Em 14 setembro de 2009, o público e a crítica tinham expectativa para a chegada de Viver a Vida. Seria a volta à telinha das histórias de Manoel Carlos, que teve tramas marcantes como Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003), além de Páginas da Vida, sua última novela de grande audiência, três anos antes.

Mas não deu certo: com a pior Helena das tramas do autor, a produção se arrastou durante oito meses no ar e terminou em 14 de maio de 2010, com recorde negativo de audiência na faixa (que depois seria sucessivamente quebrado por outras novelas).

Taís Araújo, que havia brilhado no papel principal de Da Cor do Pecado, em 2004, ganhou sua primeira protagonista da principal faixa da emissora. Ela deu vida à Helena mais jovem já criada pelo autor, fazendo par com José Mayer, figurinha carimbada em suas produções.

Coadjuvante roubou a cena

Viver a Vida

No entanto, foi a primeira vez que uma Helena do autor foi suplantada por uma coadjuvante, no caso Luciana, modelo vivida por Alinne Moraes, que ficou tetraplégica e acabou se tornando a verdadeira estrela da obra.

“Em 2009, Manoel Carlos criou sua pior Helena: uma top model bem-sucedida. Escolhida para interpretá-la, Taís Araújo não convenceu e ficou apática durante da novela. E a atriz ainda ganhou uma personagem com dramas cansativos. O grande conflito, por exemplo, era a modelo ter abandonado sua carreira de sucesso para se casar com um homem 20 anos mais velho.

Taís, embora tenha sido seu único equívoco como atriz, foi massacrada pela crítica e sua Helena virou coadjuvante, diante dos conflitos dramáticos e amorosos de Luciana. Definitivamente, aquela novela não era da Helena”, enfatizou Sérgio Santos, colunista do TV História, em seu blog De Olho nos Detalhes.

A própria Taís nunca escondeu o descontentamento com os rumos da história. Em 2017, no programa Saia Justa, do canal GNT, ela detonou o texto da novela.

“Me sentia em uma areia movediça, patinei até o fim”, comentou.

Críticas

José Mayer e TaÍs Araújo em Viver a Vida

Recentemente, em outra entrevista, ela falou sobre as críticas que recebeu.

“A gente amadurece. Envelhecer é bom por isso. A última vez que estive nesse lugar… O que eu aprendi estando nesse lugar? A nossa vida de artista é um eterno recomeçar. As críticas são uma parte da caminhada. É parte de um processo. E naquela época fiquei muito abalada porque eu tinha passado imune a elas.

Tinha uma carreira muito próspera. Fatalmente serei criticada de novo em um momento da minha vida. A diferença é que agora não há o ineditismo, eu já sei o que é”, explicou a atriz ao blog de Heloisa Tolipan.

Como é do costume de Maneco, a história também abordaria temas sociais, desta vez a tetraplegia e a anorexia alcoólica. Mas não deu nada certo e até a criticada abertura, acusada de ser muito simples para os padrões da Rede Globo, foi ligeiramente alterada.

“Lançada com um arsenal de boas ideias, Viver a Vida foi uma novela que muito prometeu e pouco cumpriu. O folhetim arrastou-se pelos seus oito meses de exibição, apresentando um cotidiano lento com poucas histórias desenvolvidas”, definiu Nilson Xavier, colunista do TV História, em seu site Teledramaturgia.

Resultado: queda contínua de audiência e uma média final de apenas 36 pontos no Ibope, a menor registrada pela emissora naquela faixa até o momento. O autor teve um desempenho ainda pior naquela que prometeu ser sua última novela: Em Família, exibida em 2014.

Exibida em longos 209 capítulos, Viver a Vida nunca foi reprisada pela Globo. E, pelo andar da carruagem, dificilmente será.

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