Globo, ela enfim pode dar andamento em seu projeto.

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Parece pouco, mas em 1989 a situação da técnica já estava muito mais avançada e a emissora concordou em retomar o assunto, que, por pouco, não se transformou em uma nova Pantanal – sinopse recusada pela emissora que acabou sendo produzida por outro canal.

Tieta

Barriga de Aluguel seria exibida na faixa das oito, substituindo O Salvador da Pátria. Mas a ordem de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, foi para que Tieta ocupasse o espaço.

“Tinha tudo pronto. Elenco contratado e cidade cenográfica erguida. O planejamento era iniciar as gravações dentro de vinte dias, no máximo trinta”, revelou Reynaldo Boury, o diretor então escalado para este projeto, a Flávio Ricco e José Armando Vannucci no livro “Biografia da Televisão Brasileira”.

Dessa forma, a trama estreou somente em 20 de agosto de 1990, na faixa das seis, com Cláudia Abreu, Cássia Kiss e Victor Fasano encabeçando o elenco.

Um grande sucesso, que poderia ter sido até maior na principal faixa da emissora, como atestou o especialista Ismael Fernandes em seu livro Memória da Telenovela Brasileira: “tal tema, aliado à qualidade do texto, teria reunido o país às oito da noite ao redor de uma polêmica dramática e científica”.

Disputa

Barriga de Aluguel

Na história, depois do nascimento da criança, as mães Ana (Cássia Kiss), a biológica, e Clara (Cláudia Abreu), a de aluguel, disputaram a maternidade e a questão foi levada aos tribunais.

Para estabelecer a decisão final sobre quem tinha o direito de ficar com a criança, Gloria Perez recorreu à assessoria de três juízes e pediu-lhes que deixassem uma brecha nas sentenças para justificar, no roteiro, o encaminhamento do processo em três instâncias da Justiça.

Na primeira instância, Clara ganhou a guarda do bebê. No entanto, Ana recorreu e o Superior Tribunal de Justiça reconheceu que ela era a mãe biológica da criança. Marcou-se um terceiro julgamento, porém a novela terminou antes, deixando o telespectador sem a resposta.

Na cena final, as duas mães estavam de mãos dadas com o filho, decididas a encontrar uma solução para a situação, independentemente da decisão final da Justiça.

Depois de Barriga de Aluguel, Gloria Perez se firmou no primeiro time de autores da Globo, escrevendo tramas como De Corpo e Alma, Explode Coração, O Clone, América, Caminho das Índias, Salve Jorge e, mais recentemente, A Força do Querer.

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