Não precisava: maior erro de A Viagem poderia ter sido evitado

08/12/2024 às 6h30

Por: André Santana
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Lucinha Lins em A Viagem

Com novo repeteco no Viva celebrando os 30 anos de sua estreia, A Viagem (1994) reafirma todas as suas qualidades na reprise. No entanto, o clássico de Ivani Ribeiro também expõe seus defeitos, que são muitos.

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O saldo, claro, é positivo. A trama central, forte e envolvente, segue impactando o público, mesmo depois de 30 anos.

Porém, a versão da Globo da trama produzida originalmente em 1975 pela Tupi, derrapou com protuberantes barrigas. Mas tudo se encaminha para um final feliz.

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A novela, inclusive, reservou bons momentos até para seus vilões, como Ismael (Jonas Bloch), que tanto mal fez para Estela (Lucinha Lins) e outros personagens.

Esses foram os dois maiores erros da trama, que poderiam ter sido facilmente evitados.

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Novela atemporal

O maior acerto de A Viagem, e que a faz ser considerada uma das melhores novelas de todos os tempos, é sua trama principal. A vingança de Alexandre (Guilherme Fontes) e o romance entre Diná (Christiane Torloni) e Otávio (Antonio Fagundes) resistem ao tempo e segue impactante mesmo 30 anos depois de sua exibição original.

Novelista experiente e que sabe dominar a emoção do público, Ivani Ribeiro foi habilidosa ao construir um folhetim baseado no espiritismo. No fundo, A Viagem é uma história de amor além da vida, mote que mobiliza a audiência.

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A novela consegue ultrapassar a barreira da religião, já que mexe com o imaginário popular. Mesmo quem não compartilha da crença mostrada na novela compreende a trama como uma fantasia bem realizada. Daí o sucesso da novela em suas duas versões – e que provavelmente se repetiria numa terceira.

Barriga demais

Dito isso, também é justo apontar que, por mais qualidades que A Viagem tenha, a novela tem seus defeitos. A versão da Globo incluiu novos personagens e histórias que não acrescentaram nada à trama central e ajudaram a aumentar a sensação de “barriga” – aquele momento em que nada acontece na história.

Algumas situações da reta final serviram apenas para encher linguiça, como a trama em que uma das crianças do casarão de Mascarado (Breno Moroni) poderia ter roubado uma correntinha de dona Lindalva (Maria Cristina Gatti).

Os personagens criados para a segunda versão de A Viagem se mostraram mais fracos que os da trama original. Porém, a história central é tão magnética que este problema acabou ficando menor.

Final feliz pra todo mundo (mesmo)

O final de A Viagem também chama a atenção pela grande quantidade de finais felizes. Até mesmo vilões não foram devidamente punidos no desfecho da obra, o que não deixa de ser inusitado.

Mas, na trama central, o final feliz cabe bem. Afinal, o maior vilão era Alexandre, um espírito obsessor. É coerente com a proposta da novela que seu final envolva arrependimento e reencarnação.

Porém, tipos como Mauro (Eduardo Galvão) e Ismael tiveram finais amenos.

O primeiro teve um final feliz com Naná (Keila Bueno), enquanto o segundo conseguiu escapar da morte e da prisão – mas, por outro lado, ficou numa cadeira de rodas e ainda sofreu grande humilhação de Regina (Mara Carvalho).

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