Novela da Globo deixou crianças em pânico: “Se sentem ameaçadas”

09/04/2023 às 17h03

Por: André Santana
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Em Travessia, Tonho (Vicente Alvite) vem tendo a guarda disputada por Brisa (Lucy Alves) e Ari (Chay Suede) desde o início da novela. Gloria Perez, a autora do folhetim, é especialista em colocar uma criança no meio de um drama.

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Reprodução / Globo

Tanto que, em Explode Coração (1995), ela colocou o pequeno Gugu (Luiz Claudio Jr) numa situação ainda mais triste. O menino foi sequestrado por bandidos, o que desencadeou a famosa campanha sobre crianças desaparecidas na novela.

A campanha ajudou muita gente a localizar seus entes queridos, mas também provocou pânico nas crianças da época.

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Merchandising social

Isadora Ribeiro - Explode Coração

Reprodução / Globo

Novela que contava a história de amor da cigana Dara (Tereza Seiblitz) e do empresário Julio Falcão (Edson Celulari), Explode Coração também reservou parte de sua história para narrar um drama real. Por meio de Odaísa (Isadora Ribeiro, na foto acima) e Gugu, a novela abordou o caso das crianças desaparecidas.

Na trama, Gugu é sequestrado por bandidos que pretendem vendê-lo a uma família estrangeira. O desaparecimento destrói Odaísa, sua mãe, que passa o dia se perguntando o que aconteceu com seu filho.

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Na trama, Odaísa se uniu às Mães da Cinelândia, mulheres do Rio de Janeiro que se reuniam para buscar seus filhos desaparecidos. Enquanto a mãe de Gugu relatava o drama fictício, as verdadeiras Mães da Cinelândia davam depoimentos na tentativa de buscar alguma pista sobre o paradeiro de seus familiares.

Além disso, no final de cada capítulo, Explode Coração mostrava várias fotos de pessoas desaparecidas, com um número de telefone no qual quem tivesse alguma pista poderia entrar em contato. A campanha social foi considerada um grande êxito e ajudou a encontrar mais de 70 crianças.

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Medo de sequestro

Explode Coração - Ricardo Macchi e Tereza Seiblitz

Divulgação / Globo

Apesar do sucesso da campanha, Explode Coração acabou gerando pânico em espectadores que assistiam à novela. Em 27 de abril de 1996, uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que muitas crianças passaram a desenvolver medo de serem sequestradas por conta do folhetim.

“A novela está desenvolvendo um pânico. As crianças se sentem ameaçadas. É um fenômeno semelhante ao medo de morte que ocorreu depois do acidente dos Mamonas Assassinas”, explicou a psicóloga Carmem Silva Taverna, referindo-se à morte dos integrantes do conjunto musical naquele mesmo ano.

A secretária de uma escola primária revelou à reportagem que muitas mães manifestaram medo de autorizar seus filhos para um passeio no zoológico. De acordo com a profissional, elas temiam que as crianças fossem sequestradas, como aconteceu com Gugu.

Novela não tem culpa

Isadora Ribeiro em Explode Coração, novela de Gloria Perez

Na mesma matéria, uma criança de 10 anos afirmou que pediu à mãe para buscá-la na escola todos os dias, temendo que algo ruim acontecesse no caminho. Já outra criança de oito anos relatou que não quis ir numa excursão da escola ao Museu do Ipiranga pelo mesmo motivo.

No entanto, a psicóloga Célia Regina Rocha “inocentou” a novela. A profissional explicou que a trama de Gloria Perez não causava prejuízo às crianças e que a campanha sobre crianças desaparecidas era muito boa.

“É preciso haver outra coisa que justifique a mudança de comportamento”, disse.

Mas, no fim, tudo deu certo na ficção. Após muito chorar pelo desaparecimento de Gugu, Odaísa finalmente reencontrou seu filho no final de Explode Coração.

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