“Não nos suportávamos”: brigas marcaram bastidores da Escolinha

Escolinha do Professor Raimundo

Aproveitando o vácuo da Escolinha do Professor Raimundo, que foi tirada do ar pela Globo em 1995, a Record se uniu a Gugu Liberato e Elias Abrão, através, respectivamente, das produtoras GGP Produções e Câmera 5, e produziu uma versão genérica do humorístico.

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A Escolinha do Barulho tinha muitos alunos da versão da Globo, como Castrinho (Geraldo), César Macedo (Eugênio), David Pinheiro (Armando Volta), João Elias (Salim Muchiba), Jorge Loredo (Zé Bonitinho), Marcos Plonka (Samuel Blaustein), Mário Tupinambá (Bertoldo Brecha), Orival Pessini (Patrofi/Fofão), Paulo Cintura e Rony Cócegas (Galeão Cumbica), entre outros.

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Entre os professores, estavam Benvindo Sequeira, Dedé Santana, Gil Gomes e Miéle, além de convidados especiais – até o médico e político Enéas Carneiro chegou a dar aula.

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A trajetória do programa, no entanto, ficou marcada por diversas brigas e confusões. Criador da Escolinha original, Chico Anysio não gostou da nova versão e botou a boca no trombone.

“É um roubo. Eu não sou o dono de todas as escolinhas do mundo, mas é um absurdo eles usarem os mesmos personagens do programa da Globo. A maioria deles foi inventada por mim. Os meus redatores também estão irritadíssimos. Galeão Cumbica, papel de Rony Cócegas, e Armando Volta, de David Pinheiro, por exemplo, foram elaborados por mim”, esbravejou o humorista ao jornal O Globo de 24 de janeiro de 1999.

Cooperativa

Enquanto rolava a tropa de farpas pela imprensa, a imprensa destacava que o modelo de produção da nova Escolinha era diferente do que a Globo costumava usar. Foi formada uma cooperativa com os profissionais participantes, chamada de Artistas Unidos.

O contrato previa 264 programas, correspondentes a um ano de atividades. Alguns artistas eram sócios da atração, que era vendida para a Record – o canal pagava R$ 40 mil por episódio. E foi aí que começaram os problemas.

Em entrevista ao programa The Noite, do SBT, João Elias declarou que muitas brigas foram registradas nos bastidores.

“Tinha muita briga. Éramos alguns artistas, o Gugu e o Elias Abrão como sócios e o restante eram contratados. Era um transtorno toda reunião dessa sociedade porque artista não foi feito para pensar em dinheiro. Até que, um dia, eu pedi para sair e ser contratado pela cooperativa pela metade do preço. Não fizeram isso e me deixaram lá”, explicou.

Rixas pessoais

Além disso, existiam rixas entre os próprios humoristas, algumas vindas desde a época da Globo. Em outra entrevista, Fafy Siqueira reclamou dos bastidores da Escolinha do Professor Raimundo.

João Elias disse, por exemplo, que não se dava bem com Marcos Plonka, como ele mesmo relatou no The Noite:

“Éramos cabeça-dura. Fazíamos um show juntos e, certa vez, deixei ele sozinho no palco. A gente brigava muito e não nos suportávamos”.

A atração deu certo por um tempo, dobrando a audiência da Record, de cinco para 10 pontos, com exibição de segunda a sexta, às 21h15. Depois, foi cansando o público e perdeu fôlego.

O programa saiu do ar em 9 de julho de 2001. Cogitou-se na imprensa que a Escolinha iria para a RedeTV!, mas o acordo acabou não sendo fechado e a atração foi extinta.

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