Muito antes de Ratinho, roedor italiano conquistou o Brasil na Globo

Muito antes de Ratinho se destacar nas telas da Record e do SBT, outro roedor conquistou o Brasil entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Um dos maiores ícones infantis de todos os tempos, Topo Gigio marcou época no Brasil e no mundo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O ratinho foi criado em 1958, na Itália. Surgindo das mãos da artista María Perego, o meigo boneco fez sua primeira aparição televisiva no ano seguinte, no programa Alta Fedeltà. Sua personalidade agradava aos pais, trazendo sempre conselhos para que crianças aprendessem conceitos como respeito, educação e boa convivência, além de ensinar os telespectadores a rezar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O personagem era manipulado por quatro pessoas, tendo 25 centímetros de altura e inovando em seus movimentos, uma vez que o comum era que tais bonecos fossem mais rígidos, sendo interpretados por apenas um manipulador.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

Assim, Topo Gigio foi se tornando figura famosa em diversas atrações da TV italiana, como Storie di topo Gigio, Carosello e também em filmes, como Le avventure di Topo Gigio. Além disso, o mascote também ganhou animações, como o anime Bentornato Topo Gigio, coprodução entre Itália e Japão. Em uma tradição que continua até hoje, Topo Gigio passou também a fazer participações em festivais de música, competições recorrentes na televisão italiana.

Mas o passo fundamental para o estrelato mundial foi o tradicional The Ed Sullivan Show, famoso programa de auditório transmitido pela CBS entre os anos de 1948 e 1971. Na atração, o boneco estreou em 1962, se tornando um fenômeno nos Estados Unidos.

Outro ícone da televisão a contracenar com o ratinho foi Roberto Gómez Bolaños (1929-2014), no ano de 1979. Interpretando o Doutor Chapatin, o mexicano recebeu o mascote em seu programa.


Sucesso no Brasil

No Brasil, sua primeira aparição foi no programa Mister Show, exibido pela Globo a partir de 1969. Estreando no dia 9 de maio aquele ano, era dublado pelo italiano Pepino Mazzullo, que não sabia português e decorava as frases a serem ditas apenas de maneira fonética.

Dividindo o palco com o humorista Agildo Ribeiro (1932-2018), fez grande sucesso, transformando seu parceiro em uma grande celebridade. Com a atração sendo exibida em horário nobre (quintas-feiras, às 20h30), começava uma grande mania nacional, com o ratinho sendo visto em uma infinidade de produtos licenciados, como bonecos, roupas e revistas. Naquela época, o ratinho ainda contracenava com outra grande estrela: Regina Duarte, recém-contratada pela Globo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Na atração global, o boneco também ganhou uma nova companheira, a ratinha Rose, sua namorada. Topo Gigio também fez muito sucesso na indústria fonográfica, uma vez que sempre cantava e dançava em suas aparições. Naquele mesmo ano de 1969, um compacto duplo foi recorde de vendas, trazendo o ratinho cantando a música Meu Limão, Meu Limoeiro.

Já em 1970, outro apresentador assumiu o Mister Show, passando a contracenar com o boneco: Luiz Carlos Miele (1938-2015). Apesar do sucesso, o personagem saiu do ar tendo seu próprio programa, Topo Gigio Especial, que terminava em 6 de fevereiro de 1971. Em seu último episódio, o rato se despediu do Brasil, indo embora com malas em mãos, o que deixou grande saudade no público.


Retorno através da Band

Em 1983, o personagem ressurgiu no programa Boa Noite, Amiguinhos, produzido pela Bandeirantes. Embora não tenha tido muita repercussão, essa fase é lembrada pelo fato de que a atração também trazia os bonecos da Turma da Fofura, criação do desenhista Ely Barbosa (1939-2007).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Então, em 1987, a Band investiu de novo no mascote. Nesta versão, o ratinho contracenava com o ator Ricardo Petraglia, chamado de Dick Petra. Seguindo a tradição, o boneco trazia lições de ecologia, higiene e cidadania, entre outros temas. Nesta fase, era dublado por Cassiano Ricardo e manipulado por Laert Sarrumor. Em seus textos, o personagem citava personalidades da época, como Ronald Reagan (1911-2004) e Mikhail Gorbachev.

Aproveitando o sucesso, em 1989 a emissora também produziu um filme com o ratinho, disponibilizado em VHS: Topo Gigio – No Castelo do Conde Drácula. Acompanhado pela atriz Samantha Monteiro, o boneco viajava no tempo e conhecia o temido Conde Drácula.

Em 1992, Topo Gigio contracenou com Xuxa, durante a investida da apresentadora no mercado televisivo da Espanha. O ratinho participava da versão espanhola do Xuxa Park, exibida pela Tele 5.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


No ano de 2000, a Globo tentou trazer o personagem de volta. O projeto era colocar Topo Gigio no elenco do humorístico Zorra Total, ideia que não foi concretizada devido aos altos custos de licenciamento do boneco.

Em 2014, a empresa brasileira Sato Company comprou os direitos de representação do personagem e anunciou que tentaria emplacá-lo novamente na TV, algo que não foi concretizado até agora. Um ano depois, em 2015, o mascote foi homenageado por outro rato famoso, sendo alvo de uma reportagem do Programa do Ratinho.

A criadora de Topo Gigio, María Perego, morreu em 8 de novembro de 2019, aos 95 anos, após sofrer um infarto em sua casa, em Milão. “É com grande dor que anunciamos a morte da criadora do famoso personagem Topo Gigio. Maria Perego foi uma embaixadora excepcional da criatividade italiana, Topo Gigio tomava vida de suas mãos e com ela viajou para os países de todo o mundo. Foi uma trabalhadora incansável e trabalhou até o final em tantos novos projetos, uma nova série de desenhos animados de Topo Gigio e muito mais. Maria Perego e Topo Gigio seguirão vivos. Vamos sentir muito sua falta. Descanse em paz”, escreveu, em homenagem, o perfil oficial do personagem.

Autor(a):

Sair da versão mobile