André Santana

Amor Perfeito teve uma reta final bastante agitada. Os autores Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. resolveram movimentar todos os núcleos, dando espaço a bons personagens que, estranhamente, passaram a novela toda apagados, enquanto vimos um foco maior na trama envolvendo Marê (Camila Queiroz), Gilda (Mariana Ximenes) e Orlando (Diogo Almeida).

Amor Perfeito - Diogo Almeida
Diogo Almeida como Orlando em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Tipos como Lívia (Lucy Ramos), Aparecida (Isabel Fillardis), Wanda (Juliana Alves), Silvio (Bukassa Kabengele) e Elza (Raquel Karro) só ganharam mais espaço quando a trama das seis da Globo se encaminhou para o fim. Já outros personagens promissores, como Severo (Babu Santana) e João (Allan Souza Lima), ficaram pelo caminho.

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Esquecidos

Amor Perfeito - Alan Rocha e Isabel Fillardis
Isabel Fillardis (Aparecida) e Alan Rocha (Antônio) em Amor Perfeito (Fábio Rocha / Globo)

Os autores de Amor Perfeito conceberam diversos personagens coadjuvantes com bastante potencial. No entanto, os novelistas não conseguiram desenvolver nenhum deles satisfatoriamente. Pelo contrário. Enquanto o duelo entre Marê e Gilda, mesmo sem fôlego, ganhou enorme espaço, outras histórias foram completamente esquecidas.

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Aparecida e Wanda, por exemplo, passaram a novela toda surgindo em cenas sem importância. Nenhuma das duas personagens teve sua história desenvolvida. Sabia-se que a primeira engataria uma carreira musical, mas isso só aconteceu em capítulos recentes. Já a segunda guardava segredos importantes da história, o que só foi mostrado perto do fim.

Amor Perfeito - Juliana Alves
Juliana Alves como Wanda em Amor Perfeito (João Miguel Júnior / Globo)

Aliás, o casal Wanda e Silvio tinha enorme potencial justamente por estarem diretamente ligados a Gilda. Porém, o fato foi simplesmente ignorado a novela toda e revelado apenas no fim. Com isso, o promotor só aparecia mesmo quando Gilda precisava dele para alguma falcatrua. Muito pouco.

Lívia também passou boa parte da novela sem fazer nada muito significativo. Sua história só se desenvolveu na reta final, com sua gravidez psicológica e a chegada de Pedro Valente (Rodrigo dos Santos).

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Início promissor

Raquel Karro e Glicério do Rosário
Raquel Karro e Glicério do Rosário em Amor Perfeito (Divulgação / Globo)

Outros personagens começaram bem, mas ficaram pelo caminho. É o caso de Elza, que deixou o marido mau-caráter Turíbio (Glicério do Rosário) para fugir com Odilon (Bruno Quixotte) logo no início de Amor Perfeito. No entanto, depois da fuga, essa história ficou completamente esquecida.

Elza voltou para testemunhar a morte de seu filho, Fabiano (Pedro Sol), assassinado por engano por Turíbio, que queria matar a esposa. Um drama e tanto, mas desenvolvido rapidamente, em pouco mais de um capítulo.

Frei João também tinha uma história interessante com Darlene (Carol Castro), mas seu dilema entre a religião e o amor foi pouco explorado. Pior ainda é o caso de Severo, que convivia pela culpa por ter matado um homem, acidentalmente, no passado. A história pregressa do frei não fez qualquer diferença no enredo e foi esquecida rapidamente.

Pressa

Severo (Babu Santana) e João (Allan Souza Lima) em Amor Perfeito
Babu Santana (Severo) e Allan Souza Lima (João) em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Esses são apenas alguns exemplos, já que há vários coadjuvantes em Amor Perfeito que passaram a novela toda quase como figurantes e, na reta final, ganharam tramas apressadas. Nas redes sociais, são várias as críticas à opção dos autores de não dar o devido espaço a estes personagens.

“Olha, essa novela ficaria bem melhor se tivessem dado mais espaço para tramas paralelas, pois os protagonistas e o Marcelino (Levi Asaf) são um porre e, ao meu ver, deixam a novela sem graça”, reclamou Hendry L Dream, no Twitter.

“Eu acho os personagens secundários tão ricos, que podiam ser tão bem aproveitados… lamentável o rumo que essa novela tomou”, completou Sayuri Mori.

Ou seja, Amor Perfeito foi uma novela extremamente mal planejada. Os autores correram tanto com a trama principal, que ela foi esgotada rapidamente. Ao mesmo tempo, eles praticamente ignoraram as histórias paralelas, que poderiam ter dado uma maior sustentação ao enredo. No fim, se apressam novamente para fechar as histórias. No mínimo, bem esquisito.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor