Ninguém lembra: eterno coadjuvante protagonizou novela na Globo

Fabio Jr e Pedro Paulo Rangel - Pedra Sobre Pedra

O consagrado ator Pedro Paulo Rangel (na foto abaixo, com Fábio Jr. em Pedra Sobre Pedra), que nos deixou no dia 21 de dezembro, aos 74 anos, se destacou em vários papéis inesquecíveis nas telenovelas, sempre como coadjuvante.

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Divulgação / Globo

No entanto, poucos se lembram que o veterano já foi protagonista de uma novela da Globo. Trata-se de O Noviço, de 1975, único folhetim estrelado pelo ator.

Primeiro e único protagonista

Acervo / Globo

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Pedro Paulo Rangel, durante décadas, viveu inúmeros papéis importantes na nossa teledramaturgia. Porém, ele só teve uma única oportunidade de protagonizar uma novela na sua carreira.

O ator havia feito sucesso em Gabriela (1975), trama na qual protagonizou o primeiro nu masculino da televisão brasileira. Tamanho destaque o levou a ser escalado para o papel principal da novela O Noviço, exibida pela Globo no horário das 18h neste mesmo ano.

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A trama, que era uma adaptação de Mario Lago da comédia teatral de Martins Pena (escrita em 1845), narrava as aventuras de Carlos (Pedro Paulo Rangel), sobrinho do interesseiro Ambrósio (Jorge Dória) que, por sua vez, ambiciona ser o único herdeiro de Florência (Isabel Ribeiro), uma viúva que deseja desposar. Para isso, ele planeja uma vida religiosa para os dois filhos dela, Juca (Fábio Massimo) e Emília (Maria Cristina Nunes), e para Carlos, seu sobrinho de criação.

Uma vez no convento, Carlos é transformado em noviço. Ali, ele arma diversas confusões, atrapalhando os planos do vilão. Carlos também se casa com sua prima, Emília.

Pioneirismo

Reprodução / Globo

O Noviço marcou também a estreia de Mário Lago (foto acima) como autor, sendo que esta foi a única novela assinada por ele dentro da TV Globo.

Para que o texto de Martins Pena rendesse uma telenovela de 20 capítulos, o autor precisou criar um personagem inexistente na história original: Flávio, interpretado por Luís Linhares, um velho conhecido do vilão Ambrósio, que é tão inescrupuloso quando Ambrósio, e que, por conhecer seu passado sombrio, passa a chantageá-lo.

De acordo com o livro Memória da Telenovela Brasileira, de Ismael Fernandes, O Noviço ficou marcado pela ligeira e graciosa adaptação de Mário Lago e pela valorização do protagonista vivido por Pedro Paulo Rangel e pelas atuações de Jorge Dória e Isabel Ribeiro.

O folhetim foi a segunda produção da emissora para a recém-criada faixa das seis. A produção foi lançada como uma mininovela, termo denominado na época pela sua curta duração, de apenas 20 capítulos.

Após essa obra, a Globo apostou na faixa das seis para realizar produções de época baseadas em obras da Literatura Brasileira, tendo Herval Rossano como diretor de núcleo. A partir da produção seguinte, Senhora, de Gilberto Braga, as novelas da faixa ficaram maiores e passaram a ser produzidas em cores. Senhora teve 80 capítulos.

O Noviço foi reprisada entre julho e agosto de 1976, às 13h30.

Tipos marcantes

Divulgação / Globo

O noviço Carlos foi apenas um dos vários tipos marcantes interpretados por Pedro Paulo Rangel em sua extensa carreira.

Entre os mais lembrados estão o Audálio, ou o Poliana, de Vale Tudo (1988), braço direito de Raquel (Regina Duarte) que, no decorrer da trama, se torna seu sócio nas redes de restaurantes Paladar. Em entrevista ao site Memória Globo, Rangel explicou o porquê do inusitado apelido.

“Ele só via o lado bom das coisas, por isso ele tinha esse apelido de Poliana”, lembrou.

Outro personagem marcante de Rangel foi o homossexual Adamastor de Pedra Sobre Pedra (1992), o administrador do Grêmio Recreativo da cidade onde se passava a trama, e que nutria uma paixão por Carlão (Paulo Betti).

Em 1995, na minissérie Engraçadinha, ele viveu o Zózimo, um homem simplório e ingênuo que era apaixonado pela sensual Engraçadinha (Alessandra Negrini / Cláudia Raia), com quem se casa após ela provocar uma tragédia em sua família.

Em seguida, ele se destacou ao viver padre Joseph, em A Indomada (1997); Calixto, em O Cravo e a Rosa (2000); Vicente, em Sabor da Paixão (2002); e o tio Gigi, em Belíssima (2005), um homem apaixonado por cinema e que vivia batendo de frente com a sua irmã, a vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro).

Pedro Paulo Rangel também obteve destaque nos programas de humor da TV Globo, como Viva o Gordo (1981-1987), TV Pirata (1988) e Os Aspones (2004). Em 2013, Rangel não renovou seu contrato com a TV Globo, decidido se dedicar mais ao teatro.

O último trabalho do artista na televisão foi na série Independências, da TV Cultura (2022), sobre o bicentenário da Independência do Brasil.

Falecimento

Divulgação

Pedro Paulo Rangel faleceu em 21 de dezembro de 2022, no Rio de Janeiro, aos 74 anos em decorrência de uma doença pulmonar crônica.

Ele se encontrava na CTI da Casa de Saúde São José, na Zona Sul do Rio, para tratar de uma descompensação do quadro de enfisema pulmonar, desde o dia 30 de novembro.

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