Épico, principalmente para quem gosta de história da televisão. Assim pode ser definido o Tá no Ar da última terça (11). O episódio, que fechou a quarta temporada da atração, foi temático dos anos 1970, parodiando diversos quadros de sucesso daquela época e também mostrando imagens preciosas de programas e vinhetas da própria Globo e de outros canais, como Tupi e TVS.
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Como a especialidade do TV História é resgatar a história da televisão brasileira, nada mais justo do que elucidar algumas passagens exibidas no humorístico.
Logo no começo, as referências foram séries de sucesso daquela época. Marcelo Adnet e Marcius Melhem apareceram em motocicletas parodiando a abertura de Chips, inclusive com o mesmo tema da série marcante do período.
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Confira a abertura original:
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Depois foi a vez de As Panteras, com Renata Gaspar, Luana Martau, Carol Portes e Márcio Vito. O inesquecível tema de abertura, claro, também foi utilizado.
Relembre a abertura original:
Em seguida, veio Kojak, icônica série dos anos 1970, com o impagável Welder Rodrigues na pele do detetive que chupava pirulito.
Vamos relembrar?
Georgiana Goés virou a Mulher Biônica.
Quem souber como é a abertura original, vai sacar a paródia:
Outro clássico que não poderia faltar é S.W.A.T., incluindo um dos mais icônicos temas da história da televisão mundial.
A abertura original da série foi representada por Danton Mello:
A bela Veronica Debom encarnou Lynda Carter e se transformou na Mulher Maravilha. Quem é mais velho vai se lembrar.
A abertura que foi reproduzida:
Por fim, Mauricio Rizzo deu vida ao Homem Aranha, da série homônima que não foi tão bem-sucedida assim.
Confira a abertura original:
Com direito a dublagem de Cid Moreira, o certificado da censura anunciou que estava no ar mais um campeão de audiência. Tratava-se do Balada Disco, que pode ser considerado o pai do Balada Vip. A atração era apresentada por Cesinha Matarazzo (Marcius Melhem). Uma das figurinhas carimbadas na atração dos anos 1970 é Antenor Karlakian (Marcelo Adnet). Para quem ainda não ligou os sobrenomes, Cesinha e Antenor são pais de Rick Matarazzo e Tony Karlakian, respectivamente. No esquete, Cesinha entrevista Antenor durante a inauguração de sua nova discoteca, a Estúdio 54 Milhões. Ao longo do papo, Rick e Tony, ainda crianças, aparecem brincando perto dos pais, mostrando que a parceria nasceu há muito tempo. Menção honrosa à hilária citação ao saudoso Franco Montoro, que foi governador de São Paulo, entre outros cargos na política.
O Tá no Ar também fez montagens envolvendo cenas históricas, como aquela onde Rubens de Falco pede para Lucélia Santos tirar suas botas em A Escrava Isaura. Luana Martau assumiu o papel dizendo “nem fudendo”. Depois, Georgiana Góes “participou” do humorístico Chico City, contracenando com o mestre Chico Anysio no quadro do Pantaleão. Fábio Jr. cantando Pai na série Ciranda, Cirandinha também foi mostrado – com direito a “participação” de Melhem e Adnet. O vídeo não está no YouTube, mas pode ser visto na página do programa no site Memória Globo.
Aliás, Marcius Melhem apareceu como apresentar de um telejornal ao ler uma rápida notícia. O cenário remetia ao Jornal Nacional do final dos anos 1970, enquanto a marca que aparecia era a do Jornal das Sete, o atual Praça TV das afiliadas da Globo.
Confira nas fotos abaixo se realmente não ficou parecido com o JN da época.
Marcelo Adnet não poderia deixar de imitar Silvio Santos fazendo o inesquecível jogo do “foguetinho”. Só que nesta versão Marcius Melhem tinha que escolher entre o embaixador americano e presos políticos, em clara referência à ditadura militar que perdurava no Brasil.
Depois do comercial do Orelhão, única forma de comunicação disponível nas ruas naquela época, surgiu o anúncio do Bigolden, nada mais do que uma paródia dos famosos comerciais da Colorama nos anos 1970:
O especial também teve uma paródia com comercial do Decolar.com (virou Exilar.com), para exilados da ditadura brasileira, e o Vila Sésamo, célebre atração infantil da Globo e Cultura, que ensinou as crianças a cantar YMCA, do Village People.
Outro trecho importante foi o que mostrou o apresentador do Jardim Urgente como um jovem repórter de campo na despedida de Pelé da Seleção Brasileira, em 1971, em amistoso contra a Iugoslávia. Bevilacqua ficou irritado, como sempre. Ele seguiu os passos de Faustão, Datena e Marcelo Rezende e virou apresentador de programa – no caso dos últimos dois citados, atrações policiais…
Trechos de programas
Uma das melhores partes do programa foi a tradicional troca de canais, que mostra cenas de outras esquetes como se o telespectador estivesse zapeando. A seção mostrou, com muito chiado característica da época, raríssimas imagens da história da televisão brasileira.
A primeira imagem mostrada foi de uma luta livre de Ted Boy Marino, grande astro dos anos 1960 e 1970, que chegou a apresentar programas na Globo e participou, por muitos anos, de Os Trapalhões. Infelizmente não consegui o vídeo original dessa luta para postar.
Tirando esse, listo as referências abaixo, com os respectivos vídeos:
Apareceu a vinheta da TVS, canal 11 do Rio de Janeiro, primeira emissora própria de Silvio Santos. Também foram mostrados trechos de vinhetas de programas de Nelson Rubens e Zora Yonara. Todas estas nesse vídeo:
Em seguida, o polêmico cineasta Glauber Rocha e o seu programa Abertura, apresentado na Tupi no final dos anos 1970. O trecho em que ele fala das “vedetes da televisão brasileira” surge em 03:22 do vídeo abaixo:
Não podia faltar Carlos Imperial e seu dançante programa exibido na Tupi e na TVS no final dos anos 1970. As imagens mostradas são da Tupi, a partir de 02:10:
Também foram mostrados dois trechos do Show de Calouros, que Silvio Santos apresentava na Tupi, na TVS e na Record. Foram ao ar na Globo trechos de Wilza Carla entrando como jurada e uma candidata que não foi bem avaliada:
Flávio Cavalcanti não poderia ficar de fora dessa retrospectiva dos anos 1970. Um dos mais importantes comunicadores do período teve imagens do programa A Grande Chance, da Tupi, mostradas no Tá no Ar:
Tony Ramos sem roupa saindo de casa em O Astro também pode ser visto. E aproveitaram para fazer uma gracinha com os pelos do ator…
Clipes do Fantástico
Não podemos falar dos anos 1970 sem citar os clipes do Fantástico. Foram mostrados três clipes, que os brasileiros viram originalmente naquela época, mas com novas roupagens, cutucando a ditadura.
O primeiro foi o do Secos e Molhados, com Ney Matogrosso:
O segundo foi Os Mutantes, com Rita Lee, e a clássica Ando Meio Desligado:
Depois veio Qualquer Coisa, com Caetano Veloso:
Por fim, Novos Baianos, com Brasil Pandeiro:
Ainda apareceu o que deve ser o pai do militante revoltado que brada contra a Rede Globo de Televisão. Só que, para surpresa de todos, o decano se voltava contra a TV Tupi, que se apropriava da figura do índio – e fez uma ode à Globo e Roberto Marinho. Inacreditável…
Para completar, o programa foi encerrado com a marca da Globo da primeira metade dos anos 1970, que representava o canal principal e suas afiliadas:
Palmas para o Tá no Ar. É possível fazer humor sem apelação. Que venha a quinta temporada!