Muito antes de Ratinho, roedor italiano conquistou o Brasil na Globo

06/02/2021 às 0h06

Por: Redação
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Muito antes de Ratinho se destacar nas telas da Record e do SBT, outro roedor conquistou o Brasil entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Um dos maiores ícones infantis de todos os tempos, Topo Gigio marcou época no Brasil e no mundo.

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O ratinho foi criado em 1958, na Itália. Surgindo das mãos da artista María Perego, o meigo boneco fez sua primeira aparição televisiva no ano seguinte, no programa Alta Fedeltà. Sua personalidade agradava aos pais, trazendo sempre conselhos para que crianças aprendessem conceitos como respeito, educação e boa convivência, além de ensinar os telespectadores a rezar.

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O personagem era manipulado por quatro pessoas, tendo 25 centímetros de altura e inovando em seus movimentos, uma vez que o comum era que tais bonecos fossem mais rígidos, sendo interpretados por apenas um manipulador.

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Assim, Topo Gigio foi se tornando figura famosa em diversas atrações da TV italiana, como Storie di topo Gigio, Carosello e também em filmes, como Le avventure di Topo Gigio. Além disso, o mascote também ganhou animações, como o anime Bentornato Topo Gigio, coprodução entre Itália e Japão. Em uma tradição que continua até hoje, Topo Gigio passou também a fazer participações em festivais de música, competições recorrentes na televisão italiana.

Mas o passo fundamental para o estrelato mundial foi o tradicional The Ed Sullivan Show, famoso programa de auditório transmitido pela CBS entre os anos de 1948 e 1971. Na atração, o boneco estreou em 1962, se tornando um fenômeno nos Estados Unidos.

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Outro ícone da televisão a contracenar com o ratinho foi Roberto Gómez Bolaños (1929-2014), no ano de 1979. Interpretando o Doutor Chapatin, o mexicano recebeu o mascote em seu programa.


Sucesso no Brasil

No Brasil, sua primeira aparição foi no programa Mister Show, exibido pela Globo a partir de 1969. Estreando no dia 9 de maio aquele ano, era dublado pelo italiano Pepino Mazzullo, que não sabia português e decorava as frases a serem ditas apenas de maneira fonética.

Dividindo o palco com o humorista Agildo Ribeiro (1932-2018), fez grande sucesso, transformando seu parceiro em uma grande celebridade. Com a atração sendo exibida em horário nobre (quintas-feiras, às 20h30), começava uma grande mania nacional, com o ratinho sendo visto em uma infinidade de produtos licenciados, como bonecos, roupas e revistas. Naquela época, o ratinho ainda contracenava com outra grande estrela: Regina Duarte, recém-contratada pela Globo.

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Na atração global, o boneco também ganhou uma nova companheira, a ratinha Rose, sua namorada. Topo Gigio também fez muito sucesso na indústria fonográfica, uma vez que sempre cantava e dançava em suas aparições. Naquele mesmo ano de 1969, um compacto duplo foi recorde de vendas, trazendo o ratinho cantando a música Meu Limão, Meu Limoeiro.

Já em 1970, outro apresentador assumiu o Mister Show, passando a contracenar com o boneco: Luiz Carlos Miele (1938-2015). Apesar do sucesso, o personagem saiu do ar tendo seu próprio programa, Topo Gigio Especial, que terminava em 6 de fevereiro de 1971. Em seu último episódio, o rato se despediu do Brasil, indo embora com malas em mãos, o que deixou grande saudade no público.


Retorno através da Band

Em 1983, o personagem ressurgiu no programa Boa Noite, Amiguinhos, produzido pela Bandeirantes. Embora não tenha tido muita repercussão, essa fase é lembrada pelo fato de que a atração também trazia os bonecos da Turma da Fofura, criação do desenhista Ely Barbosa (1939-2007).

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Então, em 1987, a Band investiu de novo no mascote. Nesta versão, o ratinho contracenava com o ator Ricardo Petraglia, chamado de Dick Petra. Seguindo a tradição, o boneco trazia lições de ecologia, higiene e cidadania, entre outros temas. Nesta fase, era dublado por Cassiano Ricardo e manipulado por Laert Sarrumor. Em seus textos, o personagem citava personalidades da época, como Ronald Reagan (1911-2004) e Mikhail Gorbachev.

Aproveitando o sucesso, em 1989 a emissora também produziu um filme com o ratinho, disponibilizado em VHS: Topo Gigio – No Castelo do Conde Drácula. Acompanhado pela atriz Samantha Monteiro, o boneco viajava no tempo e conhecia o temido Conde Drácula.

Em 1992, Topo Gigio contracenou com Xuxa, durante a investida da apresentadora no mercado televisivo da Espanha. O ratinho participava da versão espanhola do Xuxa Park, exibida pela Tele 5.

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No ano de 2000, a Globo tentou trazer o personagem de volta. O projeto era colocar Topo Gigio no elenco do humorístico Zorra Total, ideia que não foi concretizada devido aos altos custos de licenciamento do boneco.

Em 2014, a empresa brasileira Sato Company comprou os direitos de representação do personagem e anunciou que tentaria emplacá-lo novamente na TV, algo que não foi concretizado até agora. Um ano depois, em 2015, o mascote foi homenageado por outro rato famoso, sendo alvo de uma reportagem do Programa do Ratinho.

A criadora de Topo Gigio, María Perego, morreu em 8 de novembro de 2019, aos 95 anos, após sofrer um infarto em sua casa, em Milão. “É com grande dor que anunciamos a morte da criadora do famoso personagem Topo Gigio. Maria Perego foi uma embaixadora excepcional da criatividade italiana, Topo Gigio tomava vida de suas mãos e com ela viajou para os países de todo o mundo. Foi uma trabalhadora incansável e trabalhou até o final em tantos novos projetos, uma nova série de desenhos animados de Topo Gigio e muito mais. Maria Perego e Topo Gigio seguirão vivos. Vamos sentir muito sua falta. Descanse em paz”, escreveu, em homenagem, o perfil oficial do personagem.

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