A atriz Tamara Taxman, que se destacou por seus trabalhos na Globo e na extinta Manchete, confessa que ficou esquecida pelas novelas.

Tamara Taxman

A artista, que pode ser vista há alguns anos no infantil D.P.A. – Detetives do Prédio Azul no Gloob, revelou que chegou a trabalhar como animadora de festas infantis para poder sobreviver durante a pandemia da Covid-19.

Trabalhos marcantes

Tamara Taxman

Atualmente com 76 anos, Tamara Taxman foi, durante as décadas de 1970 e 1980, uma das atrizes mais requisitadas para o elenco das novelas da Globo.

Seu primeiro trabalho na emissora foi como a Lena, empregada de Simone (Regina Duarte) na primeira versão de Selva de Pedra, em 1972.

Ainda nesse período, ela atuou em Uma Rosa com Amor (1972), Fogo Sobre Terra (1974), Vejo a Lua no Céu (1976), À Sombra dos Laranjais (1977) e Sinal de Alerta (1978).

Na década seguinte, ela se destacou ao participar de duas novelas das oito de grande audiência: Água Viva (1980), como Selma; e Sétimo Sentido (1982), como Gisa. Ainda na Globo, ela fez Um Sonho a Mais (1985) e De Quina pra Lua (1986).

Tamara Taxman - O Fim do Mundo
Divulgação

Em 1989, transferiu-se para TV Manchete onde atuou em Kananga do Japão e em A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990), na qual ficou marcada ao interpretar a maldosa Dolores Estrada.

Retornou à Globo em 1995, quando fez Malhação. Depois, esteve em O Fim do Mundo (1996) e nas minisséries Aquarela do Brasil (2000) e O Quinto dos Infernos (2002).

A partir de então, a artista passou a fazer pequenas participações em produções do canal, com destaque nas tramas de Senhora do Destino (2004), Páginas da Vida (2006), Ciranda de Pedra (2008) e Insensato Coração (2011).

Esquecimento

Tamara Taxman
Divulgação

Entre 2012 e 2018, Tamara interpretou a bruxa Leocádia da série D.P.A – Detetives do Prédio Azul, no canal Gloob. Leocádia se tornou tão popular entre o público infantil que a veterana atriz acabou encontrando uma nova possibilidade de trabalho, chegando a participar de festas infantis, onde encarnava a personagem.

“É um novo mercado, e faço na maior felicidade. Tiro foto, converso, só não vou caracterizada. Não precisa. A personagem já está imbuída em mim”, afirmou ela, em entrevista ao jornal O Globo em 4 de dezembro de 2016.

Apesar de ter permanecido no elenco da série desde sua estreia até o ano de 2018, a artista chegou a fazer um apelo em seu perfil nas redes sociais pedindo mais oportunidades de trabalho.

“Quantas pessoas vocês conhecem que estão esquecidas? Eu já fui muito esquecida. Tinha gravado toda a atual temporada do D.P.A que ainda iria demorar para estrear, e ficaria meses sem trabalho. As pessoas sabiam que eu estava no programa, mas enquanto isso estava em casa desempregada, triste e sem dinheiro. Muita gente fica horrorizada quando sabe que passei por problemas. Mas, se você não trabalhar, vai ficar sem dinheiro e até sem saúde”, desabafou.

Após o pedido, a atriz acabou sendo chamada para gravar uma participação em Rock Story (2016), trama das 19h escrita por Maria Helena Nascimento. No folhetim, ela interpretou a dona de um salão que ajuda Júlia (Nathalia Dill) a incriminar o golpista Alex (Caio Paduan).

“Vai ser bom mostrar um personagem para o público adulto depois de tanto tempo interpretando para o público infantil”, contou.

Driblando os problemas financeiros

Tamara Taxman em Rock Story
Reprodução/TV Globo

Em 2020, devido à crise sanitária da pandemia de Covid-19, a atriz, que se encontra afastada da televisão, vem se dedicando a um novo ofício e de forma autônoma.

Ela tem recebido encomendas para elaborar e gravar, em áudio, histórias para o público infantil. Essas histórias são contadas do ponto de vista do seu papel da série D.P.A. São narrativas personalizadas para cada criança, que a recebe por meio do WhatsApp dos pais.

“Descobri algo que me faz feliz. E as crianças são muito carinhosas. Elas sempre fazem questão de demonstrar que me adoram”, contou ela, em depoimento ao jornal O Globo em 22 de dezembro de 2020.

Tamara cobra cerca de R$ 150 para criar a trama com duração de cinco minutos, e que são enviadas com uma ilustração exclusiva.

“O D.P.A. abriu um caminho bom para mim. Com a pandemia, tudo fechou… E aí pensei: como viver? Não sou rica, e trabalho para me sustentar. Comigo funciona assim. Tento sobreviver do jeito que dá. Se não tivesse o on-line, a gente estaria mais doido do já está. Isso nos salvou, né?”, completou.

“Não quero saber mais de trabalhar com adultos”, concluiu.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor