Uma das maiores audiências da faixa das 21h da Globo na década de 2000, América (2005) nunca teve uma chance no Vale a Pena Ver de Novo, apesar da insistência do público. No entanto, a trama de Gloria Perez ganhou uma segunda chance por meio do Canal Viva, que a exibirá a partir de novembro.
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Mas será que após a exibição pela emissora paga, o folhetim finalmente ganharia uma oportunidade nos finais de tarde da Globo? Provavelmente, não. A emissora estaria adotando medidas para tentar ampliar seu público e América não se enquadraria nas atuais diretrizes do canal.
Trama espírita
Gloria Perez (Reprodução / Web)
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Como já é de hábito de Gloria Perez, América trata de diversos assuntos. Além da trama principal, sobre o sonho de brasileiros de entrar nos EUA para ganhar dinheiro, o folhetim também aborda o universo dos rodeios e até a vida após a morte.
Enquanto Sol (Deborah Secco) tenta atravessar a fronteira do México para entrar ilegalmente nos EUA, Tião (Murilo Benício) sonha em ser um grande peão e enfrentar o perigoso Touro Bandido. Ao longo da trama, o rapaz tem várias experiências místicas, sempre quando sente a presença do pai, Acácio (Chico Diaz), já falecido. Tanto que Tião chega a participar de sessões de mediunidade.
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No final da novela, Tião passa por uma experiência de “quase morte”. Após um terrível acidente no rodeio, o peão fica entre a vida e a morte no hospital. Nesta fase, sua alma deixa o corpo e caminha pelo “outro mundo”. Nessa jornada, Tião passa pelo que seria o paraíso, o inferno e até o umbral. Ele também fica de frente com Nossa Senhora Aparecida (Taís Araújo), padroeira dos peões.
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Proibição
Amauri Soares (Divulgação)
Apesar de não ser lembrada como uma trama espírita, América carrega em suas tramas vários elementos da doutrina por meio da trajetória de Tião. Sendo assim, seria pouco provável que a Globo a escolhesse para o Vale a Pena Ver de Novo.
De acordo com o portal Notícias da TV, a Globo está de olho em um público mais conservador e evangélico. O site informou que Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, teria pedido aos autores que evitassem temáticas espíritas, justamente para não afugentar esta parcela do público. Soares teria se baseado em estudos que apontam que, em 10 anos, o Brasil será um país majoritariamente evangélico.
Por conta disso, uma sinopse de Thelma Guedes teria sido engavetada. E Elizabeth Jhin, novelista que se especializou na temática, foi dispensada há alguns anos. O canal também estaria evitando reprises de novelas espíritas, e Escrito nas Estrelas (2010) só teria sido liberada no Viva.
Globo nega
Nathalia Dill e Jayme Matarazzo nos bastidores de Escrito nas Estrelas (João Miguel Júnior / Globo)
Por conta desta matéria do Notícias da TV, líderes de religiões de matriz africana entraram com uma denúncia contra a Globo no Ministério Público Federal, alegando que a emissora pratica intolerância religiosa. O grupo solicita que o canal se explique em relação ao que foi divulgado pela imprensa.
“É proibido que qualquer entidade faça acepção de credos ou agremiação de natureza religiosa em serviços que são regulamentados por concessões públicas, o caso do serviço de televisão por radiodifusão deve ser compartilhado entre a sociedade e o Estado brasileiro, considerando a pluralidade de ideias e de credos religiosos tão diversos e presentes em nosso país”, diz a denúncia.
Porém, ao ser procurada pelo site F5, da Folha de S. Paulo, a Globo afirmou que nunca determinou qualquer ordem para vetar tramas espíritas.
“Os Estúdios Globo estão sempre abertos a receber as mais diversas propostas criativas de seus criadores”, diz o canal, em nota enviada ao site. “Vale reiterar ainda que a Globo apoia a liberdade religiosa e considera as diversas religiões professadas no país um patrimônio cultural da nação brasileira”, diz o canal.
