Quem não viu Todas as Flores no Globoplay agora tem a chance de assistir à novela de João Emanuel Carneiro. A Globo começou a exibir a saga de Zoé (Regina Casé) e Vanessa (Leticia Colin, foto abaixo) na faixa das 22h30, esperando que o folhetim alcance, na TV aberta, a mesma receptividade que atingiu no streaming.

Todas as Flores - Letícia Colin
Letícia Colin como Vanessa em Todas as Flores (Reprodução / Globoplay)

Mas não se engane com os primeiros capítulos da produção. Apesar de ser uma obra festejada e ter suas qualidades, Todas as Flores derrapou feio na reta final e deixou muitos espectadores decepcionados.

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Êxito

Todas as Flores - Regina Casé e Sophie Charlotte
Regina Casé (Zoé) e Sophie Charlotte (Maíra) em Todas as Flores (Reprodução / Globoplay)

Lançada como a primeira novela 100% original do streaming – já que Verdades Secretas 2 era uma continuação de uma trama lançada na TV -, Todas as Flores estreou fazendo barulho no Globoplay. João Emanuel Carneiro apresentou um novelão da melhor qualidade, com vilãs atrativas e uma história cheia de reviravoltas.

A saga da deficiente visual Maíra (Sophie Charlotte), que é enganada pela mãe Zoé e pela irmã, a terrível Vanessa, em pouco tempo, se tornou um hit do Globoplay. Mesmo restrita ao streaming, a produção alcançou ampla repercussão e rendeu muitos memes.

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Zoé e Vanessa, que viviam uma relação caótica, caíram nas graças do público. A personagem de Regina Casé fugia do óbvio ao se mostrar dúbia, enquanto a de Letícia Colin era a típica megera debochada que costuma agradar o fã noveleiro. Tudo funcionou.

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Queda

Todas as Flores - Thalita Carauta e Yara Charry
Thalita Carauta, Yara Charry e Leticia Colin em Todas as Flores (Reprodução / Globoplay)

No entanto, os elogios dos primeiros capítulos não foram repetidos na reta final de Todas as Flores. A novela foi lançada em duas partes no streaming, mas a “segunda temporada” não agradou os fãs.

Personagens como a própria Maíra, além do mocinho Rafael (Humberto Carrão) e outros tipos populares, como Mauritânia (Thalita Carauta) tomaram rumos decepcionantes. Esta última, por exemplo, era viva e esperta na primeira fase, mas se tornou ingênua e triste na segunda.

Além disso, algumas viradas da reta final renderam críticas, já que foram consideradas absurdas em demasia. Tais erros não foram perdoados pelos fãs da obra, que havia começado tão bem e empolgado a plateia.

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Vantagens da TV aberta

Regina Casé e Mariana Nunes em Todas as Flores
Regina Casé e Mariana Nunes em Todas as Flores (divulgação/Globo)

Na verdade, o que mais prejudicou Todas as Flores foi a estratégia equivocada da Globo de fatiá-la em duas partes. O fato de a novela ter “duas temporadas” gerou uma falsa expectativa no público de que o segundo ato marcaria uma grande virada, o que não aconteceu.

Além disso, o hiato entre as duas partes desestimulou parte do público a seguir acompanhando a história. E mais: a pausa reforçou uma falsa impressão de que a trama ficou mais absurda na reta final, o que não é de todo verdade. Quem acompanhou atentamente desde o início percebeu que Todas as Flores sempre abraçou o rocambolesco.

Sendo assim, a exibição na TV aberta, sem pausas, pode até ser benéfica para a novela. O público que acompanhá-la pela televisão “numa tacada só” poderá ter uma impressão diferente daqueles que a viram no streaming, já que não haverá uma divisão. Ou seja, apesar da derrapada, Todas as Flores poderá demonstrar outro fôlego na nova exibição.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor