Fez barulho na imprensa a saída de Cátia Fonseca, apresentadora do programa Mulheres, da Gazeta. Ela, que esteve no programa por 14 anos e se tornou uma das principais figuras da emissora da Avenida Paulista, tomou a decisão para apresentar uma atração vespertina na Band. Entretanto, não é a primeira vez que ocorre uma troca de comando no Mulheres, a atração mais antiga da televisão voltada ao público feminino.

Nos anos 1970, o principal programa feminino da Gazeta era o Clarice Amaral em Desfile, atração de variedades que seguia o mesmo estilo do Mulheres: entrevistas, dicas de culinária, moda, música, entre outros assuntos. Foi ali que o estilista Ronaldo Ésper apareceu pela primeira vez na televisão e foram criadas as primeiras ações de merchandising em um programa de variedades.

O prestígio de Clarice não impediu que o programa saísse do ar, em 1980, após uma grande mudança na programação da Gazeta. Ela foi dispensada da emissora e a direção criou o Mulheres em Desfile, que seria apresentado por Ione Borges e Ângela Rodrigues Alves.

Ione era coordenadora de moda do Mappin e tinha um quadro fixo no programa de Clarice. Já a jornalista Ângela Rodrigues ficou alguns meses no comando do programa, saiu e deu lugar a Claudete Troiano, cria do Canal 11. Assim, nascia uma dupla de “parceirinhas” que ficaria mais de 15 anos no ar.

Em 1990, o Mulheres em Desfile se tornou apenas Mulheres. O programa foi conquistando o público feminino e trazendo bons índices de audiência para a Gazeta. O sucesso era visível em sua famosa festa de aniversário: realizada ao vivo no Anhembi, as apresentadoras recebiam o elenco da casa e cantores e bandas que estavam no auge.

Na primeira festa, havia uma preocupação em não lotar o ginásio e, por isso, houve até um plano para espalhar as pessoas presentes e filmar imagens fechadas. Porém, a estratégia não foi necessária, pois o público lotou o auditório e a festa foi um sucesso, mantendo-se por muitos anos no ar.

Em 1996, Claudete saiu do programa e ganhou uma atração própria, deixando apenas Ione no comando. Mas, em 1999, a apresentadora voltou ao Mulheres e foi Ione quem ganhou sua própria atração. Nessa época, o programa buscava o popularesco para alcançar bons índices de audiência: Leão Lobo trazia as fofocas e Xenia Bier fazia seus comentários polêmicos.

Um dos fatos marcantes dessa época foi a entrevista de um ex-paquito que virou pastor e afirmava que ele e grande parte da equipe do Xou da Xuxa havia feito um pacto com o demônio. O assunto foi amplamente explorado.

Não era apenas o sensacionalismo que fazia sucesso: toda sexta-feira, o programa realizava um “churrasco na laje” da emissora, trazendo cantores e grupos populares, com brincadeiras e entrevistas.

Claudete foi para a Record em outubro de 2000, deixando a vaga de apresentadora para Marcia Goldschmidt, recém-saída do SBT, que comandou o programa juntamente com Leão Lobo. Mesmo com a boa audiência, a dupla de apresentadores saiu da Gazeta e foi rumo à Band. Mais uma vez o programa ficava órfão em pouco tempo.

A ideia da emissora era continuar com uma dupla de apresentadores e Clodovil Hernandes e Christina Rocha assumiram esse papel. A parceria não deu muito certo, tinham muitos desentendimentos e Christina saiu do programa, deixando Clodovil sozinho na apresentação. Ele moldou a atração ao seu estilo, mudando o formato em muitos aspectos.

Clodovil foi para o horário nobre, deixando o comando para Cátia Fonseca. Ela trouxe de volta o estilo do programa: totalmente voltado aos assuntos femininos e com bom humor. Ao lado de Mamma Bruschetta, personagem do ator Luiz Henrique, trouxe uma nova cara à atração vespertina. No comando do Mulheres, ela ganhou credibilidade como apresentadora, sendo um nome que atraía bons anunciantes e se tornou, ao lado de Ronnie Von, o principal nome da Gazeta.

A saída de Cátia é mais uma mudança que o programa enfrenta em seus 37 anos de vida. Regina Volpato é o nome ideal para o Mulheres: ela poderá trazer qualidade à atração, mantendo o estilo alegre e descontraído deixado por Cátia Fonseca.

Vida longa ao Mulheres!


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor