Com vilãs marcantes, novela que estreava em 2005 bateu recordes no Ibope

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Escrita por Walcyr Carrasco, Alma Gêmea estreava há exatamente 16 anos, em 20 de junho de 2005, e foi uma das melhores novelas do autor e um dos maiores fenômenos de audiência do horário das seis.

A trama chegou a marcar impressionantes 52 pontos, índice inimaginável na época, e impossível de ser alcançado hoje em dia até mesmo em uma novela de horário nobre. A história de época que tinha a reencarnação como tema central conquistou o público e foi um grande sucesso.

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Logo no primeiro capítulo (exibido no dia 20 de junho de 2005), Luna (Liliana Castro), grande amor da vida do floricultor Rafael (Eduardo Moscovis) – que criou uma espécie de rosa branca especialmente para a amada -, leva um tiro durante um assalto (planejado pela invejosa Cristina para ficar com as joias da prima) e morre, para o desespero do florista e da mãe (Agnes – Elizabeth Savalla) da pianista.

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Mas o sentimento que unia o casal era tão intenso, que a mulher voltou na pele de uma índia (Serena – Priscila Fantin), para reencontrar o amor de sua vida.

Vinte anos se passam e aquela criança, que nasceu em uma aldeia indígena, vira uma bela mulher. Já Rafael segue amargurado com a vida e infeliz sem Luna – apesar de ser constantemente cortejado por Cristina (Flávia Alessandra) – e se fecha em seu mundo de sofrimento e solidão, mesmo tendo um filho (Felipe – Sidney Sampaio) com sua falecida mulher.

O mocinho só volta a ter brilho nos olhos quando encontra Serena, que chega a São Paulo em busca de explicações para as visões que tem de uma rosa branca.

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Melhores vilãs

A bela história conduziu a novela, que tinha uma das melhores duplas de vilãs da teledramaturgia: Cristina e Débora. Flávia Alessandra e Ana Lucia Torre brilharam absolutas interpretando mãe e filha diabólicas, que faziam de tudo para afastar Serena de Rafael e colocar o mocinho nos braços da prima de Luna, para ficar com a fortuna do floricultor. A dupla, provavelmente, em meio ao trágico período do politicamente correto que reina na televisão, não realizaria nem metade de suas maldades caso a novela fosse exibida atualmente. Foram muitas cenas fortes e todas brilhantemente interpretadas.

Pode-se dizer, sem exagero, que Cristina e Débora foram os melhores papéis de Flávia Alessandra e Ana Lucia Torre em suas respectivas carreiras. Mas além delas, muitos outros atores se destacaram. Aliás, o elenco era grandioso. Eduardo Moscovis, por exemplo, fez um grande protagonista e emocionou com seu Rafael.

Elizabeth Savalla, em mais uma parceria com Walcyr Carrasco, interpretou com maestria a elegante, cética e amargurada Agnes, que demorou meses para acreditar que Serena era a reencarnação de sua filha Luna. Walderez de Barros emocionou com sua Adelaide e fez um belo par com Umberto Magnani (Elias, seu amor do passado). Drica Moraes e Malvino Salvador fizeram um dos melhores casais da trama e divertiram interpretando os impulsivos Olívia, uma perua falida, e Vitório, um cozinheiro de pavio curto.

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Núcleo dos caipiras foi um show à parte

O núcleo cômico dos caipiras foi um show à parte. Fernanda Souza virou um dos grandes destaques com sua encalhada Mirna, enquanto que Emilio Orciollo Neto divertiu com seu ciumento Crispim, cujo bordão Ô MIIIIIIIIIIIRNAAAAAA! caiu na boca do povo. O veterano Emiliano Queiroz (Tio Bernardo) completava o trio e engrandecia a história. Outra peculiaridade desta trama era a atitude tomada por Crispim para defender sua irmã que vivia atrás de um marido: jogar todos os pretendentes em um chiqueiro. O número de vítimas enlameadas foi incalculável. Ainda tinha a pata Doralice, companheira da solteirona, honrando a ‘cota animal’ presente em toda novela do autor.

A Pensão da Divina (Neusa Maria Faro, em seu melhor papel da carreira) era mais uma qualidade da novela. Também responsável pela comicidade da história, a casa abrigava um bando de gente, onde um falava em cima do outro o tempo todo (muito antes da ótima Família Tufão, de Avenida Brasil), cujo principal ‘conflito’ era a tradicional guerra entre genro e sogra. Fúlvio Stefanini (Osvaldo), Nicette Bruno (Ofélia) e Neusa formaram uma trinca perfeita e o bordão de Divina foi outro sucesso da trama: Osvaaaaaldo, não fale assim com a mamãe!. Além deles, vale destacar também Fernanda Machado (Dalila, filha de Osvaldo e Divina, irmã de Vitório), Andrea Avancini (Terezinha), Lady Francisco (Generosa), Mariah da Penha (Clarice) e Ronnie Marruda (Abílio), que também faziam parte do núcleo.

A trama envolvendo Alexandra (Nivea Stelmann) também foi atrativa. A personagem era tratada como louca, mas na verdade via espíritos e não sabia lidar com isso. Rosane Gofman interpretava muito bem a enfermeira Nair, que cuidava da mulher, cujos surtos assustavam. Citando mais alguns atores e personagens que se destacaram, estão o marginal Guto (Alexandre Barillari), o mordomo Eurico (Ernesto Piccolo), a empregada Zulmira (Carla Daniel), o motorista Ciro (Michel Bercovitch), a sedutora Kátia (Rita Guedes), o Dr. Julian (Felipe Camargo), o sapeca Carlito (Renan Ribeiro), o menino de rua Terê (David Lucas) e a irmã de Rafael, Vera (Bia Seidl).

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Reta final foi marcante

A reta final da trama foi repleta de cenas marcantes, incluindo a morte de Débora, que se intoxicou com o próprio veneno, cujo objetivo era matar Rafael, antes de ter os copos trocados pelo mordomo. A morte de Cristina, sendo levada pelo diabo para dentro do espelho, enquanto a mansão pegava fogo, foi outro grande momento.

E, claro, o final do casal protagonista, que faleceu, indo curtir a paz e a felicidade em outro plano, longe de toda a cobiça que os cercava, fechou a história com chave de ouro, que, após uma passagem de tempo de 15 anos, reuniu os personagens que continuaram vivos para o lançamento de um livro (escrito por Terê) contando esta bela história de amor de um menino chamado Rafael com uma menina chamada Serena.

Com 227 capítulos (a trama foi esticada devido ao êxito na audiência), Alma Gêmea foi um imenso sucesso de Walcyr Carrasco – repetindo o êxito quando foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo – e até hoje é lembrada pelo público, que foi arrebatado por esta história de época que mesclou drama, comédia, reencarnação e espiritismo com muita competência.

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