Ícone de uma geração, a cantora Perla – popularmente conhecida como Perla Paraguaia – encantou os brasileiros cantando músicas românticas e versões em português de clássicos do grupo ABBA.

Perla

Longe dos holofotes, porém, a artista enfrentou um drama pessoal que a levou até às tentativas de suicídio. Ela foi vítima do ciúme excessivo e da violência física e psicológica do marido.

O início da carreira e o sucesso

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Nascida em Caacupé, Paraguai, em 17 de março de 1952, Perla demonstrou aptidão para música logo cedo. O pai e os cinco irmãos faziam espetáculos por todo o país. A vinda para o Brasil, no início dos anos 1970, mirava a carreira solo.

A cantora e compositora se instalou no Rio de Janeiro. Em meio às apresentações em casas noturnas, ela lançou o primeiro disco; o álbum de 1972 mesclava boleros e guarânias paraguaias.

O auge da popularidade se deu com a versão em português do hit Fernando, lançado pelo grupo sueco ABBA. O disco Palavras de Amor, que incluía a gravação, vendeu cerca de 15 mil cópias. A artista passou então a adaptar outras composições…

Tristeza sem fim

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Perla manteve-se em evidência durante toda a década de 1980, com shows e números em programas de TV. Ninguém imaginava, porém, que ela escondia o que se passava dentro da própria casa.

A cantora casou-se com João Reinaldo Rodrigues, herdeiro de uma família do Rio, pai de quatro filhos de relacionamentos anteriores. A união rendeu traumas que Perla carregou por todo a vida. Ela foi violentada por ele durante a lua de mel.

“Foi em Foz do Iguaçu. Ele me fez beber vinho e me pegou à força”, contou Perla em depoimento à revista Minha Novela, no qual também relatou outras brigas; em uma delas, João quase a jogou do décimo andar de um hotel.

Violência de todas as formas

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Em fevereiro de 2020, numa entrevista ao programa Sensacional, da RedeTV!, Perla fez novas revelações sobre o relacionamento abusivo. Ela permaneceu com João Reinaldo por 20 dias, até a morte dele um acidente automobilístico.

“Eu tinha que mentir para as pessoas, dizia que tinha caído, tropeçado… Ele falava que não ia fazer mais”, confidenciou, emocionada.

Toda a violência que sofreu dentro de casa levou a três operações no ouvido, perda de dentes e um quadro de depressão que acabou levando implicando nos atentados contra a própria vida:

“Foi me matando aos poucos. Tentei cinco vezes o suicídio”.

O domínio de Rodrigues levou, inclusive, às interrupções de várias gestações. Como ele administrava a carreira da esposa, Perla acabou impedida de engravidar, sendo submetida a abortos sem seu consentimento.

“Eu tinha que ficar bonitinha, com cinturinha, não podia ter barriga. (…) Ele me dopava e vinham os médicos para fazer curetagem”, detalhou.

Por onde anda Perla?

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Perla fugiu do marido criminoso, voltando a viver com a família no Paraguai durante determinado período. Ela retomou a carreira em 1999, com o CD Especialmente Para Você. Em 2002, com auxílio do pesquisador Rodrigo Faour, ela voltou aos holofotes com o álbum Perla Canta ABBA.

Aos 70 anos, a atrista leva uma vida discreta. Ela reside em uma chácara na Granja Viana, Grande São Paulo. Perla, que realizou o sonho de ser mãe adotando uma menina que leva seu nome, segue fazendo shows pelo país. Após tantos episódios de violência, ela busca apenas por tranquilidade e saúde.

“O dinheiro para mim é bom, mas tudo que é demais não tem graça. Essa é minha ideologia em relação ao dinheiro. A minha parada é ter saúde para continuar subindo no palco e cantar. Quando estou no show é como se estivesse no altar. Tenho muito respeito pelo meu público e meu trabalho. Sou muito grata a isso. Essa é a minha maior riqueza. Moro no mato. Levo uma vida simples em meio à natureza”, declarou ela a revista Quem, em outubro de 2021.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor