André Santana

Nice (Alexandra Richter) já chegou causando em Terra e Paixão. A beata, que se diz herdeira de Cândida (Susana Vieira), assumiu o controle do bar da cafetina disposta a pregar pela “moral e pelos bons costumes”.

Terra e Paixão - Alexandra Richter
Alexandra Richter como Nice em Terra e Paixão (Fábio Rocha / Globo)

Uma das primeiras metas da “missionária” é promover uma verdadeira “cura gay” no estabelecimento. Algo que a direção da Globo bem que tentou fazer em Vai na Fé

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Mudança radical

Terra e Paixão - Amaury Lorenzo e Diego Martins
Diego Martins (Kelvin) e Amaury Lorenzo (Ramiro) em Terra e Paixão (Estevam Avellar / Globo)

A nova comandante do bar de Nova Primavera é uma missionária religiosa pronta para combater as “sem vergonhices” que aconteciam por ali. Mal chegou ao local, Nice já apontou seus primeiros alvos: Kelvin (Diego Martins) e Luana (Valéria Barcellos).

“Você se desviou do bom caminho. Eu já estudei, sou missionária e vi muitos rapazes como você. Mas eu os encaminho para a cura”, disse ela ao garçom.

Ramiro (Amaury Lorenzo) até tentou defender o amado, mas acabou na mira da religiosa. Além de também querer “curar” o capanga, ela afirmou que Luana precisa ser “consertada”, deixando a gerente do bar furiosa.

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Vida real

Vai na Fé - Priscila Sztejnman e Regiane Alves
Priscila Sztejnman e Regiane Alves nos bastidores de Vai na Fé (Reprodução / Instagram)

A “cura gay” proposta em Terra e Paixão é mais uma tentativa (sem graça) do autor Walcyr Carrasco de fazer humor em sua novela para elevar a audiência. No entanto, na vida real, a Globo chegou a viver algo semelhante em suas novelas, numa espécie de onda conservadora que atrapalhou o desenvolvimento de personagens homossexuais.

A situação veio à tona depois que a direção da emissora optou por cortar o beijo envolvendo Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé. A cena, que chegou a ser divulgada pelo próprio canal, não foi ao ar e revoltou os fãs do casal.

Na época, informações do Notícias da TV davam conta que Amauri Soares, atual diretor-geral dos Estúdios Globo, teria solicitado aos autores que “pegassem mais leve” nas histórias envolvendo casais do mesmo sexo. A determinação seria porque a Globo estaria tentando conquistar um público mais “conservador”. Porém, o diretor negou qualquer ordem nesse sentido.

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Cura gay às seis

Amor Perfeito - Domingos de Alcantara e Carmo Dalla Vecchia
Domingos de Alcantara (Romeu) e Carmo Dalla Vecchia (Érico) em Amor Perfeito (Manoella Mello / Globo)

Amauri Soares negou a ordem, mas a “cura gay” realmente aconteceu nas novelas da emissora. Principalmente, em Amor Perfeito, atual trama das seis. Na história, Érico (Carmo Dalla Vecchia) era um homem homossexual e, por isso, sofria chantagem por parte de Gilda (Mariana Ximenes).

O advogado mantinha um romance secreto com o músico Romeu (Domingos Alcântara). No entanto, o namoro não durou muito tempo, já que Érico acabou colocando um ponto final no relacionamento. Em seguida, ele se envolveu com Verônica (Ana Cecília Costa).

Coincidência ou não, Terra e Paixão também já havia diminuído o espaço de Mara (Renata Gaspar) e Menah (Camilla Damião), que devem formar um casal na trama das nove. Ou seja, Nice já anda promovendo a “cura gay” pela Globo faz tempo…

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor