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O sucesso da dupla Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins) é um dos grandes trunfos de Terra e Paixão. O improvável quase casal caiu nas graças do público e Walcyr Carrasco (agora com a ajuda de Thelma Guedes) vem dando cada vez mais destaque aos personagens.
No entanto, a novela das nove da Globo tem um outro par homoafetivo, tão bom quanto, que merecia o mesmo tratamento: Menah (Camilla Damião) e Mara (Renata Gaspar).
Amizade
As personagens despertaram interesse logo no começo da história por conta do nascimento da amizade entre elas.
Mara vive um casamento abusivo. Além de ser muito maltratada e desrespeitada, o marido (Elias – Lourinelson Vladimir) sempre costuma roubar parte do seu salário, já que ela ganha mais do que ele como motorista de caminhão.
Menah é professora da escolinha da fictícia Nova Primavera e se aproximou da então conhecida justamente por conta dos desabafos a respeito de seu relacionamento.
As duas estavam com um ótimo desenvolvimento e despertando cada vez mais atenção do público, incluindo as reações positivas nas redes sociais.
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Incômodo
Tanto que a amizade acabou originando um flerte mútuo, onde um novo sentimento se fez nitidamente presente. A aproximação cada vez maior despertou o incômodo de Jonatas (Paulo Lessa), irmão de Menah, e o ciúmes de Elias.
E Walcyr ainda ousou um pouco mais no núcleo quando inseriu uma nova personagem: Nina (Kizi Vaz). Isso porque, aos poucos, ficou subentendido que a agora recepcionista da pousada de Lucinda (Débora Falabella) viveu um relacionamento no passado com Mara e até hoje não superou o término. Ou seja, o autor criou um triângulo lésbico, ainda que implícito, em pleno horário nobre.
Porém, o destaque cada vez maior que se esperava não veio. Pelo contrário, Menah e Mara foram sumindo do enredo. Tanto que passaram semanas aparecendo muito pouco até que houve um breve reencontro que culminou no término de uma relação que ainda nem existia. Menah resolveu se afastar, após tantas negativas de Mara em colocar um ponto final no casamento.
Perderam espaço
Ficou evidente que as personagens perderam tempo de cena, o que inevitavelmente desperta uma desconfiança a respeito da interferência da cúpula da Globo, agora chefiada por Amauri Soares, que foi o responsável pelos vários cortes nos beijos doss casais homoafetivos em Vai na Fé, novela de sucesso de Rosane Svartman. É ele o responsável pela diminuição da importância da dupla?
Renata Gaspar e Camilla Damião estão ótimas na trama e a química está presente em todas as poucas aparições das atrizes. Camilla, aliás, é uma grata revelação da novela, assim como Diego Martins e Amaury Lorenzo. Curioso até que três das melhores surpresas do elenco estejam interpretando personagens LGBTQIAP+.
E novamente vale ressaltar que a construção da relação das personagens estava sendo muito bem realizada por Walcyr. Com a chegada de Thelma, tudo deveria ficar ainda melhor, até porque a autora (juntamente com Duca Rachid) foi muito feliz no desenvolvimento do casal Camila (Anaju Dorigon) e Valéria (Bia Arantes) em Órfãos da Terra (2019).
Mesmo destaque
Não é porque não são personagens cômicas que Menah e Mara merecem menos destaque que Kelvin e Ramiro. Até porque não houve qualquer rejeição a elas. Há tanta torcida quanto, basta que ocorra um maior destaque em cima da relação das duas.
É verdade que a novela vai até janeiro de 2024, portanto, tempo para que isso seja corrigido tem de sobra. Resta torcer para que Walcyr e Thelma aproveitem o ótimo casal que têm em mãos, incluindo o possível triângulo com a ex que está sempre por ali. As atrizes esbanjam talento e as personagens são bem construídas.
Que venha o merecido destaque porque os telespectadores estão no aguardo.