Autor de Mania de Você, novela que substituirá Renascer a partir de 9 de setembro na Globo, João Emanuel Carneiro estreou no horário nobre da emissora com A Favorita, que estreou em 2 de junho de 2008.

Gloria Menezes como Irene em A Favorita
Gloria Menezes como Irene em A Favorita

A trama deu um nó na cabeça do público ao apresentar as duas protagonistas, Flora (Patricia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), sem revelar de cara quem era a vilã. A princípio, Flora parecia injustiçada e contava com o apoio de Irene (Glória Menezes), enquanto Donatela tinha pinta de megera.

Até que, no capítulo de 5 de agosto de 2008, Flora assumiu que era a grande vilã da trama. A revelação deixou parte do público revoltado com o autor.

Estreia no horário nobre

Depois de emplacar os dois maiores sucessos da década de 2000 da faixa das sete da Globo – Da Cor do Pecado (2004) e Cobras & Lagartos (2006) – , João Emanuel Carneiro foi alçado ao horário nobre com A Favorita. Mas, ao contrário de seus folhetins anteriores, a nova produção demorou um pouco para decolar.

Além da incógnita sobre quem era a mocinha e quem era a vilã de A Favorita, a novela ainda enfrentou a estreia de Os Mutantes – Caminhos do Coração, a “segunda temporada” da trama fantasiosa de Tiago Santiago que bombava na Record.

Na trama da Globo, Flora passou 20 anos na prisão acusada de ter matado Marcelo (Flavio Tolezani), seu amante e marido de Donatela. Ao sair da cadeia, a loira de olhar angelical se mostra disposta a acusar Donatela pelo crime e provar sua inocência.

Assim, o público que embarcou na novela de cara acabou “comprando” a história de Flora, acreditando realmente que ela havia sido presa injustamente. Donatela, que era mais rude e fazia vista grossa às armações do marido Dodi (Murilo Benício), realmente parecia culpada.

Revelação chocou o público

A Favorita - Claudia Raia e Patrícia Pillar
Patrícia Pillar e Claudia Raia em A Favorita (divulgação/Globo)

O autor João Emanuel Carneiro não levou o mistério inicial de A Favorita por muito tempo. O capítulo em que Flora gritava, em alto e bom som, que era uma assassina, foi o de número 56, exibido em 5 de agosto de 2008. Ou seja, dois meses depois da estreia.

Parece pouco, mas os dois meses acreditando em Flora foram o suficiente para revoltar parte do público. O próprio João Emanuel Carneiro admitiu que teria problemas por ter “enganado” os espectadores.

“Sempre ouvi as pessoas reclamarem que as novelas eram todas iguais. Decidi inovar, mas teve gente que também reclamou disso. Fiz uma provocação com o folhetim e, assim, arranjei um problema para mim e para o público”, disse o autor numa entrevista coletiva, de acordo com o Jornal do Brasil de 7 de agosto de 2008.

Concorrente detonou decisão

Até mesmo o autor Tiago Santiago, principal concorrente de João Emanuel Carneiro, deu seu pitaco sobre os desdobramentos de A Favorita.

“Estou absolutamente tranquilo. A guerra está apenas começando. O concorrente está gastando sua principal peça de artilharia, revelando o ‘quem’ matou da trama. E eu ainda tenho muitas armas superpoderosas no meu arsenal mitológico. Quero ver o que ele [Carneiro] fará nos próximos seis meses”, desdenhou o autor da Record à Folha de S. Paulo de 7 de agosto de 2008.

“Eu acho que ele [Carneiro] amargará o pior ibope das novelas das oito de todos os tempos. Ele não vai dar 45 pontos todo dia. A média dele até agora é de 36 pontos. No meio da novela, vai estar com 37. E vou fazer de tudo para mantê-lo abaixo dos 40″, desafiou o autor de Os Mutantes.

Mas não foi isso o que aconteceu. A partir da revelação da assassina, A Favorita se manteve acima dos 40 pontos até o seu final, em janeiro de 2009. Sua média final foi de 39,5, acima dos recordes negativos de Esperança (2002), que fechou com 37,9, e Suave Veneno (1999), com 38,1.

Já Os Mutantes perdeu audiência no mesmo período, despencando de 20 para 13 pontos em seus primeiros meses. Encerrou com média de 13,5.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor