Antes da Globo, Nicette Bruno viveu espécie de Betty, a Feia em novela da concorrência

Falecida em dezembro do ano passado, Nicette Bruno esbanjou talento durante décadas na televisão brasileira. Apesar de ter feito muitos trabalhos na Globo – ela pode ser vista, atualmente, nas reprises de Ti-Ti-Ti e Pega Pega, a atriz teve em sua biografia uma forte ligação com a Tupi, onde esteve por 10 anos, após experimentar o sucesso em produções televisivas na Excelsior, como A Muralha (1968) e Sangue do meu Sangue (1969). E a primeira novela de Nicette na emissora pioneira, A Gordinha, chegou ao fim há exatos 51 anos.

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A trama de Sérgio Jockyman – também responsável pelo texto de O Machão (1974), que inspirou O Cravo e a Rosa (2000) – partia de uma premissa que fez sucesso posteriormente, em folhetins com Betty, a Feia, produção colombiana exibida por aqui pela RedeTV!, em 2002: a protagonista fora dos padrões, vilipendiada pelos colegas de trabalho, que por fim encontra o êxito no trabalho e no amor.

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Mocinha sem malícia e de boa fé, Mônica Becker (Nicette) decide deixar o interior para tentar a sorte na cidade grande. Se candidata a uma vaga de secretária numa grande loja de departamentos, mas acaba contratada como balconista. Aos poucos, vai galgando espaço, mesmo enfrentando as trapaças do patrão PT (Fernando Torres), do chefe de vendas Balbino (Jayme Barcellos) e do colega Miranda (Alceu Nunes).

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Mônica dividia suas aflições com a colega bonitona Mariazinha (Ana Lu). As duas dividiam um quarto na pensão de dona Lola (Eleonor Bruno, pela primeira vez em anos de vida artística contracenando com a filha Nicette). Por fim, a funcionária exemplar desperta a paixão de um publicitário galanteador (Fausto Rocha Jr) e de Tiago (Henrique Martins), sócio de PT, com quem se casa no último capítulo.

A Gordinha buscava reforçar a linha adotada em Beto Rockfeller (1968), produção que modernizou o gênero telenovela. A Tupi deixava de lado os dramalhões, apostando forte na abordagem dos dilemas de pessoas comuns, sob uma ótica romântica e “engraçadinha”. Antônio Abujamra assinava a direção, cujas gravações se deram numa loja de departamentos da “vida real”: a Sears, em Água Branca, São Paulo.

O título, claro, vinha da compulsão de Mônica, que se empanturrava de guloseimas sempre os problemas do trabalho a atormentavam. Tendo estreado às 18h30, A Gordinha migrou pra às 20h, cobrindo o buraco deixado por As Bruxas, de Ivani Ribeiro, remanejada para 21h30 por imposição da Censura. Um pedacinho da história da Tupi que o TV História tem o prazer de resgatar.

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