Nesta segunda (25), a TV Gazeta de São Paulo comemora 51 anos de existência. A emissora, que fica no coração da Avenida Paulista, tem uma grande importância na história da nossa televisão.

Hoje, vamos relembrar alguns fatos da mais paulistana das televisões: o bom e velho canal 11.

Confira:

O lançamento do canal 11 com Apollo 11

Quando a Gazeta entrou no ar, em 1970, São Paulo contava com seis emissoras vigentes; a televisão não era mais uma novidade e sim uma realidade. Mesmo assim, as dificuldades para fazer uma estação funcionar ainda era grande. Os funcionários da Fundação Cásper Libero trabalharam duro para que o canal entrasse no ar.

A divulgação foi grande: A Gazeta Esportiva, jornal que fazia parte da Fundação, anunciava a chegada do novo canal dia 25, mas com uma observação: se ocorresse algum imprevisto, entraria no ar dia 30.

No dia da inauguração, com apenas uma câmera funcionando, o público ouviu as palavras do então prefeito Paulo Maluf e do governador, Abreu Sodré, e conheceu a história do grande jornalista Cásper Libero.

Após a apresentação, um vídeo especialmente cedido pela NASA mostrava a história da Apollo 11, a primeira espaçonave a aterrissar na Lua. E, assim, o canal 11 chegava e aterrissava na casa dos paulistanos.

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A liderança no Ibope com o basquete feminino

A Gazeta sempre teve o esporte correndo em suas veias, e não é à toa: a Corrida de São Silvestre era organizada pela Fundação e A Gazeta Esportiva era um importante e influente jornal de esportes.

O Mesa Redonda é transmitido até hoje, se tornando um programa tradicional nas noites de domingo.

A primeira vez que a TV Gazeta liderou a audiência foi com o campeonato mundial de basquete feminino de 1971, que ocorria na cidade de São Paulo. As outras emissoras não deram muita bola ao torneio, deixando-o de bandeja ao canal 11. Os jogos eram às 20 horas, todos exibidos ao vivo.

A Globo, que já mostrava sua força, assistia à derrota para a emissora da Avenida Paulista, que chegou a ganhar de 51 pontos no Ibope contra 13 do canal 5. O Brasil não ganhou, perdendo para a União Soviética, mas a Gazeta sentiu o gosto doce da vitória e a Globo, o amargo da derrota. No ano seguinte, a Rede Globo comprou os direitos da competição com exclusividade.

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Uma mão para os “Hermanos”

A Gazeta teve um papel importante na implementação da TV a cores no Brasil: Vida em Movimento, apresentado por Vida Alves, seria o primeiro programa a cores da nossa televisão. Mas não foi apenas no Brasil que a Gazeta foi pioneira na cor: a equipe da emissora ajudou a levar as cores para a Argentina.

Em 1975, foi lançado o Festival OTI de Folclore IberoAmericano, organizado pelo Organização da Televisão IberoAmericana. O governo solicitou a ajuda dos brasileiros na primeira transmissão a cores do país e a TV Gazeta foi a escolhida. Foi uma batalha para transportar todo o equipamento de São Paulo até Buenos Aires, a burocracia era grande, mas no fim deu tudo certo. Por um mês, os técnicos da Gazeta ensaiaram com os técnicos da ATC, emissora pública da Argentina.

No dia da transmissão ao vivo, Luis Francfort, chefe da delegação, soube que um diretor da TV Tupi sabotou a transmissão ao vivo, impedindo a exibição. O jeito foi exibir o ensaio gravado no mesmo momento que ocorria o festival na Argentina. Mesmo com todos os problemas, a transmissão deu certo, a TV a cores se tornou uma realidade para os argentinos, que choravam com essa nova conquista.

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Festa do Mallandro: da liderança de audiência para audiência na Justiça

A Gazeta sempre teve programas populares, mas uma atração em especial chamou a atenção no final da década de 1990: Festa do Mallandro. Nessa época, Sérgio Mallandro vivia no ostracismo e estava fora da televisão, passando dificuldades financeiras.

Foi então chamado pela CNT/Gazeta (a emissora do Paraná tinha uma parceria com o canal paulista), para um programa no sábado à tarde. Em um estúdio pequeno, o apresentador comandava as pegadinhas, nas quais ele participava sempre caracterizado. A audiência, pouco expressiva antes da atração, chegou a atingir quatro pontos, um ótimo resultado.

O programa estendeu a duração e foi para as noites de sábado. O sucesso das pegadinhas rendeu nove pontos, batendo o Supercine, da Globo, e trazendo o apresentador à loucura, quebrando peças do cenário.

Mesmo com o sucesso, o programa beirava ao escatológico. Além de abusar dos “closes ginecológicos” nas Mallandrinhas, as bailarinas do programa, o ‘Festa’ apelava também para o sensacionalismo gratuito.

O episódio mais lembrado foi colocar um ator para oferecer um pó que simulava cocaína ao cantor Rafael Ilha, que tentava se recuperar do vício das drogas. Com todas essas polêmicas, o programa trouxe bons índices de audiência, mas não livrou Mallandro e a Gazeta de processos na Justiça.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor