Em 29 de agosto de 2016, há oito anos, chegava ao fim a novela Sol Nascente. A trama causou polêmica na época, já que era centrada em uma família japonesa, mas não trazia atores orientais em seu time de protagonistas.

Giovanna Antonelli em Sol Nascente
Giovanna Antonelli em Sol Nascente (Reprodução / Globo)

A mocinha Alice, por exemplo, era filha adotiva de um japonês e vivida por Giovanna Antonelli. A escalação deu o que falar, ainda mais depois que a atriz Danni Suzuki – essa sim, descendente de japoneses – revelou que, a princípio, a personagem seria dela.

Além de ter ficado marcada como o maior erro da carreira de Giovanna Antonelli, Sol Nascente também é lembrada pela trama fraca e pouco envolvente. Foi a despedida de Walther Negrão das novelas em um folhetim que pecou pela história sem atrativos.

Qual era a história de Sol Nascente?

Sol Nascente girava em torno da amizade entre uma família japonesa e outra italiana. Alice, filha adotiva de Tanaka (Luis Melo), sempre foi a melhor amiga de Mário (Bruno Gagliasso), neto do casal Gaetano (Francisco Cuoco) e Geppina (Aracy Balabanian), até que os dois se descobrem apaixonados.

O problema é que Alice se envolve com César (Rafael Cardoso), um homem de caráter duvidoso que enxerga na mocinha uma oportunidade para ascender. Ele é neto da terrível Dona Sinhá (Laura Cardoso), que o manipula em seus planos sórdidos.

A novela foi escrita por Walther Negrão, em parceria com Suzana Pires e Júlio Fischer. No decorrer da trama, o veterano se afastou por problemas de saúde, e Suzana e Júlio levaram a novela até o fim, sob sua supervisão. Apesar disso, Sol Nascente foi a típica novela praiana de Negrão, mas sem o mesmo carisma de produções como Tropicaliente (1994) e Flor do Caribe (2013).

Escalação polêmica

Sol Nascente deu o que falar por conta da escalação de Giovanna Antonelli e Luis Melo para encabeçarem a família oriental. Para justificar a escalação da dupla, foi explicado que Tanaka era filho de um japonês com uma americana, enquanto Alice era uma jovem ocidental adotada por ele.

Na época, especulou-se que o veterano Ken Kaneko teria sido cogitado para viver Tanaka, mas acabou sendo substituído por Melo. Carlos Takeshi, outro ator oriental veterano, reclamou publicamente da escolha da Globo.

“Adoro Luis Melo. Adoro Giovana Antonelli. Odeio discriminação. Odeio preconceito. Por que trocaram Ken Kaneko? Oriental não pode ser protagonista? Vivem me pedindo para forçar sotaque e quando o ator tem sotaque naturalmente é descartado para um papel de destaque? Vão ter que explicar muito bem. Eu não engulo a mestiçagem que criaram para o personagem”, desabafou.

Atriz substituída

Anos depois, a polêmica de Sol Nascente voltou à tona quando a atriz Danni Suzuki revelou, em uma live, que Walther Negrão teria escrito Alice para ela – e o próprio autor confirmou depois. No entanto, ela acabou substituída por Giovanna Antonelli, esposa de Leonardo Nogueira, o diretor da trama.

“Walther Negrão (autor) escreveu e construiu o papel em cima da minha vida real”, contou Danni na entrevista à atriz Bruna Aiiso, em 2020.

A atriz contou ainda que, ao perder o papel para Giovanna Antonelli, foi remanejada para viver Yumi, prima da protagonista. No entanto, ela também perdeu essa personagem.

“O diretor (Leonardo Nogueira) disse que eu estava velha para ser a prima da Giovanna. Aí ele falou que estava escrevendo (o que seria) o terceiro personagem pra mim, e aí eu falei: Quer saber? Deixa. Não quero fazer a novela, deixa para lá. Não tem espaço para mim nessa história”, revelou a atriz.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor