Novela que afundou a Globo e aposentou autor estreava em 2008
15/09/2023 às 13h41
Há exatamente 15 anos, em 15 de setembro de 2008, a Globo estreava mais uma novela das sete, Três Irmãs, que substituía Beleza Pura. Se a antecessora, escrita por Andréa Maltarolli (1962-2009), não foi um grande sucesso, pelo menos manteve a audiência média da faixa, ao contrário da produção escrita por Antonio Calmon, que derreteu o Ibope da emissora.
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Três Irmãs contava a história da tradicional família Jequitibá, composta somente por mulheres. A matriarca era Virgínia (Ana Rosa), abandonada há anos pelo marido. Ela criou suas filhas, as três irmãs do título: Dora (Cláudia Abreu), Alma (Giovanna Antonelli) e Suzana (Carolina Dieckmann).
No elenco também estavam Regina Duarte, que vivia a misteriosa Waldete, José Wilker (1944-2014), Vera Holtz, Marcos Palmeira, Paulo Vilhena, Rodrigo Hilbert, Marcos Caruso e muitos outros. No entanto, não foram poucos os problemas de Três Irmãs ao longo de sua trajetória.
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Confira:
Incêndio na cidade cenográfica
Antes mesmo da estreia, em 18 de julho de 2008, um incêndio destruiu cerca de 15% dos cenários da cidade cenográfica de Três Irmãs no antigo Projac, atual Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. Não houve feridos.
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Dificuldades para montar o elenco
Regina Duarte viveria Virgínia, a mãe das três irmãs, mas preferiu ficar com o papel da governanta Waldete.
Renée de Vielmond foi cogitada para o papel, mas preferiu continuar afastada da televisão – ela já havia participado, um ano antes, de Paraíso Tropical, após longa ausência do vídeo. Depois, a personagem seria vivida por Nívea Maria. Por fim, acabou ficando com Ana Rosa.
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https://www.youtube.com/watch?v=B0wjfLjtoA0
Surfe não deu certo
Mais uma vez, Antonio Calmon apostou no surfe para entremear tramas de uma obra. Ele já havia feito isso com a série Armação Ilimitada (1985) e as novelas Top Model (1989), Vamp (1991), Cara e Coroa (1995) e Corpo Dourado (1998). Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo de 13 de setembro de 2008, o autor disse que queria promover o renascimento do esporte através da atração.
“É uma temática aventuresca que gosto de abordar, estava na hora de revisitá-la”, enfatizou.
Era uma forma, também, de chamar a atenção do público jovem, que já trocava a televisão por outras mídias, como a internet e o DVD, mas não deu certo. De acordo com a mesma Folha, em 6 de outubro daquele ano, a participação do público de 12 a 17 anos e de 18 a 24 anos estava entre 8% e 9%.
Em Cobras & Lagartos, para se ter uma ideia, o índice era de pelo menos 10%. Na verdade, aconteceu o contrário: aumentou a participação do público com mais de 50 anos, de 28% para 37%.
Baixa audiência
Três Irmãs simplesmente derreteu o Ibope da Globo. Já no primeiro mês de exibição, a trama tinha dois pontos a menos de média que Bang Bang (2005), considerada, até então, um grande fiasco.
O primeiro capítulo obteve 32 pontos, mas a média foi caindo, chegando a ficar em 28, e terminou com apenas 24, ficando com o troféu de pior audiência da história da emissora até aquele momento.
O último capítulo registrou apenas 26 pontos, contra 33 de Beleza Pura. Durante sua exibição, costumeiramente Três Irmãs teve menos audiência que Malhação e Mulheres Apaixonadas, que estava sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo.
Foi a última novela do autor, pelo menos até o momento.
Gravidez elimina personagens
O trio de trambiqueiros formado por Valéria (Graziela Moretto), Vidigal (Luis Gustavo) e Chuchu (Otávio Augusto) era um dos pontos altos da história, mas foram simplesmente limados da produção após a notícia da gravidez da atriz, que deixou a novela. Dessa forma, os personagens masculinos acabaram saindo junto, sem maiores explicações.
Entrevista polêmica
Quem pensa que a primeira entrevista polêmica de Regina Duarte foi como secretária especial de Cultura do governo Jair Bolsonaro, se engana.
Em 2008, por exemplo, durante a exibição da novela, ela falou com o jornal O Estado de S. Paulo e deixou muita gente irritada com um comentário. Segundo ela, quem via a trama “não tem nada melhor para fazer naquele horário”.
“Regina diminui a própria importância quando considera os espectadores como um bando de solitários sem opção de lazer”, esbravejou Mário Vianna em artigo no próprio Estadão.
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Ator agredido
Em novembro de 2008, Marcello Novaes, que integrava o elenco da novela, foi agredido em uma boate na Gávea, no Rio de Janeiro (RJ) ao tentar defender um amigo, teve que passar por cirurgia plástica e levou 11 pontos externos e 10 internos na testa. O ator, que vivia o personagem Sandro, teve que ficar afastado da trama por um tempo enquanto se recuperava.
Isquemia cerebral
Em dezembro, outra atriz do elenco teve que ficar afastada. Solange Couto, que vivia Janaína, sofreu uma isquemia cerebral e voltou ao vídeo após a sua recuperação.