Muito antes de Cheias de Charme (2012) elevar o moral das empregadas domésticas, a Globo já havia tentado emplacar um folhetim com a mesma temática. No entanto, o sucesso não veio e a trama acabou esquecida pela emissora.

Bruna Lombardi em Sem Lenço, Sem Documento
Bruna Lombardi em Sem Lenço, Sem Documento

Sem Lenço, Sem Documento (1977) girava em torno de quatro irmãs que trabalhavam como empregadas domésticas. Escrita por Mário Prata, a novela registrou baixos índices de audiência e até foi encurtada.

Mesmo assim, a Globo dará uma nova chance ao folhetim. A novela será relançada no Globoplay por meio do Projeto Fragmentos, que disponibiliza capítulos de novelas que não foram preservadas na íntegra nos arquivos da emissora.

Qual é a história de Sem Lenço, Sem Documento?

A história de Sem Lenço, Sem Documento começa quando Rosário (Ana Maria Braga, atriz homônima da apresentadora) deixa Olinda por conta de um boato lançado por seu namorado, Zé Luis (Ricardo Blat). A jovem, então, segue para o Rio de Janeiro, onde suas irmãs Cotinha (Ilva Niño), Graça (Isabel Ribeiro) e Dorzinha (Arlete Salles) trabalham como empregadas.

Na nova cidade, Rosário vai trabalhar como empregada doméstica na casa das irmãs Carla (Bruna Lombardi) e Berta (Ana Helena Berenger). Carla é manequim e escritora, uma mulher que logo se dá muito bem com a empregada e a ensina boas maneiras. Já Berta desaprova a atitude da irmã.

No decorrer da novela, Zé Luis vai ao Rio de Janeiro atrás de Rosário ao se arrepender de tê-la caluniado, tentando retomar o namoro. A trama também mostra o cotidiano de Cotinha, Graça e Dorzinha, mostrando seus sonhos, frustrações e suas relações com os patrões.

Fracasso

Sem Lenço, Sem Documento foi escrita por Mário Prata, que vinha do sucesso Estúpido Cupido (1976). Porém, desta vez, o autor não conseguiu repetir o êxito. A trama substituiu Locomotivas (1977), mas não segurou os números do horário e foi encurtada, chegando ao fim com 149 capítulos.

O folhetim marcou a estreia de Bruna Lombardi em novelas. Já Dennis Carvalho fez seu primeiro trabalho como diretor, como auxiliar do diretor geral Régis Cardoso. Enquanto isso, Jonas Bloch fazia sua primeira novela na Globo.

De acordo com o site Teledramaturgia, do pesquisador Nilson Xavier, Mário Prata chegou a promover uma passagem de tempo na tentativa de simplificar o enredo, considerado confuso em razão do excesso de tramas paralelas. No entanto, a manobra não refrescou a situação da novela.

“Um clima intelectual pairava no ar, mesclando-se com os problemas domésticos das protagonistas. Um contraste temático que desafiou o autor e aborreceu o público”, analisou Ismael Fernandes, em seu livro Memória da Telenovela Brasileira.

Projeto Fragmentos

Exibida de 13 de setembro de 1977 a 4 de março de 1978, Sem Lenço, Sem Documento nunca foi reprisada. No entanto, a novela ganha uma nova chance no Globoplay por meio do Projeto Fragmentos.

A novela não foi preservada na íntegra nos arquivos da Globo. Mas os seis capítulos que existem serão disponibilizados aos assinantes da plataforma de streaming da Globo.

Sem Lenço, Sem Documento entra no Globoplay em 16 de setembro.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor