Relembre a história de Como uma Onda, novela produzida entre 2004 e 2005 pela Rede Globo:

O açoriano

Daniel Cascaes nasceu nos Açores, mas há muito vive no continente. Namora a bela Almerinda (Joana Solnado) e cultiva por ela um daqueles amores arrebatadores e impossíveis. Ela é filha de Figueiroa (António Reis), um militar austero e conservador. Já ele tem um pai com ideais libertários, que no passado tornou-se desertor ao recusar uma convocação do exército para combater na guerra contra as colônias portuguesas.

Descendentes de famílias tão distintas, os dois encontraram-se inúmeras vezes às escondidas, até que um dia o romance veio à tona e com ele todo o preconceito e oposição de Figueiroa. O almirante não pode nem pensar em ver sua menina com o filho de um “traidor da pátria” e coloca até capangas para separar o casal. Resta ao jovem fazer de tudo para despistá-los: o açoriano corre, então, por becos e ruelas e acaba arranjando um inteligente disfarce de guia turístico.

O que ele jamais poderia imaginar é que naquele grupo de visitantes brasileiros estaria uma família que transformaria para sempre a sua vida. Durante a fuga, esbarra na doce Mônica (Alinne Moraes), Nina, para os íntimos. E por alguns instantes a adrenalina dá lugar a uma certa palpitação. Os olhares se cruzam em um encantamento mudo. Depois, tem a oportunidade de falar com Lenita (Mel Lisboa), Mariléia (Denise Del Vecchio) e Sinésio Paiva (Hugo Carvana). As irmãs Lenita e Nina não conseguem ficar indiferentes à presença do rapaz, que parece ainda mais confuso diante do charme e do modo de agir das brasileiras. Porém, o coração de Daniel bate forte por Almerinda e ele está disposto a enfrentar tudo por sua amada.

Os dois não hesitam em traçar uma estratégia para fugir do país. Marcam dia, hora e lugar. Tudo parece estar certo para que a dupla deixe Portugal. Ou quase tudo. Os capangas do almirante interceptam o plano, batem em Daniel e o colocam desacordado e sozinho num transatlântico que ruma para o Brasil.

Um oceano

Machucado e com a roupa do corpo, Daniel acorda e se vê em um beco sem saída. Pelo menos por enquanto, não haveria jeito de retornar aos braços de Almerinda. Como se não bastasse toda esta situação, ele estava seguindo clandestinamente para o Brasil e teria de lidar também com as leis do país. A fala do comandante foi clara: seria mantido preso até chegar em terra firme e ser entregue às autoridades locais.

Isto se as irmãs Nina e Lenita não aparecessem mais uma vez em sua vida. Por coincidência, as duas estavam voltando para casa no mesmo navio e não demorou muito para que o reconhecessem e decidissem ajudá-lo a se livrar da polícia. Inicia-se aí uma fuga repleta de humor e provocações.

Mas Daniel acaba sendo encontrado e, num impulso desesperado em busca de sua liberdade, atira-se no mar. A guarda costeira procura Daniel durante dias mas não acha um único vestígio. As ondas o levaram bem longe, mais precisamente até uma vila de pescadores em Santa Catarina, onde seria resgatado por Quebra-Queixo (Ernani Moraes) e Querubim (Dudu Azevedo). A dupla o coloca no estranho barco que serve como moradia e instrumento de trabalho: uma espécie de engenhoca que tem de tudo um pouco. Mas, desconfiado, o jovem ganha a praia. Os dias que se seguem são de desespero. O estrangeiro perambula pelas ruas e, com a barba por fazer e a roupa imunda, acaba se juntando a um grupo de mendigos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


O vilão JJ

Sem fazer ideia do paradeiro do adorável açoriano, a família Paiva retorna ao Brasil. O descanso das férias em Portugal é, porém, rapidamente consumido por problemas nos negócios: Sinésio fica pasmo ao descobrir que está quase falido.

Nada mal para os planos de seu sócio Jorge Junqueira (Henri Castelli), o temido JJ. Os dois dividem o comando da empresa, mas apresentam perfis bem diferentes. Sinésio é um trabalhador que, com muito esforço, construiu um império e tornou-se um dos maiores nomes da indústria pesqueira. Já JJ assumiu parte do comando da firma depois da morte de seu pai e deseja se transformar no maior latifundiário marítimo.

O vilão é forte e capaz de tudo para atingir seu objetivo. Sua única fragilidade é o amor que sente por Nina: um afeto que demonstra com carícias e presentes. Sua dedicação volta-se exclusivamente a ela; não sobra nada de atenção para sua irmã Encarnação (Bianca Byington) ou para o menino Rubico (Arthur Lopes), que moram com ele. Por trás de uma educação que sabe a hora de aparecer, JJ esconde algumas falcatruas do passado e seus planos de levantar um grande resort no futuro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Cadê o porto seguro? E o açoriano?

É maltrapilho, sujo e descalço que Daniel será encontrado por Lenita. O olhar da moça não falha e consegue reconhecer naquele jovem triste o guia turístico de outrora. Apiedada, ela o carrega para casa, disposta a dar um novo rumo à vida do rapaz e, quem sabe, à sua.

Apesar da reação de sua mãe Mariléia, Lenita consegue, com sua boa lábia, garantir para o açoriano o emprego de mordomo em sua casa.

O novo amor… E mais obstáculos

A chegada de Daniel muda para sempre a vida dos Paiva. Pivô de uma disputa entre as irmãs, o novo empregado se afasta das lembranças de Almerinda e se interessa cada vez mais por Nina. Aos poucos, as provocações entre os dois dão lugar a um grande amor.

Porém o açoriano terá de lutar novamente contra uma oposição ferrenha para manter este romance. Lenita e, principalmente, JJ usam uma série de artimanhas para separar o casal. JJ torna-se, então, o maior rival de Daniel. A luta pelo coração de Nina já seria motivo suficiente para isso, mas o açoriano envolve-se também na briga dos pescadores, que contrariam os interesses do vilão.

O objetivo de JJ é claro: tornar-se o maior latifundiário marítimo, nem que para isso tenha de passar por cima de tudo e todos. Fazendo uso de um tal “plano diretor de utilização do mar”, ele tenta dominar os cultivos de ostras e mariscos e não se preocupa em acabar com o sustento de grande parte dos moradores da ilha para construir seu resort.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


As cores fortes do Brasil

Na vila de arquitetura açoriana, localizada no sul de Santa Catarina e a 20 quilômetros do centro de Florianópolis, vivem os pescadores e os criadores de ostras e mariscos. De baixo de um sol escaldante e ao alcance da brisa do mar, estão duas famílias: a da bela Lavínia (Maria Fernanda Cândido) e a de Pedroca (Tato Gabus Mendes). Esta mulher forte e sensual mora com seu marido Amarante (Kadu Moliterno) e tem um casamento sólido e apaixonado. Encontrou nesse homem maduro um apoio para criar a filha Júlia, fruto de um relacionamento equivocado de sua adolescência. Mas ele não é o único porto seguro da família: sua sogra Francisquinha (Laura Cardoso) é uma espécie de matriarca da aldeia e está sempre pronta para dar conselhos e solucionar conflitos. Cega há anos, ela divide a casa com o sobrinho Querubim e é capaz de enxergar com clareza a alma humana.

Já o vizinho Pedroca parece menos intuitivo e não consegue controlar seu “impulso don-juanesco”. Apesar das constantes investidas em Lavínia, é casado com a ciumenta Idalina (Louise Cardoso) e pai de Floriano (Cauã Reymond) e Amanda (Fernanda de Freitas). Não pode ver mesmo um rabo de saia e acaba sempre levado para casa pelas orelhas, arrancando boas risadas do povo da vila.

Mas não precisa muito para que essa gente se divirta. Tudo é motivo para festa. Pescadores, ostreiros, turista e jovens costumam se reunir no bar de Lavínia para comer e jogar conversa fora. A operadora de mergulho de Rafael (Sérgio Marone) também está sempre movimentada. Quando não pelos clientes, pelos ataques de sua namorada Amanda que trabalha lá com ele e Samuel (Nill Marcondes).

Rafa e Samuca, como são chamados, não moram na vila dos pescadores, mas estão sempre por lá. O primeiro vive com os pais Prata (Marcos Caruso) e Alice (Débora Duarte) e o irmão Conrado (Gustavo Haddad) em uma bela casa. Já o segundo é agregado do lar de seu irmão Balbino (Sirmar Antunes) e de sua nora Abigail (Thaís Garayp). Empregados de Sinésio, os dois têm seu espaço nos fundos da mansão dos Paiva, onde criam seus filhos Rosário (Sheron Menezes) e Franklin (Sérgio Malheiros).

Entre os moradores há um homem instigante e misterioso: Sandoval (Herson Capri). Recém saído da prisão, ele luta para recobrar sua dignidade e achará naquele recanto um apoio para reconstruir sua vida. Sofrido e maduro, Sandoval esconde um grande segredo e carrega no peito as lembranças de um belo romance com Encarnação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


A lenda de Florianópolis

Quem vive próximo ao povoado dos pescadores certamente já ouviu muitos “causos” sobre a assombração da caverna: o Velho Bartô. Há quem jure que ele continua vivo, apesar de ter chegado à região em 1748, junto com as primeiras famílias açorianas, que vinham em busca de novas terras e fortuna fácil. Fantasia ou realidade, o fato é que o ermitão continua despertando a curiosidade de marítimos e crianças. Alguns até apostam que o queixo do popular Quebra-Queixo caiu no dia em que ele topou com essa figura lendária.

Dentre os que acreditam na existência da assombração estão os inseparáveis Rubico, Franklin e Gigi (Guta Gonçalves). E entre crer e tentar observar com os próprios olhos é um pulo. A muito custo, os três convencem Quebra-Queixo a guiá-los até à caverna para desvendar o mistério. Após duas tentativas frustradas, os meninos avistam a figura do monstro e saem correndo, com as pernas bambas de medo. Só Rubico parece querer continuar as investigações. Persistente, resolve se aventurar sozinho e, finalmente, fica frente a frente com o ermitão, transformando para sempre a sua vida e a de seus amigos.

Compartilhar.