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A cantora Vanusa partiu neste domingo (8), aos 73 anos, vítima de insuficiência respiratória. Ficou conhecida uma das maiores intérpretes da música popular brasileira.
Foi na segunda metade da década de 1970 que Vanusa esteve mais associada a novelas. No período, a cantora estava no auge da popularidade e emplacou seis canções em trilhas da Globo, entre elas, “Paralelas“, de Belchior, que se tornou um de seus maiores sucessos, em Duas Vidas, novela das oito de Janete Clair, tema da protagonista vivida por Betty Faria.
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Vanusa comentou em depoimento ao livro “Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira” (de Guilherme Bryan e Vicent Villari”: “Moracy do Val, que era meu empresário, levou Belchior na nossa casa, na Serra da Cantareira, para mostrar as músicas dele. Logo que ouvi ‘Paralelas’, me encantei. Lembro que o Antônio Marcos [então seu marido] não gostou, mas, quando saiu o LP e entrou na novela, foi maravilhoso. Foi ao ar numa sexta-feira e na segunda já estava estourando em vendas e nas rádios“.
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As outras músicas de Vanusa em novelas foram: “Amigos Novos e Antigos” (de João Bosco e Aldir Blanc) em Anjo Mau; “Estado de Fotografia” (de Sérgio Sá e Malim) em O Astro; “Desencontro” (de Lincoln Olivetti e Ronaldo Barcellos) em Te Contei?; “Você Vai Gostar” (de Elpídio dos Santos) em Cabocla; e “Meu Nome é Noite Vadia” (de Altay Veloso) em Os Gigantes. Vanusa também fez participações atuando, nas novelas Marron-Glacé e O Amor é Nosso.
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Outra música na voz de Vanusa, “Atômico Platônico” (de Fernandes e Jean Garfunkel), aparece na trilha da supersérie “Os Dias Eram Assim” (da Globo), de 2017, uma coletânea de canções marcantes das décadas de 1960 a 1980.
Porém, a maior associação de Vanusa ao universo das telenovelas aconteceu de maneira inusitada e fora da Globo. Em 1977, a TV Tupi deu início a um projeto de novelas infantis para o horário das 18h. A única que foi adiante foi Cinderela 77, escrita por Walther Negrão e Chico de Assis, uma adaptação moderna do clássico conto de fadas. Vanusa era Cinderela e Ronnie Von, também muito popular na época, era o Príncipe.
Claro que a trilha sonora foi embalada por canções gravadas pelos dois atores-cantores (além de outros intérpretes), com direito a clipes musicais no decorrer da trama. Vanusa teve duas músicas na trilha de Cinderela 77: a romântica “Quero Você” (de Vanusa e Mário Campanha) e a cantiga infantil “O Mago de Pornois” (de Paulo Massadas).
Além de oferecer ao público infantil uma proposta lúdica em forma de novela musical, Cinderela 77 foi uma anti-novela, desmascarando e desmistificando de forma espirituosa e debochada todos os segredos do folhetim. “Era tão moderna, mas tão moderna, que só as crianças tinham capacidade de entendê-la“, disse Walther Negrão em depoimento a André Bernardo e Cíntia Lopes para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”.
Ao livro “Autores” (do Projeto Memória Globo), Negrão revelou: “Uma novela louquíssima (…) metalinguagem pura. Nós misturávamos todas as histórias e só as crianças entendiam. (…) Foi muito gostoso de fazer porque valia tudo naquela novela“.
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Ronnie Von afirmou em entrevista para o livro “Teletema, a História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira”, de Guilherme Bryan e Vincent Villari: “Tinha um aspecto, até certo ponto, surrealista. Era um projeto muito bacana, inteligentíssimo“.
Faço minhas as palavras de Mika Lins no Twitter: “Descanse em paz Vanusa. Ninguém cantou ‘Paralelas’ como você“.
SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.
SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.