No Brasil, a Fórmula 1 deveria ser um produto exclusivo da TV fechada?

25/07/2020 às 12h05

Por: Douglas Pereira
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Ao final dessa “inédita” temporada da Fórmula 1, o contrato da Liberty Media (detentora dos direitos de comercialização da categoria) com o Grupo Globo termina e, como já é de praxe nesses casos, burburinhos de que a categoria possa migrar para a concorrência sempre aparecem.

Desta vez, não é diferente. Segundo alguns portais, o Grupo Bandeirantes e a plataforma de streaming DAZN podem ser as novas detentoras dos direitos de transmissão.

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Entretanto, este não é o assunto desta coluna. Não é de hoje que a F1 vem perdendo espaço na TV aberta, obviamente por não termos atualmente um brasileiro correndo por alguma escuderia e também pelas secas de vitórias (a última foi de Rubens Barrichello, em 2009) e de títulos (Ayrton Senna em 1991).

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Mesmo a Globo faturando cerca de R$ 500 milhões com as cotas de patrocínio adquiridas por cinco grandes empresas, o produto não rende mais do que 12 pontos de audiência na capital paulista e chega a perder para o SBT em alguns confrontos com o Domingo Legal.

E isso, claro, é reflexo de como o grupo tem tratado a F1 na TV aberta e na TV fechada. Até alguns anos atrás, a Globo transmitia ao vivo todos os treinos classificatórios realizados aos sábados, além de exibir um programa pré-corrida no domingo, durante o qual tínhamos entrevistas com pilotos e outros profissionais no grid de largada.

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Atualmente, o treino classificatório é convertido em um VT de apenas alguns minutos, exibido dentro do É de Casa ou antes do Jornal Hoje, que foi gravado pelo narrador responsável pela transmissão do evento na íntegra no SporTV.

É evidente que o “produto Fórmula 1” é para um certo nicho de telespectadores, adeptos de um estilo de transmissão que, em resumo, começa antes do treino/corrida e continua depois, principalmente com a transmissão do pódio (que a Globo também deixou de fazer). Afinal, se essas coisas não são mais relevantes para serem exibidas na TV aberta, por que a F1 segue lá? A resposta é óbvia: R$ 500 milhões.

Em um teórico “mundo perfeito”, acredito que chegou o momento de a categoria deixar a TV aberta e, em definitivo, migrar para a TV fechada. O telespectador, não importa o esporte, merece mais respeito com a entrega do produto que deseja. Por isso, trouxe este assunto para discutirmos na coluna de hoje.

O Grupo Globo tem equipe de profissionais e grade de programação de sobra, considerando os três canais de esporte que mantém. Então, qual é a razão para o desdém com um produto que, durante tantos anos, influenciou (e ainda influencia) a vários jovens e segue emocionando o diversificado público brasileiro?

Na TV fechada, não existe aquele compromisso tão ferrenho com o comercial, a audiência (até certo ponto) e o horário. Por isso, no meu entendimento, caso a emissora carioca consiga renovar o contrato com a Liberty Media, talvez tenha chegado a hora de realizar essa transição. Afinal, o público de nicho sempre será cativo, não importando o canal de transmissão.

SOBRE O AUTOR
Douglas Pereira é formado em Jornalismo pela PUC Minas, estudante e estagiário acadêmico em Direito, com passagens pela TV Horizonte e Rádio 98FM, em Belo Horizonte. Além de fazer prints de quase tudo que passa na TV no @uaiteve pelo Twitter, também é entusiasta da aviação, sobre a qual mantém o site Portão Um.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise, opinião e crítica sobre as coberturas jornalísticas, esportivas e do entretenimento na TV brasileira.

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