A atual novela das sete iniciou uma nova fase neste sábado, quando os quatro protagonistas trocam de corpos por conta do castigo da Morte (A Maia), que não aguenta mais vê-los cometendo inúmeros erros.
Mauro Wilson vem acertando na sua estreia como autor solo em seu primeiro folhetim. E um dos êxitos do autor foi a escolha do quarteto central.
Os quatro protagonizam bons conflitos, mas o perfil que mais cativa quem assiste é justamente o mais jovem, a corajosa Flávia, vivida por Valentina Herszage.
No início da trama, a personagem não despertou uma maior atenção. Parecia uma mera 171 que sobrevivia de golpes. Afinal, só entrou no avião que caiu porque fingiu ser uma aeromoça para fugir da polícia, após ter furtado uma mala cheia de dólares com sua cúmplice, a perigosa Cora (Valentina Bandeira).
Mas, ao longo dos meses, todas as camadas de Flávia foram sendo muito bem expostas pelo autor, o que engrandeceu o perfil e valorizou a intérprete.
Menina frágil e carente
Flávia aparenta ser uma mulher forte e segura de si, mas esconde dentro dela uma menina frágil e carente para conseguir sobreviver.
‘Abandonada’ pela mãe biológica, foi criada pelo pai, o submisso, mas amoroso, Juca (Fábio Herford), que é casado com a arrogante e ambiciosa Odete (Luciana Paes). A madrasta nunca suportou a enteada e as duas vivem se estranhando. Flávia é a principal provedora da casa e ganha a vida fazendo pole dance em uma boate, adotando o nome de ‘Pink’.
A sua performance como dançarina, vale ressaltar, foi o chamariz para o encantamento de Murilo (Jaffar Bambirra) e Gabriel (Caio Manhente). O primeiro é um sujeito passivo e o segundo um playboy machista, mas os dois se apaixonaram pela dançarina e não pela pessoa.
O grande amor de Flávia é Guilherme (Mateus Solano), justamente o único homem que a enxerga além da sensual dançarina de boate. Porém, o amor incondicional que o cirurgião tem por Rose (Bárbara Colen) sempre impediu qualquer romance.
A rejeição desnuda as fragilidades que a personagem tem, pois nunca foi acostumada a receber afeto. O único amor que recebeu foi de seu pai, mas a submissão que Juca tem pela esposa diminui muito a intensidade desse sentimento. E Flávia nem imagina que não foi abandonada por sua mãe.
Ponto alto
Isso porque a trama já expôs, de forma breve, que a personagem é filha de Paula Terrare (Giovanna Antonelli). Só que Paula acha que a filha morreu. Ainda não foi explicado o que aconteceu; no entanto, tudo indica que Odete armou para Paula sumir da vida deles.
E a relação de Flávia e Paula é um dos pontos altos da história. A empresária só a chama de ‘garota’ e a dançarina finge que a amiga é sua mãe. Vivem discutindo, mas há um carinho verdadeiro. Mal sabem que o parentesco é real.
Giovanna e Valentina têm uma ótima parceria e a atriz também tem uma linda sintonia com Mateus Solano. Os dois, aliás, em nada lembram os perfis que interpretaram em Pega Pega (2017), reprisada recentemente, onde viveram pai e filha. Há de sobra aquela química que todo bom casal precisa ter.
Destaque merecido
Valentina Herszage merece todo o destaque vem tendo na trama. Quem a viu na pele da instável Bebeth na novela anterior acha que é outra atriz na pele de Flávia. E o perfil tem uma dose de sarcasmo que a intérprete sabe aproveitar bem, o que a valoriza em cena.
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É um tipo que tinha grandes chances de se tornar chato ou arrogante demais nas mãos de uma profissional limitada, o que provocaria uma inevitável antipatia do público. Mas o risco foi logo dissipado nas primeiras semanas de novela. Ficou perceptível que era a atriz certa para o personagem certo.
A escolha do autor Mauro Wilson e do diretor Allan Fiterman para Valentina viver Flávia foi corajosa e certeira. É apenas a segunda novela da atriz e já ganhou uma protagonista.
Vale mencionar seu incrível trabalho na série Hebe, exibida em 2019, onde viveu Hebe Camargo na fase jovem. Com certeza, foi um bom passaporte para a entrada em Quanto Mais Vida, Melhor!. E merecido.
