Escrita por Gloria Perez e estrelada por nomes como José Wilker, Christiane Torloni e Cassio Gabus Mendes, a minissérie Amazônia: de Galvez a Chico Mendes foi exibida entre janeiro e abril de 2007 na Globo. A trama quase ganhou uma reprise no Viva, mas o repeteco acabou engavetado.

Giovanna Antonelli em Amazônia: De Galvez a Chico Mendes
Giovanna Antonelli em Amazônia: De Galvez a Chico Mendes

A emissora foi impedida de reapresentar a produção em razão de um processo movido por familiares de Chico Mendes, personagem real que foi retratado na obra.

A viúva e os filhos do seringueiro alegaram que a emissora não tinha o direito de usar a imagem do ativista.

História do Acre

Com Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, Gloria Perez narrou a história do estado do Acre. A minissérie abordava a criação e a emancipação do território, por meio de personagens reais, e também valorizava a cultura e o folclore do local.

A trama era dividida em três fases. A primeira fase contava a história de Luis Galvez (José Wilker), enquanto a segunda etapa era centrada em Plácido de Castro (Alexandre Borges) e os irmãos Leandro (Dan Stulbach) e Augusto Rocha (Humberto Martins). Já a terceira fase narrava a trajetória do seringueiro Chico Mendes (Cassio Gabus Mendes).

A trama mostrava como Chico Mendes se tornou um importante ativista pela preservação ambiental, unindo seringueiros e indígenas numa luta pacífica, baseada no diálogo. Mas, em 1988, ele acaba sendo assassinado de forma brutal.

Reprise vetada

Cássio Gabus Mendes em Amazônia: De Galvez a Chico Mendes
Cássio Gabus Mendes em Amazônia: De Galvez a Chico Mendes

Em 2013, o canal Viva chegou a anunciar a reprise de Amazônia: de Galvez a Chico Mendes. No entanto, pouco tempo antes da estreia, a Globo cancelou a reexibição da minissérie.

De acordo com a Folha de S.Paulo, o veto se deu porque os familiares de Chico Mendes moviam um processo contra a emissora por conta da minissérie. Eles alegavam que a emissora fez uso indevido da imagem de Chico Mendes.

Em 2012, a Justiça do Acre havia condenado a Globo a pagar uma indenização por danos materiais. As ações foram ajuizadas pela viúva do seringueiro, Ilzamar Gadelha Bezerra Mendes, e pelos filhos do casal.

A Globo contestou os autores da ação, alegando que “retratou a participação da viúva e filhos por ser imprescindível para a narrativa” e informou que “se limitou apenas a reproduzir fatos nacionalmente conhecidos e amplamente divulgados”. Mas a Justiça decidiu que o dano material se configura pois a exploração da imagem de Chico Mendes dependia do consentimento de seus sucessores.

A pendenga segue até hoje e, além de não ter reprise, a minissérie não está disponível no Globoplay.

Outro caso

Mas Amazônia: de Galvez a Chico Mendes não é a única produção que a Globo não pode reprisar. O canal também não tem autorização para exibir novamente a segunda versão da novela Gabriela, escrita por Walcyr Carrasco para a faixa das 23h em 2012.

Isso porque os direitos da obra de Jorge Amado pertencem à Warner Bros. Discovery. A Globo negociou com a gigante internacional para produzir a novela, mas, no acordo, não estava prevista uma reprise ou exibição em outra plataforma.

Por isso, a novela estrelada por Juliana Paes não pode ser reexibida na Globo e nem no Viva. Além disso, a produção não pode ser disponibilizada no Globoplay. Trata-se da única “novela das onze” da Globo que não tem seus capítulos na plataforma.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor