Novela das sete que terminou recentemente, Vai na Fé teve como um de seus trunfos a personagem Sol (Sheron Menezzes), uma mocinha evangélica. A escolha de Rosane Svartman por uma heroína religiosa causou desconfiança, mas se revelou um grande acerto.

Alessandra Negrini em Meu Bem Querer
Alessandra Negrini em Meu Bem Querer (Reprodução / Globo)

No entanto, engana-se quem pensa que é a primeira vez que uma jovem evangélica protagoniza uma novela da Globo. Meu Bem Querer, trama que estreava em 24 de agosto de 1998, também tinha uma heroína religiosa, Rebeca (Alessandra Negrini).

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Filha do pastor

Mauro Mendonça em Meu Bem Querer
Mauro Mendonça em Meu Bem Querer (Reprodução / Globo)

Há 25 anos, a Globo lançava Meu Bem Querer na faixa das sete. Escrita por Ricardo Linhares, a novela repetia a fórmula que Linhares consagrou com Aguinaldo Silva: tramas que se passam em pequenas cidadezinhas do Nordeste brasileiro, como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992) ou A Indomada (1997).

Cidade “vizinha” de Tubiacanga e Greenville, São Tomás de Trás era o lar de Rebeca, a filha do pastor Bilac (Mauro Mendonça). A jovem se apaixona por Antônio (Murilo Benício), um rapaz que foi criado pelo padre Ovídio (Claudio Correa e Castro).

No entanto, Bilac não gosta dessa aproximação, já que sonha casar sua filha com Juliano (Leonardo Brício), a quem considera seu sucessor na igreja. Sem saída, Rebeca acaba se casando com Juliano, enquanto Antônio se envolve com Lívia (Flavia Alessandra).

Mocinha religiosa

Babilônia - Luísa Arraes
Luísa Arraes em Babilônia (Reprodução / Globo)

Além de Meu Bem Querer, outra novela da Globo tinha uma mocinha evangélica. Em Babilônia (2015), Laís (Luisa Arraes) não era protagonista, mas vivia o principal romance jovem da novela escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga.

Na trama, Laís era filha de Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira), um político mau-caráter que usava a religião para manipular seu eleitorado. Sua principal influência é a mãe, Consuelo (Arlete Salles), uma senhora conservadora e hipócrita.

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Para o horror de Consuelo, Laís se envolve com Rafael (Chay Suede), um rapaz sem religião e que é filho adotivo de um casal de lésbicas, Tereza (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg).

Apesar de ser filha de um picareta, Laís era evangélica praticante e tinha muito respeito pela religião. Mas, ao mesmo tempo, respeitava as crenças de Rafael. O casalzinho lutou a novela toda para ficar junto, mesmo com Aderbal e Consuelo tentando separá-los a qualquer custo.

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Experiência bem-sucedida

Sheron Menezzes em Vai na Fé
Sheron Menezzes em Vai na Fé (divulgação/Globo)

Sol não foi a primeira mocinha evangélica da Globo, mas foi a primeira com maior destaque. Ao contrário das antecessoras, Vai na Fé explorou bastante o lado religioso da personagem, que cantava na igreja e aparecia constantemente nos cultos ou conversando com o pastor.

Assim, por mais que Sol não tenha sido a primeira, ela foi pioneira no trato da religião em uma novela na Globo. O texto de Rosane Svartman foi muito sensível na criação de uma jovem religiosa que vivia conflitos comuns à boa parte das mulheres, o que gerou imediata identificação.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor