André Santana

Elas por Elas estreou na faixa das 18 horas da Globo recebendo vários elogios. A trama de Cassiano Gabus Mendes, que está sendo reinventada por Thereza Falcão e Alessandro Marson, promoveu uma mistura de romance, drama e humor que tem agradado o público.

Deborah Secco em Elas por Elas
Deborah Secco em Elas por Elas (Reprodução / Globo)

No entanto, nem só de elogios vive o folhetim. Já tem espectador reclamando da fotografia da novela, que aposta em imagens escuras demais. Aliás, trata-se de uma reclamação recorrente, já que não é de hoje que o público tem observado a falta de iluminação nas novelas da emissora.

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Falta luz

Deborah Secco e Késia Estácio em Elas por Elas
Deborah Secco e Késia Estácio em Elas por Elas (Reprodução / Globo)

Elas por Elas estreou mostrando ser uma trama leve, bem-humorada e com momentos de pura emoção. Nas chamadas, já se notava que era uma história divertida, tanto que muita gente até apontou que parecia novela das sete.

Porém, o público espera que uma novela alto astral seja colorida, simpática aos olhos. Mas não é o que acontece com Elas por Elas. Apesar de o romance e a comédia serem dois dos pilares da trama, sua fotografia sóbria e escura demais parece não combinar com a proposta.

Ou seja, enquanto o texto busca oferecer leveza, a fotografia torna as coisas pesadas. Tanto que muitos espectadores já estão chiando nas redes sociais.

“A abertura toda colorida, a música com astral lá em cima, e a fotografia da novela toda escura. Pra quê isso?”, reclamou um internauta identificado como Breno no X/Twitter.

“A novela, que é tão vibrante, perde toda a elegância com essa fotografia escura. Amora, diminui esse filtro aí…”, pediu Bruno Presado.

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Marca da diretora

Amora Mautner e Walcyr Carrasco
Amora Mautner e Walcyr Carrasco (Divulgação / Globo)

A diretora artística de Elas por Elas é Amora Mautner, profissional que tem uma assinatura muito forte nos trabalhos que toca na Globo. A fotografia que abusa da escuridão é uma de suas marcas registradas.

Tanto que o breu marcou Verdades Secretas 2 (2021) e A Dona do Pedaço (2019), trabalhos que realizou com o autor Walcyr Carrasco. Nas duas produções, a escuridão era, muitas vezes, realçada com luzes de neon espalhadas pela cenografia. Porém, nos dois casos, a fotografia mais sóbria não incomodava, já que eram dramalhões mais densos.

Mas, em 2015, a diretora enfrentou críticas por conta de seu trabalho em A Regra do Jogo. A trama de João Emanuel Carneiro tinha um tratamento de imagem realizado por meio de um filtro que deixava as cenas num tom escuro e amarelado, o que incomodava parte do público.

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Luz às 18h

José de Abreu e Carmo Dalla Vecchia em Joia Rara
José de Abreu e Carmo Dalla Vecchia em Joia Rara (Reprodução / Globo)

Curiosamente, Amora Mautner também sofreu críticas por escurecer demais as imagens de outra novela das seis. Trata-se de Joia Rara (2013), escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes. Algumas cenas eram tão pouco iluminadas que mal dava para enxergar o que estava acontecendo.

Por outro lado, há de se convir que, apesar do exagero, Joia Rara combinava com a atmosfera sombria impressa pela fotografia menos iluminada. Afinal, era um dramalhão de época que tinha certa densidade.

Mas, em Elas por Elas, tamanha escuridão não faz muito sentido. Dá a impressão de que a direção e o texto não estão falando a mesma língua. Seria bom se, desta vez, a cúpula da Globo ouvisse as críticas e solicitasse à direção da novela que acendesse a luz. O público agradeceria.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor