A atriz Flávia Monteiro encantou crianças e adultos em trabalhos distintos. Ela viveu grandes momentos na TV, como na primeira versão de Chiquititas (1997). E também enfrentou tipos não tão marcantes, caso da Nalvinha de Pantanal (1990).

Nascida no Rio de Janeiro, em 14 de julho de 1972, Flávia iniciou sua carreira quando, após ver o anúncio de um teste no jornal, ganhou o papel principal de A Menina do Lado (1987). No filme de Alberto Salvá, ela protagonizou cenas ousadas ao lado de Reginaldo Faria. O desempenho nas telonas rendeu o prêmio de Atriz Revelação no Festival de Cinema de Gramado.

Em 1988, além de ingressar no teatro, ela participou de sua primeira novela, a clássica Vale Tudo. No ano seguinte, a artista transferiu-se para a Manchete, onde comandou o programa C&A Shopshow. A passagem pela dramaturgia da casa foi rápida. Nalvinha, namorada de Jove (Marcos Winter) no início de Pantanal, saiu de cena junto de Gustavo (José de Abreu), encerrando o núcleo do Rio de Janeiro.

Flávia Monteiro voltou à Globo em 1991, quando integrou o elenco de Salomé, produção de época das 18h. Após alguns episódios do Você Decide (1992), ela atendeu ao chamado do SBT, onde estreou no remake de um clássico da TV e da literatura.

Sucesso no canal de Silvio Santos

A atriz foi Lili em Éramos Seis (1994), regravação do texto desenvolvido por Rubens Ewald Filho e Silvio de Abreu para a Tupi com base no romance de Maria José Dupré. Na sequência, veio Sangue do meu Sangue (1995). O grande feito na casa, porém, se deu em 1997, numa parceria do SBT com a argentina Telefe.

Em Chiquititas, Flávia interpretou Carolina, responsável pelo orfanato Raio de Luz que, ao longo de cinco temporadas, abrigou meninos e meninas – talentos como Fernanda Souza, Carla Diaz, Débora Falabella, Bruno Gagliasso, Sthefany Brito e Kayky Brito, entre outros.

Em 2006, após novos trabalhos na Globo e no SBT, a artista assinou contrato de prazo longo com a Record. Desde então, acumula passagens por novelas e séries como Vidas Opostas (2006), A Lei e o Crime (2009), Ribeirão do Tempo (2010), Milagres de Jesus (2014), A Terra Prometida (2016), Sem Volta (2017) e Gênesis (2021).

Crise de ansiedade

No início de 2021, Flávia Monteiro passou por um momento delicado… Além de enfrentar o drama da Covid-19, que infectou seu esposo e sua filha, ela teve que lidar com uma crise de ansiedade.

“Sinto uma falta de ar, taquicardia e palpitação. Na época, estava sem contrato. Aquela coisa de falar ‘meu Deus, em casa com minha filha, me aproximando dos 50 anos, passei a repensar a vida, que projeto vem pela frente, o que eu quero fazer, é com isso que eu quero continuar’, sabe”, desabafou a atriz em entrevista ao site da jornalista Heloisa Tolipan, em 2 de janeiro de 2021.

“O mundo mudou muito com internet, redes sociais, imediatismo, agilidade… A tecnologia agilizou a nossa vida, mas demandou muito para a gente. Você tem que fazer tudo, controlar tudo e acaba não fazendo, nem controlando nada. Comecei a trabalhar isso na terapia. Vira e mexe me vem. Mas agora, vem um dia e passa, tipo quando fico pilhada, aí dá um curto-circuito”, completou.

Luta contra a depressão

Tempos depois, conforme relatou ao site O Fuxico, em 10 de agosto de 2021, Flávia lutou contra a depressão.

“Tive um retorno grande, muitas pessoas não sabiam que eu não estava muito bem. Estava sem paciência, raivosa, sem tolerância. Sumi, desapareci, deixei de atender telefone. Fiquei no meu casulo para entender o que estava acontecendo. Tive muito apoio dos amigos e familiares. Sabe aqueles amigos insistentes? Graças a Deus que existem essas pessoas que te tiram do fundo do poço”, relatou.

A declaração “humanizou” a atriz, que falou sem problemas dos conflitos que a afetaram, como todo e qualquer ser humano:

“A gente vende a família margarina, glamour, casal perfeito… Mas, dentro de cada pessoa tem um indivíduo que sofre, somos seres inconstantes, com altos e baixos, ama… Somos seres humanos como qualquer um. Agora, cabe a você (artista), tirar sua vaidade e dividir isso. Tem gente que não gosta de se expor. Temos que respeitar. Não importa o dinheiro, status, a carreira. A Covid está aí para provar isso. Somos iguais”.

Hoje, aos 50 anos, Flávia Monteiro prepara-se para retornar ao vídeo numa série para o Globoplay, plataforma de streaming da Globo, além de concluir o documentário Ana Botafogo – Uma Vida na Ponta dos Pés, que ela está produzindo há alguns anos.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor