Nada se cria: Globo recorre a formatos que deram certo na concorrência
15/08/2022 às 17h15
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Não importa quantos anos a televisão tenha, ou quantos formatos inovadores possam existir no futuro, o programa de auditório sempre será uma atração importante e que atrai o público para o sofá.
O formato que aproxima o povo dos artistas passou por muitas modificações, deixando de ser espontâneo para se tornar algo mais ensaiado – e muitas vezes robótico. A Globo, que nunca teve em seu DNA o auditório, tenta se aproximar do público cada vez mais com quadros que deram certo em outros programas.
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O Caldeirão com Mion salvou as tardes de sábado da emissora que exibia o Caldeirão do Huck, uma atração assistencialista que mais parecia com propaganda política.
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Marcos Mion resgatou a alegria e o bom humor que a Globo havia perdido desde a morte de Chacrinha. Claro, o apresentador de hoje não substitui o Velho Guerreiro, mas segue a lógica de uma famosa frase: “Quem não se comunica, se trumbica”.
Reverência e cópia
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Um dos quadros que faz sucesso no novo Caldeirão é o Toque de Caixa. Famosos vão ao palco para, com os olhos vendados, colocar a mão em um recipiente e descobrir o que tem lá dentro. Em meio a gritos e sustos, o público se diverte com as reações dos artistas. Nesse ponto, o animador se comunica direto com o telespectador, que busca relaxar no sábado à tarde.
Mion, como bom fã dos programas de auditório dos anos 1980 e 1990, trouxe para a Globo o famoso quadro que alavancava a audiência do Domingo Legal, comandado por Gugu Liberato. Com uma condução divertida e debochada, Toque de Caixa caiu como uma luva no sábado, agradando o público que também se diverte com outra fórmula muito antiga – Caldeirola é o bom e velho Show de Calouros.
Já no Pipoca da Ivete, atração que tenta salvar as tardes de domingo do canal, é uma mistura de antigos e novos programas, deixando até mesmo a talentosa apresentadora sem personalidade. Em uma disputa entre famílias, o que não falta é torta na cara dos convidados. Isso foi motivo de piada e de críticas pela cópia de um concorrente…
É que o Passa ou Repassa, um verdadeiro sobrevivente da emissora de Silvio Santos, é exibido até hoje por Celso Portiolli e muitas vezes chega à liderança na audiência. Mas por que um quadro tão antigo dá certo no SBT e não na Globo? Simples: a espontaneidade é que manda.
Espontaneidade define o jogo
Portiolli, que tem o mesmo carisma do patrão, comanda um programa ao vivo, em que tudo pode acontecer, muitas vezes saindo do roteiro e divertindo o público. Ivete é uma ótima comunicadora, mas não adianta ser carismática a frente de um produto engessado e editado.
O que fica claro é que não importa se uma emissora recicla uma atração ou um quadro antigo, o que vale é a forma de se comunicar, mostrando que ali tudo é real e sem edição – o que não acontece no ‘Pipoca’.
Para Ivete Sangalo, formatos só atrapalham. Ela merecia um palco “limpo” e ao vivo, para mostrar todo o seu potencial. Já Marcos Mion não precisa provar nada. Ele sabe muito bem o que o público quer e sente falta. Seus anos ao lado de um produtor e apresentador como Gugu Liberato o ajudaram.