André Santana

O início de Amor Perfeito foi bastante criticado pelo público em razão da profusão de acontecimentos. Toda a trama envolvendo a tentativa de assassinato de Leonel (Paulo Gorgulho), a derrocada de Marê (Camila Queiroz) e suas idas e vindas com Orlando (Diogo Almeida) foi contada num ritmo alucinante, com uma pressa desnecessária.

Diogo Almeida em Amor Perfeito
Diogo Almeida em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Depois disso, como era de se esperar, a trama entrou em ponto morto e passou um bom tempo andando em círculos. Mas agora, na reta final, os autores pisaram no acelerador novamente. Com isso, surgem diversas situações atropeladas, que poderiam ter sido mais bem exploradas se tivessem acontecido antes.

[anuncio_1]

Sumiço de Marcelino

Levi Asaf é Marcelino em Amor Perfeito
Levi Asaf é Marcelino em Amor Perfeito (reprodução/Globo)

A maior prova de que Amor Perfeito perdeu o time e, agora, tenta correr atrás do prejuízo é o plot envolvendo o envio de Marcelino (Levi Asaf) para um colégio interno. Tudo aconteceu depois que Gilda descobriu que estava sendo enganada por Orlando e Marê e decidiu se vingar.

A vilã, então, tratou de mandar o garoto para um colégio interno na surdina, de modo a deixá-lo longe de Orlando. O mocinho, claro, se desesperou ao saber o que aconteceu, assim como Marê. No entanto, todo o sofrimento do casal e do garoto durou menos de um capítulo.

Orlando simplesmente pressionou Gilda que, sem saída, entregou onde escondeu o menino. Com isso, Marê e Orlando foram até o local e trouxeram Marcelino de volta. O acontecido, claro, serve para que o médico se separe de vez da vilã, mas a trama poderia ter rendido mais se não tivesse sido tão apressada.

[anuncio_2]

Personagens esquecidos

Pedro (Rodrigo dos Santos) e Lívia (Lucy Ramos) em Amor Perfeito
Pedro (Rodrigo dos Santos) e Lívia (Lucy Ramos) em Amor Perfeito (reprodução/Globo)

Outro acontecimento da semana que mostra o quanto Amor Perfeito acelerou envolve a morte de Fabiano (Pedro Sol). O rapaz mal apareceu na novela e ficou esquecido capítulos a fio. No entanto, ele retorna agora, doente, e já vai morrer, vítima do próprio pai, Turíbio (Glicério do Rosário).

O dono do jornal atira no filho por engano, tentando matar Elza (Raquel Karro), outra personagem que estava esquecida. Ela fugiu com Odilon (Bruno Quixotte), cansada de ser maltratada pelo marido. Turíbio, desde então, ameaçou se vingar, mas esta história acabou esquecida por Duca Rachid, Julio Fischer e Elísio Lopes Jr. Será retomada na reta final, e de forma apressada.

Outros personagens esquecidos ganharam uma trama apenas agora, no fim da novela. Caso de Lívia (Lucy Ramos), que ganhou mais destaque apenas no último mês. Já Aparecida (Isabel Fillardis) e Wanda (Juliana Alves) ganham importância apenas a partir dos capítulos desta semana. Elas passaram a novela toda sem uma história própria.

Até mesmo o retorno de Leonel poderia ter acontecido antes. A volta do personagem traz desdobramentos que deverão ser resolvidos rapidamente, já que a novela está quase no fim.

 

[anuncio_3]

Andando em círculos

Mariana Ximenes em Amor Perfeito
Mariana Ximenes em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Amor Perfeito foi uma novela muito mal planejada. Os autores tinham em mãos um bom folhetim, mas não souberam dosar o ritmo da narrativa. O início foi truncado, ao ponto de não deixar o público se envolver com os personagens, além de ter deixado pontas soltas e fatos sem explicação.

Depois disso, a história passou a andar em círculos, baseada apenas nas armações de Gilda sobre Marê e Orlando, que ficaram a novela toda desarmando suas armadilhas. Enquanto isso, vários coadjuvantes mal apareciam, pois os autores deixaram várias histórias em stand-by.

Histórias essas que foram resgatadas na reta final, quando não há mais tempo hábil para desenvolvê-las adequadamente. Ou seja, os autores “enrolaram” por um bom tempo e, agora, correm para agilizar o desfecho da história. Um desperdício.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor