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Há anos que os realities viraram uma espécie de galinha dos ovos de ouro para as emissoras. O custo de produção não é muito alto, o lucro com cotas de patrocínio é elevado e o retorno da audiência costuma ser positivo. Uma soma bem-sucedida.
Reprodução / Globo – RecordCom a pandemia do novo coronavírus, os formatos ficaram ainda mais populares em virtude do maior número de pessoas em casa e sem opções de entretenimento na televisão aberta, diante de tantas reprises de novelas – as inéditas tiveram gravações interrompidas.
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Porém, em 2022 o resultado foi trágico. O ano foi aberto pelo BBB22 e fechado por A Fazenda.
BBB22
Tudo começou com o fiasco do BBB22 logo em janeiro. Após duas temporadas que foram fenômenos de audiência e repercussão – turbinadas pelos participantes carismáticos e pela já mencionada questão da pandemia –, o reality naufragou.
A grata surpresa foi a apresentação de Tadeu Schmidt, que substituiu brilhantemente Tiago Leifert. A estreia do quadro Big Terapia com Paulo Vieira também foi um acerto. Mas a seleção do elenco se mostrou equivocada logo no começo e o favoritismo do Arthur Aguiar deixou tudo ainda pior. Provas cansativas, jogos da discórdia que não funcionaram e competidores que se recusavam a jogar.
É verdade que a audiência não foi ruim. Embora a média tenha ficado abaixo do BBB20 e 21, os números não representaram um fracasso. E houve um ótimo lucro para a emissora com os patrocinadores. No entanto, a repercussão foi muito baixa e a maior comprovação da falta de entusiasmo do público com os participantes foi o chamado ‘pós-reality’.
Todos sumiram da grande mídia, sem exceção. Até hoje, há comerciais com Juliette Freire e Gil do Vigor, aparições de Manu Gavassi, Thelma de Assis, Babu Santana e Rafa Kalimann, mas nada dos participantes deste ano. Parece até que o último BBB foi o vencido por Juliette Freire.
E o que dizer do campeão do BBB 22? Virou figura ‘non-grata’ e passou a fazer publicidade de produtos e serviços questionáveis em sua rede social. Houve até um clima de ‘já vai tarde’ quando a vigésima segunda temporada chegou ao fim…
No Limite
A Globo seguiu sofrendo com os realities assim que estreou o segundo ano de No Limite, às terças e quintas-feiras. A audiência ficou abaixo da alcançada em 2021 e houve um claro declínio de patrocinadores. A publicidade nas provas diminuiu. A repercussão também ficou muito abaixo da desejada. Tanto que a grande maioria dos competidores ganhou pouquíssimos seguidores em suas redes sociais.
É o reflexo da falta de interesse pelo programa. Porém, justiça seja feita, a temporada foi muito melhor que a do ano passado, tanto no nível das provas quanto na seleção dos participantes. A chegada de Fernando Fernandes na apresentação foi outro bônus. No Limite merecia ter feito mais sucesso.
Power Couple Brasil
O ano catastrófico dos realities não se resume ao principal canal do país. O Power Couple Brasil teve o pior desempenho de toda a história do formato. A repercussão foi próxima a zero nas redes sociais e a audiência um fracasso. Raramente conseguia sair da terceira posição, perdendo para o Programa do Ratinho, no SBT.
A seleção de casais até parecia promissora nas primeiras semanas, mas o reality provou que uma boa disputa não depende só de muitos barracos. A atração teve inúmeras brigas, muitas delas protagonizadas por Brenda Paixão e Matheus Sampaio, os campeões do programa.
Mas o nível dos embates foi descendo tanto e ficando tão pesado que deixou de ser entretenimento. Até um segurança da emissora foi colocado dentro da casa para evitar algo mais grave. E nem assim a disputa decolou. Pelo contrário, acabou afastando os poucos que assistiam.
Ilha Record
A Record enfrentou uma nova fase de fiascos com a segunda temporada do Ilha Record. Mariana Rios entrou no lugar de Sabrina Sato, agora na Globo, e esteve segura na apresentação. Mas o maior acerto do reality ano passado foi a novidade do ‘Exílio’, um local secreto na ilha onde todos os eliminados ficavam e interferiam no jogo. Era uma espécie de paredão falso permanente.
Uma boa ideia do diretor Rodrigo Carelli. Porém, o fator surpresa acabou porque todos os competidores já sabiam que não eram eliminados nas provas. Com isso, boa parte do atrativo do formato se perdeu. O que acabou refletindo na audiência, que já chegou a míseros 2 pontos em alguns dias, ficando em quarto lugar. A repercussão nas redes também foi praticamente nula.
Masterchef
A Band é mais uma vítima do ano nada favorável para os realities. O Masterchef já apresenta sinais de desgaste há muito tempo, mas em 2022 enfrentou ainda mais dificuldades. Como o SBT exibiu os jogos da Libertadores às terças-feiras, dia da competição culinária, houve um efeito negativo gigante para a audiência.
O programa, que tem como jurados Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Helena Rizzo, chegou a ficar com 0,4 pontos. A verdade é que a seleção dos participantes deste ano não foi feliz. Foram poucas as figuras realmente carismáticas. E claro que o que importa em um formato do tipo é a habilidade na cozinha e não carisma.
Mas ainda assim, a disputa nunca chegou a ter candidatos realmente competitivos e favoritos ao prêmio. Foi um festival de altos e baixos. Realmente, não empolgou. Ao menos a emissora acertou com duas temporadas curtas no segundo semestre, a da volta do Masterchef Profissionais e a estreia do Masterchef+, com participantes acima dos 60 anos. Boas surpresas em meio a tantos equívocos.
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Mestre do Sabor
A maré foi tão turbulenta que a Globo até cancelou o Mestre do Sabor no segundo semestre. O reality culinário da emissora nunca teve repercussão e audiência expressivas, mas seguia no ar porque lucrava com publicidade.
Pelo visto, houve um receio com um fracasso maior do que o esperado este ano. O anúncio do cancelamento foi dado junto com a notícia que o formato seria substituído na grade por This is Us, série americana de sucesso, atualmente exibida toda quarta-feira.
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A Fazenda
Após tantos fiascos, veio A Fazenda 14, exibida pela Record desde setembro. O reality comandado por Adriane Galisteu conseguiu o que parecia impossível: ser pior do que tudo de ruim que foi exibido ao longo do ano. Logo na primeira semana, ocorreu um festival de barracos forçados protagonizados por Deolane Bezerra e Deborah Albuquerque.
E o festival de brigas seguiu ao longo dos meses, sempre chefiados por Deolane e seus asseclas, como Vini Buttel, Lucas Santos, Pétala Barreiros, Thiago Ramos e Bia Miranda. Todos fazendo ameaças de morte e forçando agressões físicas em enfrentamentos que caíram na repetição. O programa nunca teve nível, mas, em 2022, os candidatos superaram qualquer previsão das mais pessimistas.
Para culminar, a credibilidade do formato, que sempre foi questionada, naufragou de vez na reta final quando as irmãs de Deolane deram um piti na porta da fazenda, exigindo a saída da peoa só porque a advogada estava sendo odiada pelo grande público e perderia a final para a rival Bárbara Borges.
Vergonha alheia
Elas conseguiram tirar Deolane que, aqui fora, deu um show de vergonha alheia fazendo lives vexatórias sobre privilégios que ela mesma assumiu ter tido no reality, sempre falando em tom de acusação – e não como se não tivesse sido beneficiada.
A maior puxa-saco de Deolane, Pétala, desistiu da competição pouco tempo depois que sua mestra arregou. Como se não bastasse isso tudo, a produção chegou a cancelar a festa da final, mas voltou atrás depois do protesto dos participantes que ameaçaram boicotar a última dinâmica, a da lavagem de roupa suja.
Rodrigo Carelli destruiu uma temporada que ficou marcada como o maior fracasso de todas na audiência. Ao menos Bárbara Borges, a campeã da edição, foi indenizada com o prêmio por ter aguentado um bando de gente insuportável.
O ano de 2022 definitivamente não foi nada feliz para os realities. Resta aguardar para ver se em 2023 a sina continuará ou se os bons tempos retornarão.