Bang Bang, trama das sete da Globo exibida entre 3 de outubro de 2005 e 22 de abril de 2006, foi uma das experiências mais ousadas da emissora. A novela de Mário Prata propunha fazer uma paródia de filmes western, misturando elementos atuais e muitas referências pop.

Marcos Pasquim em Bang Bang
Marcos Pasquim em Bang Bang

Mas, na prática, não funcionou. O público não embarcou na proposta e a audiência da Globo caiu drasticamente, afundando a emissora líder de audiência. Além das reclamações à história, o público criticou o desempenho de Fernanda Lima, que fazia sua estreia em novelas como a protagonista Diana Bullock.

Apesar do fiasco, Bang Bang vai ganhar uma nova chance na Globo. A trama será uma das atrações do Projeto Resgate do Globoplay, a partir do dia 15 de julho.

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Qual é a trama de Bang Bang?

Bang Bang se passava numa cidade chamada Albuquerque, no Novo México (EUA), em 1881. Contava a história de Ben Silver (Bruno Garcia), um cowboy que retorna ao lugar em busca de vingança contra Paul Bullock (Mauro Mendonça).

No passado, Paul foi o mandante de um massacre que acabou com toda a família de Ben. O herói, que era um garoto na época, escapou com vida ao se esconder num carro de boi. O animal, assustado, fugiu levando-o dali.

Em busca de sua vingança contra Paul, Ben conhece Diana, uma bela e corajosa mulher. Ele fica encantado com a habilidade da jovem no gatilho, sem nem imaginar que ela é justamente a filha do homem que acabou com sua família.

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Fiasco histórico

Fernanda Lima em Bang Bang
Fernanda Lima em Bang Bang

A ideia de Mário Prata era satirizar o universo western, fazendo graça com situações do Brasil de 2005. Para isso, o autor contou com um grande elenco: além dos já citados, estavam na novela Joana Fomm, Marisa Orth, Ney Latorraca, Alinne Moraes e Giulia Gam, além da luxuosa participação de Tarcísio Meira no primeiro capítulo.

A trama teve outras ousadias, como a sequência inicial que mostrava o massacre orquestrado por Paul Bullock. Para amenizar a violência, as cenas foram realizadas em desenho animado.

Mas todas essas ousadias não foram assimiladas pelo público. Grande parte dos espectadores rejeitou os nomes dos personagens em inglês, as referências consideradas difíceis e o ritmo lento da trama. Tudo isso serviu para derrubar a audiência da novela, que fechou com 27,1 pontos de média, a pior do horário até então.

Quem se deu bem foi a Record, que exibia Prova de Amor (2005) no mesmo horário. A trama de Tiago Santiago era um dramalhão convencional situado no Rio de Janeiro, ou seja, uma novela “com cara de novela das sete da Globo”. O fracasso de Bang Bang, portanto, colaborou para o sucesso de Prova de Amor.

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Projeto antigo

Mário Prata vinha tentando emplacar Bang Bang na TV desde a década de 1980. Em 1986, ele negociou a trama com a Manchete, mas a conversa não prosperou. Mas, quatro anos depois, a novela foi a escolhida por Silvio Santos para substituir Cortina de Vidro (1989).

Cortina de Vidro foi uma produção independente que passou praticamente despercebida. A ideia do SBT era repetir o mesmo esquema de produção e, por isso, Bang Bang seria feita pela produtora Manduri, com direção de Luiz Fernando Carvalho.

Mas o SBT acabou desistindo da empreitada. O canal de Silvio Santos preferiu contratar Walter Avancini e produzir Brasileiras e Brasileiros, novela que deu um enorme prejuízo à emissora.

Assim, Mário Prata só conseguiu emplacar a novela em 2005, na Globo. E a experiência foi triste. Além da fraca audiência, o autor acabou se afastando da trama – oficialmente, por conta de uma osteoporose. A colaboradora Márcia Prates tocou os trabalhos inicialmente, mas a Globo convocou Carlos Lombardi para assumir a trama e fazer as devidas modificações.

Lombardi incluiu mais ação na história, além de inserir seu conhecido humor ácido e picante. O autor também imprimiu sua marca registrada e tirou a camisa de galãs como Ricardo Tozzi e Rodrigo Lombardi, que faziam suas estreias na emissora. Até Marcos Pasquim entrou na trama para disputar Diana com Ben Silver. Mas a audiência não reagiu.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor