Novela de 33 anos atrás teve mocinha mais rejeitada da Globo

20/05/2024 às 17h17

Por: André Santana
Imagem PreCarregada
Malu Mader em O Dono do Mundo (Divulgação / Globo)

Em 20 de maio de 1991, a Globo lançava O Dono do Mundo, problemática novela escrita por Gilberto Braga. A trama contava a história do inescrupuloso Felipe Barreto (Antonio Fagundes), um homem capaz de tudo para demonstrar seu poder.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Malu Mader em O Dono do Mundo (Divulgação / Globo)

Inicialmente, a novela não foi muito bem aceita pelo público, que condenou a mocinha Márcia (Malu Mader). Com tamanha rejeição, o autor precisou fazer uma mudança radical na trama, na tentativa de reverter a crise e fazer a novela emplacar.

O Dono do Mundo derrubou a audiência do horário, mas conseguiu superar a má fase depois das mudanças.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Qual a história de O Dono do Mundo?

O Dono do Mundo contava a história do poderoso cirurgião plástico Felipe Barreto. Quando seu funcionário Walter (Tadeu Aguiar) se casa com Márcia, uma jovem virgem, Felipe aposta com o amigo Júlio (Daniel Dantas) que conseguirá levar a moça para a cama antes do noivo.

Para isso, ele dá de presente ao casal uma viagem de lua de mel para o Canadá e vai junto, alegando negócios no país. Ali, após uma série de artimanhas para afastar Walter de Márcia, ele consegue ter uma noite de amor com a mocinha.

LEIA TAMBÉM:

Ao descobrir a traição, Walter sai dirigindo sem rumo e acaba morrendo. Já Márcia acaba sendo responsabilizada pela desgraça e é abandonada por todos. Com isso, ela passa a se dedicar a destruir a vida de Felipe Barreto, o homem que acabou com sua vida.

Novela problemática

O Dono do Mundo - Antonio Fagundes e Malu Mader

Malu Mader e Antonio Fagundes em O Dono do Mundo (Divulgação / Globo)

Depois do sucesso de Vale Tudo (1988), que escreveu com Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, Gilberto Braga voltou ao ar com mais uma novela na qual buscava discutir a ética. No entanto, ele não contava que Felipe Barreto seria defendido pelo público, enquanto Márcia foi condenada.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, o autor pensou a novela como uma crítica social, mostrando o quanto os ricos eram impiedosos com os pobres, e acabou pesando a mão. Tudo isso serviu para que a novela fosse rejeitada.

“Foi uma confusão danada. O Dono do Mundo eu acho a primeira semana a melhor coisa que eu já fiz na vida. Muito forte, embora totalmente errada como novela de televisão. Porque era muito cruel e penosa para o pobre ver. Pobre levando porrada e não tendo como se defender. A audiência começou a cair e eu tive que mudar tudo”, contou Braga ao Memória Globo.

Mocinha x vilão

Para “salvar” O Dono do Mundo, Gilberto Braga fez Márcia comer o pão que o diabo amassou, na tentativa de fazê-la conquistar o perdão do público. Assim, o autor fez com que a mocinha atacasse o vilão com um bisturi, levando-a para a cadeia.

“Eu tinha uma heroína que o público não gostava e um vilão que o público admirava”, observou o veterano.

Auxiliada pela cafetina Olga Portela (Fernanda Montenegro), Márcia consegue colocar Felipe na cadeia, mas acaba se apaixonando verdadeiramente por ele. Felipe também entra em um arco de redenção, o que fez a audiência subir. No entanto, foi tudo um truque: no final, é revelado que Felipe continua o mesmo mau-caráter de sempre.

“Retrocedemos”

Em 2014, O Dono do Mundo foi reprisada no Viva. Na ocasião, Malu Mader relembrou toda a dificuldade que passou durante as gravações da trama, já que a história tomou rumos diferentes do que foi inicialmente planejado.

“Quero sempre me preparar o máximo possível em um trabalho. Mas, ao mesmo tempo, foi bom porque, apesar de toda a dificuldade, ali começou um longo caminho de aprendizado profissional e humano em que percebi ser impossível me preparar para as surpresas tanto na vida quanto nas novelas”, afirmou a artista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 24 de outubro de 2014.

Questionada se a sociedade evoluiu de 1991 para cá, Malu Mader revelou-se pouco otimista.

“Não sei, não quero ser pessimista. Acho até que em certo sentido caminhamos um pouco. Por outro lado, retrocedemos. Houve um recrudescimento do fundamentalismo religioso. Surpreendem-me esses grupos de jovens querendo casar virgens. Tudo bem, cada um vive como quer, mas parece uma volta ao passado. Talvez para esses jovens a rejeição a Márcia será ainda maior”, palpitou ela, que também disse que não acreditava que o público veria Márcia como vítima. “Acho que não. Nós ainda vivemos em um mundo extremamente machista”, completou.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.