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Fui bem generoso no que escrevi após a primeira semana de Cara e Coragem: “A novela tem borogodó. Em poucos capítulos, apresentou um texto ágil e bem amarrado, uma série de personagens carismáticos e aquela vontade de continuar no capítulo seguinte“.
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Ponderações que envelheceram cedo demais. Em poucas semanas, eu já havia largado a novela. Reconheço que fui parcial em minha primeira análise, talvez movido pela simpatia pelo elenco, pela autora Cláudia Souto e pela diretora artística Natália Grimberg.
Boas ideias são empolgantes à primeira vista, mas nem sempre se mantêm ao longo de meses de exibição.
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Não aconteceu
O fato é que Cara e Coragem não aconteceu. Uma “novela de ação” com uma história que ninguém comentava, que mal gerou engajamento, que poucos assumiam que viam. A novela que simplesmente não repercutiu.
Entre os motivos para a não empolgação da audiência estava a emaranhada trama policial, inchada de personagens e um tanto confusa em alguns momentos. Faltaram reviravoltas empolgantes. Um dos pontos altos da trama, a descoberta de que Clarice (Taís Araújo) não havia morrido, foi absolutamente mal aproveitada e desperdiçada.
Porém, de nada adiantariam reviravoltas com personagens pouco carismáticos. Soma-se tudo isso à falta de química entre Paolla Oliveira e Marcelo Serrado (como Pat e Moa, o casal central) e o texto que, na tentativa de engajar, cativar e emocionar, derrapou na pieguice – como na trama do casal gay e em toda a tentativa de merchandising social.
A média final no Ibope da Grande SP foi de 21 pontos, tal qual a registrada pela trama anterior, Quanto Mais Vida, Melhor (foto acima), mas sem a mesma repercussão. Ambas muito longe dos 26 pontos a que chegou Salve-se Quem Puder (2020-2021), que apostou fortemente no pastelão e no escapismo – talvez o que o público tenha sentido falta em Cara e Coragem.
Fria, apática
Apesar da produção de qualidade e do elenco unido, que vendia entrosamento nas redes sociais, na tela Cara e Coragem foi uma novela fria e apática. Faltou verdade.
Personagens pouco carismáticos exigem mais dos atores. Como resultado, nenhum marcou, tampouco não se viu nenhuma grande interpretação do elenco.
Kiko Mascarenhas (foto acima) e Jeniffer Nascimento foram os que se destacaram em meio a tantas atuações burocráticas. Taís Araújo tirou leite de pedra, enquanto Paolla Oliveira e Marcelo Serrado pareciam estar no lugar errado, na hora errada. Na novela errada.
Para a audiência se envolver com o merchandising social, para a história “pegar” e para os personagens serem amados e terem a torcida do público, é preciso uma série de fatores. Cara e Coragem dispunha de todo o aparato técnico necessário, bem explorado até, porém, lhe faltou profundidade em personagens e abordagens.
Lastimo concluir que, para o grande público, longe das bolhas de fãs, Cara e Coragem passou em brancas nuvens.