Tendo seu fim decretado pela Globo no ano passado, Malhação vinha resistindo ao tempo e mudando sua linguagem, a fim de atingir o público jovem. O folhetim surgiu em 1995, a partir da necessidade da Globo de falar com os adolescentes e de ocupar um horário cheio de enlatados estrangeiros.

Malhação

A empreitada deu certo, a audiência cresceu e se fixou na grade da emissora. O programa teve altos e baixos, diversas mudanças de cenário e, por fim, de “malhação” só manteve o título, buscando levar ao público dilemas e pautas que fazem parte do cotidiano dos jovens brasileiros.

Por conta desse sucesso, SBT e Record tentaram seguir a mesma linha de Malhação com duas obras: Colégio Brasil, de 1996, e Alta Estação, de 2006. O investimento foi alto, mas o retorno, abaixo do esperado.

Malhação do SBT

Em 1996, a emissora de Silvio Santos lançou, no mesmo dia, três novelas: Antônio Alves, Taxista, Colégio Brasil e Razão de Viver. Era um fato inédito no SBT e contava com grandes nomes da dramaturgia, como a produção de Colégio Brasil, escrita por Yoya Wursch e dirigida por Roberto Talma, a grande aposta para que o público jovem mudasse para o canal.

A novela, que se passava em um típico colégio paulistano, mostrava o cotidiano dos jovens alunos, com temáticas adolescentes e de romances. Edwin Luisi, Maria Padilha, Giuseppe Oristânio, Ítala Nandi e Taumaturgo Ferreira, entre outros, faziam parte do elenco.

No início, a trama chegou a agradar ao público, elevando a audiência do SBT no horário, mas não demorou a sofrer críticas, sendo até apelidada de “Carroção”, uma mistura de Malhação com Carrossel.

Feita pela JPO, produtora independente dirigida por Roberto Talma (foto acima), Colégio Brasil tinha problemas, tais como falhas na produção e até na dicção de alguns atores. As constantes mudanças no horário e um desentendimento entre Silvio e o diretor fizeram com que a novela fosse encurtada e saísse do ar antes do previsto, há exatamente 26 anos, em 20 de setembro daquele ano.

Malhação da Record

Uma década depois, em 2006, a Record lançou a novela jovem Alta Estação na faixa das 18h, com o objetivo de atrair o público jovem já cansado de Malhação, cuja audiência estava em declínio na época. A novela contava a história de seis jovens calouros na faculdade e destacava seus dilemas, emoções, romances e confusões.

Os protagonistas Lana Rodes, Andréia Horta, Gregório Duvivier, Daniel Aguiar e Raquel Fabbri estreavam na televisão. A trama foi toda gravada no Rio de Janeiro, o que se assemelhava muito ao visual de Malhação, também filmada na cidade.

O primeiro episódio emplacou oitos pontos no Ibope. Mas, após a estreia, a audiência começou a cair, ficando longe dos dois dígitos esperados pela direção da Record. A atração trocou de horário para às 19 horas, mas o fato não surtiu efeito algum e a audiência ficou na mesma.

Alta Estação saiu do ar oito meses após a sua estreia e, hoje em dia, mal é lembrada pelo público e pela própria emissora.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor