Considerado um dos maiores autores de novelas do Brasil, Manoel Carlos completa 90 anos no próximo dia 14 de março. E o canal Viva, que já alcançou ótima audiência com inúmeras obras do novelista, não vai deixar a efeméride passar em branco e anunciou a criação de uma faixa para exibir folhetins de Maneco.

Adriana Birolli
Reprodução / Globo

A homenagem começa em 27 de março, quando estreia A Sucessora (1978), às 11h45. Depois, o caminho ficará aberto para que o Viva resgate Viver a Vida (2009), trama fracassada do autor que já estava na mira do canal.

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Nos planos

Tais Araujo

Viver a Vida é mais lembrada por conta dos inúmeros problemas pelos quais passou. Ainda assim, a trama protagonizada por Taís Araújo (foto acima) já estaria nos planos do Viva. Isso porque a Globo solicitou recentemente a renovação da marca “Viver a Vida”, o que indicaria que o folhetim poderia ser uma das próximas atrações do canal pago.

Assim, com o anúncio da criação de uma faixa destinada a reapresentar novelas de Manoel Carlos, aumentam as chances para que a trama seja novamente exibida. Uma escolha um tanto inusitada, se recordarmos que a novela foi alvo de inúmeras críticas enquanto esteve no ar no horário nobre da Globo.

A trama foi festejada por trazer a primeira Helena negra da galeria criada por Manoel Carlos. Após Lílian Lemmertz (em Baila Comigo, 1981), Maitê Proença (Felicidade, 1991), Regina Duarte (História de Amor, Por Amor e Páginas da Vida, em 1995, 1997 e 2006, respectivamente), Vera Fischer (Laços de Família, 2000) e Christiane Torloni (Mulheres Apaixonadas, 2003), era a vez de Taís Araújo assumir a icônica personagem.

Não deu certo

Viver a Vida

No entanto, Viver a Vida não funcionou. A Helena de Taís Araújo se revelou vazia de conflitos ao passar a novela toda choramingando por conta da culpa que sentia pelo acidente de Luciana (Alinne Moraes), sua enteada e rival que ficou tetraplégica. A mulher se martirizava porque foi ela quem obrigou a jovem a viajar na van que se acidentou.

Enquanto isso, o drama de Luciana passou ao primeiro plano. A modelo precisou reaprender a viver em sua nova condição e sua história de superação roubou o protagonismo do enredo. Ainda assim, a novela registrou baixos índices de audiência, um raro fracasso na carreira de Maneco.

Anos depois, Taís Araújo admitiu que a personagem não era bem construída.

“A minha personagem era um erro em vários sentidos. Eu faço mea culpa, eu também não fiz bem. Mas também não era um personagem com paint de protagonista”, avaliou, em entrevista ao programa Campeões de Audiência, exibido pela TV Cultura.

Vem aí

A Sucessora - Rubens de Falco e Susana Vieira
Divulgação / Globo

A Sucessora abrirá a faixa que o Viva criou em homenagem aos 90 anos de Manoel Carlos. A trama de 1978 é baseada na obra de Carolina Nabuco, com direção de Herval Rossano e estrelada por Susana Vieira e Nathalia Timberg.

A novela conta a história de Marina (Susana), que se casa com o rico viúvo Roberto Stein (Rubens de Falco). A jovem, então, se muda para a mansão do marido, onde passa a viver à sombra da primeira esposa dele. A governanta Juliana (Nathalia), apaixonada pelo patrão, passa a infernizar a vida de Marina.

Manoel Carlos estreou nos folhetins com Helena, trama de 10 capítulos que escreveu para a TV Paulista. Na Globo, sua primeira novela foi Maria, Maria (1978). O autor também colaborou com Gilberto Braga em Água Viva (1980).

Depois disso, escreveu inúmeros sucessos na Globo: Baila Comigo (1981), Sol de Verão (1981), Felicidade (1991), História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços de Família (2000), Presença de Anita (2001), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006) e Maysa – Quando Fala o Coração (2009). Mas suas duas últimas novelas não repetiram o sucesso de antes: Viver a Vida (2009) e Em Família (2014).

Destas, Baila Comigo, Por Amor, Laços de Família, Presença de Anita, Mulheres Apaixonadas, Páginas da Vida e Maysa já foram exibidas no Viva. Assim, é possível que o canal escolha uma trama ainda não reprisada para substituir A Sucessora. Caso descarte Viver a Vida, a faixa poderá resgatar Felicidade ou História de Amor.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor