Terra Vermelha, título provisório da substituta de Travessia da Globo, ainda não está confirmado como o nome oficial do folhetim de Walcyr Carrasco. A emissora, em seu “chamadão” de início de ano, se referiu à novidade apenas como “nova novela das nove”, demonstrando que ainda não definiu o título da produção estrelada por Gloria Pires (na foto abaixo, ao lado de Bianca Bin), Tony Ramos e Cauã Reymond.

Gloria Pires e Bianca Bin - O Outro Lado do Paraíso
Divulgação / Globo

Trata-se de um fato que chama a atenção. Afinal, a Globo sempre foi famosa por sua excelência em organização, sempre com o cronograma muito bem amarrado. Com isso, é bastante incomum que, faltando dois meses para a estreia, a próxima novela das nove ainda não tenha um nome.

Impasse

Walcyr Carrasco
Reprodução

O título Terra Vermelha aparece na sinopse da trama, entregue por Walcyr Carrasco (foto acima) à direção da Globo. Recentemente, o portal Notícias da TV publicou parte do texto do autor no documento, no qual ele explica que a ideia da trama partiu de suas lembranças de infância, quando passou temporadas na fazenda de seu tio, no Mato Grosso do Sul.

“A lembrança da terra vermelha permaneceu em minha memória. Era uma terra excelente para o cultivo, que fazia a agricultura render. Meu tio não ganhou dinheiro. A terra vermelha nunca saiu da minha imaginação. Graças a ela, fortunas foram erguidas, porque é uma terra produtiva. Grandes fazendas foram criadas, as plantações estendidas. Ainda agora, ao voltar à região de Dourados para minhas pesquisas, confirmei: a terra vermelha é mais cara. A lembrança de minha infância era, sim, real”, escreveu Carrasco.

Mas a escolha do título passa por um impasse. Conforme adiantou nosso colunista Duh Secco, o nome virou dúvida por conta de um livro, com o mesmo título, escrito pelo escritor paraense Domingos Pellegrini. Assim, para utilizar a marca, a emissora teria que negociar com o autor da publicação.

Além disso, a direção da Globo temia a conotação política que Terra Vermelha poderia alcançar. A cor em questão está relacionada ao PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que poderia gerar barulho desnecessário em meio aos críticos do governo atual, que já veem a Globo como inimiga.

Opções

Johnny Massaro
Divulgação

Porém, apesar da dúvida, a Globo não desistiu de vez de Terra Vermelha para nomear o folhetim que terá Johnny Massaro (foto acima) como mocinho. De acordo com o Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), a emissora deu entrada no pedido do registro do título. O pedido foi feito em junho de 2022 e, segundo o Inpi, a solicitação aguarda “exame de mérito”.

Por conta desta indefinição, a emissora tratou de registrar outros nomes que podem servir como título à produção. De acordo com Duh Secco, Eu Sou a Terra e Terra Bruta são algumas das possibilidades. Já o Notícias da TV informou que Terra Mãe também aparece entre as opções.

Casos semelhantes

Marco Nanini - Andando nas Nuvens
Divulgação / Globo

Apesar de incomum, não é a primeira vez que a Globo demora para definir o título de uma novela sua. Em 1999, Andando nas Nuvens (com Marco Nanini, foto acima) demorou um certo tempo para ganhar este nome, e a emissora cogitou várias possibilidades: Maluco Beleza, Louco Varrido, Feliz por um Triz, Volta por Cima e A Última Noite do Século eram as outras opções.

Na novela seguinte, uma indefinição também atrasou a divulgação do nome da trama. Walther Negrão, o autor, desejava que sua novela se chamasse Vila Madalena, nome do bairro paulistano onde se passava a trama.

“A Vila é um bairro que transborda cultura e que tem momentos distintos à noite, com os bares, e durante o dia, com as empresas. Está coalhado de artistas plásticos, escritores, atores e intelectuais”, explicou o novelista, na época.

Entretanto, a direção da Globo tinha preferência por um nome mais, digamos, “universal”, e cogitou o genérico Sexo Oposto. Mas Negrão insistiu em sua ideia e acabou levando a melhor, mantendo Vila Madalena como o nome de sua produção.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor